22/08/2023
Educação Guarapuava

Acadêmica de Guarapuava recebe menção honrosa por pesquisa sobre estupro

Luzia Boris investigou dados sobre este crime, em São Paulo. Uma nova pesquisa deve estudar Guarapuava

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Luzia Vanessa Boris, acadêmica do curso de Ciências Biológicas da Faculdade Guairacá, em Guarapuava, recebeu menção honrosa pela produção de um trabalho científico, na cidade paulista de Ribeirão Preto. O prêmio foi conquistado durante sua participação no Simpósio de Criminal Profiling e Análise Criminal Comportamental (V Simpocrime), promovido pelo Instituto Paulista de Estudos Bioéticos e Jurídicos (IPEBJ), no fim de abril.

A acadêmica Luzia e sua professora orientadora Vanessa Falchetti Lopes (Foto: Ascom)

No evento, Luzia apresentou o trabalho ‘Dados Epidemiológicos com Relação ao Crime de Estupro da Cidade de Ribeirão Preto-SP: Revisão Bibliográfica’, orientado pela professora Vanessa Falchetti Lopes. O trabalho foi avaliado por membros da instituição, além de convidados especiais como o delegado titular Claudio Luiz Gois da Silva, da Delegacia de Antissequestro do Rio de Janeiro. De acordo com Luzia, estudantes de 17 estados do Brasil participaram do evento.

“Foi uma honra para mim participar desse evento extraordinário, que teve mais de 400 participantes. Todos os coordenadores eram da área criminal e  com muita experiência, o que me motivou ainda mais a gostar dessa área de estudo”, conta a acadêmica.

Dentre todos os trabalhos apresentados no Simpósio, apenas o de Luzia e de uma estudante de outro Estado foram escolhidos para receber o Certificado de Menção Honrosa. Além disso, elas terão a pesquisa publicada na Revista Brazilian Journal of Forensic Sciences Medical Law and Bioethics-BJFS, em forma de artigo científico.

Investigando o cenário paulista, Luzia constatou a ocorrência de 30 casos de estupro por dia no Estado. Em Ribeirão Preto, a pesquisa apontou que a cada 10 horas um crime de estupro ocorre na cidade. Três tipos foram classificados na pesquisa: consumado, tentado e vulnerável.

A pesquisadora, que é natural de Reserva do Iguaçu, está cursando o último período de sua graduação. Segundo ela, a escolha da temática e da cidade a ser estudada partiu de uma carência de produções científicas sobre o assunto na região.

“Para a escolha do tema tive a ajuda de perito criminal Gustavo Garcia, que atua em São Paulo. Meu primeiro contato com ele foi em um curso que fiz no dia em março deste ano, sobre Perícia Criminal, em Curitiba. Ele falou que no estado paulista faltavam estudos sobre o crime de Estupro e Vitimologia. Me animei e comecei a fazer a pesquisa. Escolhi Ribeirão Preto, pois o simpósio aconteceu lá e o interesse para eles seria maior”.

Além da menção honrosa, Luzia também publicará um arquivo científico sobre a pesquisa (Foto: Luzia Vanessa Boris/ arquivo pessoal)

Honrada por receber tal reconhecimento com o trabalho, Luzia relata que já está trabalhando em novos estudos, a partir de uma perspectiva e aplicação local.

“Já comecei a fazer outra pesquisa, agora sobre o Paraná, com foco principal em Guarapuava. Estou fazendo um levantamento parecido com o que eu fiz em Ribeirão. Nos últimos seis anos estou verificando a porcentagem de crimes de estupros ocorridos no Paraná e vou comparar com dados de Guarapuava. Quero fazer também o estudo de Vitimologia. Um exemplo é pegar o tipo de estupro de vulnerável, que ocorre com menores de 14 anos e pessoas com deficiência, vítimas fatais, e fazer um estudo do perfil dos agressores e do perfil das vítimas”.

A pesquisadora ressalta a grande incidência desses tipos de crime envolvendo os próprios familiares. De acordo com Luzia, índices dos últimos seis anos em Guarapuava serão estudados para averiguar possíveis quedas na porcentagem e relacionar esse universo como um todo, na cidade. Pela proximidade, a pesquisa da estudante aplicada à Guarapuava deve ser ainda mais completa do que a premiada recentemente.

“Em Ribeirão Preto eu não consegui fazer a parte da Vitimologia pois teria que passar um tempo longo lá. Aqui, as informações são mais acessíveis. Poderei comparecer na Delegacia Civil, no Instituto Médico Legal (IML) e até nós próprios hospitais que recebem vítimas desses crimes”.

Cristina Esteche

Jornalista

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