Entre três e quatro casos por semana. Esta é uma quantidade aproximada de atendimentos realizados no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), de Guarapuava, sobre casos de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Para discutir o tema, integrar as redes de proteção e definir mais medidas de cuidados com as vítimas e famílias, ocorre nesta sexta feira (18), na Faculdade Guairacá, o “Dia D” para o combate aos crimes sexuais contra menores.
De acordo com Luciele Henrique, coordenadora da Proteção Especial em Guarapuava, a quantidade de casos de abuso e exploração sexual atendidos no município ainda é imprecisa devido à dificuldade no cruzamento de atendimentos.
“Nós temos apenas uma média porque hoje os dados não batem. Temos dados que vem para o atendimento, dados do registro em boletins de ocorrência e dados do que é encaminhado para o Conselho Tutelar. Por ser um processo moroso, existe essa dificuldade em cruzar as informações de cada um”. Uma forma de solucionar este impasse, inclusive, é um dos assuntos debatidos no encontro de hoje em Guarapuava. O evento foi dividido em duas partes: mesa redonda para debate e palestras para os profissionais.
“O Dia D é voltado apenas aos profissionais que integram toda essa rede de acolhimento e proteção. Na do ano passado, por exemplo, surgiu que não tínhamos protocolo de atendimento. Este problema foi solucionado a partir daí. Deste encontro surgiu também uma guia de atendimento, onde estão reunidas todas as entidades que trabalham na área da criança e do adolescente”.
SINAIS
De acordo com Luciele, é importante que famílias estejam atentas aos sinais que as vítimas de abuso dão. Além disso, também é essencial que as pessoas próximas às crianças e adolescentes não desacreditem suas reclamações.
“A gente está trabalhando muito essa questão do desacreditar a criança. Muitos adultos não levam em consideração o que eles falam justamente por acharem que é mentira, ou até um exagero. E não é bem assim. Elas precisam ser ouvidas”.
Alguns dos sinais dados por vítimas de violência estão ligados à ausência de cuidados com a saúde, alimentação e higiene. Sexualização da criança ou retraimento também são sinais.
“A gente trabalha de uma forma integrada, tanto com a vítima quanto com a família. Muitas pessoas ainda não sabem que até o olhar de uma maneira diferente também é um tipo de abuso”.
Denúncias de exploração ou abuso sexual de crianças e adolescentes podem ser feitas pelo Disque 100, ou também para o Conselho Tutelar.