A negligência na área de segurança do trabalho, tanto por parte de trabalhadores, mas, principalmente dos empregadores, tem números e são alarmantes, resultado. De acordo com o último levantamento realizado pelo Ministério da Previdência Social, cerca de sete brasileiros perdem a vida todos os dias em acidentes de trabalho no Brasil, totalizando uma média de 2.500 óbitos a cada ano no país.
Esses números colocam o Brasil na quarta posição mundial em relação a quantidade de mortes, perdendo apenas para a China, os Estados Unidos e a Rússia, segundo dados divulgados recentemente pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
No Paraná não é diferente. Dados repassados ao Portal RSN pelo coordenador do curso técnico em segurança no trabalho do Colégio Ana Vanda Bassara, em Guarapuava, o engenheiro Sergio Augusto Onofre, mostra que em 2013, foram registrados 52,5 mil acidentes, número que em 2014 subiu para 53 mil. Em 2015, porém, este número caiu para 47 mil.
O setor mais vulnerável, de acordo com a estatística, é o da construção civil, com 1.450 registro (2013), reduzindo para 1, 2 mil (2014) e mil em 2015.
“Houve uma redução de 30% porque há uma preocupação com a segurança nessa área”. Segundo o professor, outra evolução apresentada na redução de acidentes de trabalho é no setor madeireiro, com 450 em 2013, 337 em 2014 e 280 em 2015, o equivalente a quase 50% nas ocorrências.
Porém, em obras e infraestrutura – que é o caso da morte de Laurival Rodrigues Lopes, ex-funcionário da SURG que morreu durante desabamento de terra na segunda feira (21) – , embora os números sejam baixos, os índices se mantiveram no período.
“Foram 41 em 2013, 33 em 2014 e 34 em 2015 no Paraná”. De acordo com Sergio Onofre, a preocupação nessa área é muito menor porque as atividades são no chão.
Porém, no caso da morte do funcionário da SURG e em outros, a negligência se faz presente. “Conforme as normas em qualquer buraco que tenha de 1,5 metro para cima a exigência é de que sejam feitas paredes laterais com tábuas ou aço, por um responsável técnico pela obra, para escorar e evitar acidentes”. Também é necessário que haja cursos de capacitação para pessoas que trabalham em espaços confinados.
A análise desses dados é importante pois demonstra que o número de acidentes de trabalho continua bastante elevado, e que o Brasil ainda carece de uma política de prevenção mais abrangente e eficaz, que seja capaz de mobilizar tanto funcionários como também empregadores para essa causa.
Além de poupar vidas e sequelas em trabalhadores que deixam o mercado formal por falta de segurança no trabalho, a obediências às normas, também evita prejuízos financeiros. Segundo pesquisa feita por Sergio Onofre, entre 2013 e 2015, o Brasil gastou R$ 26 bilhões só no pagamento de pensões e aposentadorias por invalidez decorrentes de acidentes de trabalhos.
Em 2014, uma madeireira de Guarapuava, desembolsou R$ 1,3 milhão pela morte de um funcionário numa prensa. “A empresa teria um custo de R$ 50 mil para estar dentro da norma exigida para essa atividade para a prevenção de acidentes”.