22/08/2023
Política

Máfia saqueou a Assembleia do Paraná de forma sistemática”, diz Dr. Rosinha

Da redação (com assessoria) –  Em discurso de mais de 20 minutos realizado na tarde desta quinta-feira (13) na tribuna da Câmara dos Deputados, Dr. Rosinha (PT-PR) abordou o escândalo de corrupção na Assembleia Legislativa do Paraná.
"Sob a presidência do DEM e do PSDB, uma máfia saqueou de forma sistemática a Assembleia Legislativa do Paraná", afirmou Dr. Rosinha. "Nas últimas décadas, dezenas ou centenas de milhões de reais foram desviados."
Presidida desde 2007 pelo deputado estadual Nelson Justus (DEM), a Assembleia foi comandada pelo tucano Hermas Brandão entre os anos de 2001 e 2006.
O deputado federal petista criticou o fato de, até agora, nenhum integrante das direções nacionais do PSDB ou do DEM ter se manifestado a respeito do assunto. "Seria importante que os dirigentes demotucanos se manifestassem."
O escândalo da Assembleia é marcado por desvios de recursos públicos, contratação de funcionários fantasmas, uso sistemático de laranjas, supersalários, concessões de férias e aposentadorias de forma irregular, entre outros crimes.
Em seu pronunciamento, Dr. Rosinha elogiou o trabalho de investigação realizado por jornalistas que trabalham na emissora RPC-TV e no jornal "Gazeta do Povo". "A série "Diários Secretos" é o exemplo mais isento e relevante de jornalismo investigativo registrado nos últimos anos no Paraná", avaliou.
Dr. Rosinha, que exerceu mandato de deputado estadual entre 1991 e 1998, disse que sempre houve suspeita de corrupção na Assembleia do Paraná, mas que a bancada do PT sequer conseguia obter respostas a seus pedidos de informações. Primeiro deputado estadual petista no Paraná, Pedro Tonelli protocolou o primeiro pedido a respeito, na década de 1980, que jamais seria respondido.
"Como alguém, com salário da Assembleia do Paraná, é dono de uma fazenda que vale R$ 50 milhões e de 73 carros?", questionou o parlamentar petista, referindo-se a Abib Miguel, ex-diretor-geral do Legislativo e ex-braço direito do falecido deputado estadual Aníbal Khury, morto em 1999. Abib Miguel montou uma rede de familiares e amigos dentro da Assembleia através da qual desviou mais de R$ 11 milhões dos cofres públicos.
Dr. Rosinha citou em seu discurso exemplos de um taxista e um garçom que, sem jamais terem trabalhado na Assembleia, receberam mais de R$ 1 milhão em depósitos cada. E da ex-mulher e de duas filhas do contador de Abib Miguel, também fantasmas, que vivem na praia, em Balneário Camboriú (SC). Essa família recebeu mais de R$ 3 milhões de reais da Assembleia. Também comentou os casos de uma criança de sete anos e de um homem morto contratados como funcionários.

Retaliações via internet
Autor do pedido de entrada da Polícia Federal nas investigações, Dr. Rosinha também comentou alguns ataques de que tem sido alvo através da internet. "Por coincidência ou não, logo após acionar a Polícia Federal, passei a ser vítima de ofensas e calúnias pela internet", afirmou. "Parte dos ataques, via twitter, são anônimos. Mas alguns autores já identificados começam a ser processados por mim na Justiça."
Dr. Rosinha revelou que ao menos um dos ataques contra ele foi postado pelo deputado estadual Valdir Rossoni, presidente do PSDB no Paraná, através do Twitter. “Isso não me causou surpresa nenhuma, é o mesmo jogo rasteiro, um esquema de disseminação de calúnias e mentiras, montado pelo PSDB nacional contra Dilma Rousseff."
Dr. Rosinha voltou ainda a defender ainda que a investigação atinja também os deputados, e que todos os membros da Mesa Executiva da Assembleia renunciem coletivamente a seus cargos de direção.
Além disso, também criticou também a possibilidade de reeleições das direções legislativas estaduais e municipais, e defendeu a realização de concursos públicos para a contratação de servidores no poder Legislativo.
Sobre a chamada "PEC Anti-MP", que pretende proibir a cessão de policiais para o Ministério Público, o deputado petista reafirmou que a proposta inviabiliza investigações do Ministério Público e protege o crime organizado.
"Os paranaenses têm que cobrar transparência, punição e observar quem são os candidatos nas próximas eleições", defende Dr. Rosinha. "É preciso punir funcionários e os deputados que cometeram crimes, para que a Assembleia seja motivo de orgulho e não de vergonha para a população do Paraná."

Cristina Esteche

Jornalista

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