O professor universitário Luís Felipe Manvailer, de Guarapuava, deverá ser julgado pelo crime de feminicídio e furto de veículo de sua esposa, a advogada Tatiane Spitzner, de 29 anos, que morreu na madrugada desse domingo (22), em Guarapuava. A informação foi divulgada pelo delegado da Polícia Civil de São Miguel do Iguaçu, Francisco Sampaio, em coletiva de imprensa. A prisão preventiva do homem, que é suspeito de ter matado Tatiane, também foi baseada neste dois crimes.
De acordo com o delegado, Luís Felipe foi encontrado pela polícia de São Miguel do Iguaçu após envolver-se em um acidente na BR-277, entre o município e Foz do Iguaçu. O professor universitário estava sendo procurado pela polícia para prestar esclarecimentos sobre a morte de sua esposa, que morreu após sofrer uma queda do seu apartamento, no centro da cidade.
“Ele dirigiu a noite toda e veio dormir ao volante, perdeu o controle do carro e parou entre as duas pistas, entre São Miguel e Foz. Se fosse uma situação normal, chamaria o guincho, mas ele seguiu a pé sentido Foz do Iguaçu”.
Suspeitando da situação, a equipe da polícia consultou a placa do veículo e constatou que tratava-se do homem suspeito de ter assassinado a esposa, em Guarapuava. Após ser detido, em depoimento, o professor universitário Luís Felipe, de 32 anos, disse que não é o autor do crime e que Tatiane teria se jogado da sacada do 4º andar do prédio onde residia com o marido, na região central de Guarapuava, após discussões entre o casal.
“Ele nega o tempo todo, mas a polícia trabalha com indícios, tanto é que eu não acreditei na versão dele. Enquadrei a atitude dele como feminicídio bem como o autuei pelo furto do veículo”.
Ainda segundo o depoimento, eles estariam em uma festa comemorando o aniversário de Luís Felipe. No local, desentendimentos entre o casal começaram e seguiram até a chegada no apartamento, quando a briga tomou maiores proporções, de acordo com o delegado.
Segundo Luís Felipe, ela veio para cima dele e ele teve que imobilizá-la no sofá. Na sequência, ela tentou sair do apartamento, ele a impediu. De acordo com ele, na sequência, ela pegou rumo à sacada e teria se atirado. Mas, essa versão não me parece nenhum pouco verossímil, até porque alguns vizinhos já foram ouvidos e relataram no sentido de que ela gritava por socorro, várias vezes, inclusive quando foi até a sacada. Outro fato que chama a atenção, é que após o tombo ou após ele empurrá-la, ele foi lá e recolheu o cadáver, trouxe para dentro do aparamento de novo, trancou, pegou o carro da família e tentou fugir, penso eu, com destino ao Paraguai.
De acordo com Francisco, o caso será investigado pela Delegacia da Mulher de Guarapuava, Subdivisão Policial para qual os documentos e registros sobre o fato já foram encaminhados. Luís Felipe será transferido para a prisão em Guarapuava, comanda onde o professor será julgado. Ainda não há informações sobre a data da transferência.
REPERCUSSÃO
O caso que envolveu Tatiane Spitzner, em Guarapuava, trouxe à tona o retrato puro e doloroso da cultura do machismo e da violência de gênero, que a cada dia, interrompe a vida de tantas mulheres brasileiras. A indignação, revolta e dor, foi ecoada por diversas mulheres, que no mais puro sentimento de sororidade, estão enlutadas, clamando por justiça. Exemplo disso foi a nota de pesar divulgada pelo Coletivo Feminista Cláudia da Silva, de Guarapuava.
“Endossamos nosso repúdio a toda e qualquer forma de violência. Nos fortalecemos na luta pelo empoderamento das mulheres e conquista na igualdade de gênero. Acreditamos que em um mundo em que as mulheres (assim como todas as pessoas) tivessem seus direitos respeitados, em que inexistissem privilégios resultantes das desigualdades históricas, muitas vidas seriam preservadas e muitas histórias poderiam ter um fim diferente”.
Outras mulheres guarapuavanas também se manifestaram pelo fim da violência.
“Hoje acordamos com uma notícia chocante de uma morte, mas que vai muito além da dor que ela trouxe para os amigos e familiares, ela revela um problema que vivemos todos os dias na nossa sociedade MACHISTA que ainda tem a capacidade de perguntar: “por que será que eles brigaram?” “O que será que ela fez?” NÃO IMPORTA! Todos os dias mulheres são agredidas e mortas porque a cabeça das pessoas não consegue aceitar que o FEMINISMO é apenas querer IGUALDADE!”
“Que triste te perder assim! Justo assim! Eu sinto tanto! Você foi mais uma vítima da crueldade do ser humano, e eu fico aqui me perguntando onde nós vamos parar”.
A DEFESA
Em nota, advogados de Luís Felipe informaram que estão se inteirando do caso, e, por entrevista, relataram que novas informações devem ser divulgadas ainda hoje (23). Abaixo, confira a nota, na íntegra:
A defesa do professor Luis Felipe Santos Manvailer, promovida pelo escritório Dalledone & Advogados Associados, informa que ainda está tomando conhecimento dos fatos ocorridos na madrugada de domingo. A defesa informa ainda que Luís Felipe Manvailer está preso e sob cuidados médicos, após sofrer um acidente na manhã deste domingo, na BR-277, no município de São Miguel do Iguaçu.
Nas próximas horas, com maiores informações sobre o caso, a defesa novamente irá se manifestar.
Dalledone & Advogados Associados