O som clássico que sai das teclas do piano geram um clima nostálgico no ambiente. Entre as quatro paredes do casarão centenário, o Solar Ana Joaquina, hoje sediando o Centro de Artes e Criatividade Iracema tricô Ribeiro, bem no Centro de Guarapuava, expõe as mazelas de uma doença neuro-degenerativa, o Alzheimer.
Uma exposição de fotografias mostra um pouco do dia-a-dia de pessoas que são pais, mães, avós, bisavós, e antes de tudo, filhos. Atendidos pela Associação de Estudo Pesquisa e Auxílio a Pessoas com Alzheimer (AEPAPA), pacientes e familiares participam de projetos que visam a inclusão social.
Quem entrar no Centro de Artes até esta sexta feira (24), das 8 às 17h30, vai ter contato com a vida – e a memória, em declínio – de 64 pacientes, diagnosticados com a doença. Embora não haja números precisos de pessoas diagnosticadas com a doença no terceiro planalto, a AEPAPA, a partir de dados nacionais, aponta para um montante expressivo na cidade, conforme relata Etiene Rabel Corso, integrante da equipe de serviço social da associação.
Dados da Associação Brasileira de Alzheimer, 6% da população idosa possui Alzheimer. Guarapuava tem uma população idosa de cerca de 12 mil pessoas, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. De acordo com a Associação, nesse universo, é possível que o município possua cerca de 700 portadores de Alzheimer.
Para recuperar um pouco da história de cada um, com o auxílio de alguém da família, os idosos tem aulas de colagens, de artesanato, que montados em quadros, colam cada pedacinho da história individual e da família. Nos quadros pendurados nas paredes, é possível perceber traços mais sutis, outros mais densos. Nos álbuns pessoais, fragmentos de uma vida inteira, sem lapso de memória.
De acordo com a psicóloga Laurini Abilhos, da AEPAPA, os “pacientes sofrem muito com exclusão social então, a partir do momento que eles saem em outros lugares ou participam de atividades como essas, conseguem se ver muito mais ativos”.
A entrada é franca.