O nome Lagoa das Lágrimas nunca teve tanto significado. Na noite fria desta sexta feira (5), três fiéis escudeiros aguardavam no local o retorno do dono, Rodrigo, conhecido por muitos como Rodriguinho. Ele sempre estava ali, no entorno de um dos principais pontos turísticos de Guarapuava. No início da noite de hoje, no entanto, a vida dele foi interrompida brutalmente. E de alguma forma, os companheiros de estrada pareciam saber disso.
Quando a notícia que Rodrigo havia sido morto começou a circular, de pronto, diversas pessoas se questionavam, principalmente nas redes sociais, sobre como os amigos de Rodrigo estavam. Esta reportagem foi até a Lagoa para conferir e o que encontramos era o que muita gente – principalmente os que tem contato com cachorros – já imaginavam: os três, ali, esperando o retorno do dono.
Assim como muita gente, as irmãs Sonia Salete Miranda e Débora Lorenzo se comoveram com a história e foram até o local, para tentar conseguir a confiança dos animais. Um deles, a Polaca, foi receptiva. Os outros dois, Ralf e o Véio, nem tanto. O Ralf, inclusive, ficou, durante todo tempo que permanecemos na Lagoa, em baixo da árvore onde Rodrigo guardava suas roupas e outros pertences, incluindo uma bandeira do Brasil que ele costumava carregar em suas andanças pelo terceiro planalto. O Véio, mais peludo, se escondeu quando tentamos nos aproximar.
“Ficamos muito abaladas quando soubemos da morte do Rodrigo. Ele não fazia mal para ninguém. Lembramos dos cachorros que sempre estavam com ele e viemos conferir. Claro que eles iam estar aqui”, disse Sonia, emocionada. Ela, inclusive, se prontificou a ficar com os animais. A protetora e, também, funcionária do Canil Municipal, Ivana Martins, estava no local.
“Eles são acostumados com a liberdade. Não podem ficar presos no canil”, lembrou. A van do canil irá, amanhã (6), buscar os animais e levar até a casa de Sonia, que vive no bairro Santana.
“Eu amo animais. Tenho diversos gatos. Quando vi o que aconteceu, sabia que era a hora de ter cachorros”.
O CASO
A morte de Rodrigo continua gerando comoção na comunidade guarapuavana. Seu corpo já foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML) de Guarapuava e aguarda liberação. O autor do crime ainda não foi localizado.