A saída de Cuba do programa ‘Mais Médicos’, no Brasil, resultará no desligamento de 16 médicos cubanos que, desde 2013, atuavam nas unidades de saúde de Guarapuava. O anúncio da saída foi feito no início da tarde desta quarta feira (14), em comunicado oficial.
“O Ministério da Saúde Pública de Cuba tomou a decisão de não continuar participando do Programa Mais Médicos e assim comunicou à diretora da Organização Pan-Americana de Saúde [Opas] e aos líderes políticos brasileiros que fundaram e defenderam a iniciativa”, diz a nota do governo.
Apesar de ainda não haver uma data específica para o desligamento dos médicos de Guarapuava – e do restante do Brasil -, lideranças, que já se preocupavam em atrair médicos principalmente ao interior dos Estados, agora terão que se preparar para o impacto, também, da saída destes profissionais.
O Secretário de Saúde de Guarapuava, Celso Góes, informou ao Portal RSN que o município ainda não foi notificado sobre o desligamento dos médicos, mas prevê que isso ocorra nos próximos dias.
SINALIZAÇÃO
Dos 16 médicos cubanos cedidos a Guarapuava, seis já estão fora do município. É que, na semana passada, o governo cubano solicitou as férias destes profissionais. Com o anúncio de hoje, a previsão é que eles não retornem a Guarapuava.
Para diminuir o impacto da saída dos médicos de Guarapuava, que já possui déficit destes profissionais, duas situações em paralelo estão sendo alinhadas.
Pedi a abertura urgente para a realização de um PSS [Processo Seletivo Simplificado] e contratação ainda neste ano de 30 médicos, além de um concurso que deve ser realizado no ano que vem.
Outra situação que está sendo realizada, para incentivar a vinda de médicos ao município, é referente a gratificação destes profissionais.
“Ainda ontem (13) os vereadores aprovaram em primeira votação o projeto de lei que concede 50% de gratificação sobre o salário base dos médicos, que é de R$ 10.450,00. Essa medida está sendo tomada para incentivar a vinda destes profissionais ao município”.
Confira alguns pontos sobre o Programa Mais Médicos e sobre a saída de Cuba do programa
- Foi criado em julho de 2013 para ampliar o atendimento médico principalmente em regiões mais carentes.
- Em agosto de 2013, fechado acordo com a Opas para participação de médicos cubanos.
- De uma só vez, sairão mais de 8.500 médicos cubanos dos locais onde estão hoje trabalhando.
- Eles estão em 2.885 municípios do país, sendo a maioria nas áreas mais vulneráveis: Norte do país, semiárido nordestino, cidades com baixo IDH, saúde indígena, periferias de grandes centros urbanos.
- 1.575 municípios só possuem médicos cubanos do Programa, sendo que 80% desses municípios são pequenos (menos de 20 mil habitantes) e localizados em regiões vulneráveis.
- Existem 300 médicos cubanos atuando nas aldeias indígenas. Isso é 75% dos médicos que atuam na saúde indígena do país.
- Os locais onde os cubanos atuam foram oferecidos antes a médicos brasileiros, que não aceitaram trabalhar.
- Sobre a substituição dos cubanos por médicos brasileiros: em 5 anos de Programa, nenhum edital de contratação de médicos brasileiros conseguiu contratar essa quantidade de profissionais. O maior edital contratou 3 mil brasileiros, segundo informações do Ministério da Saúde.