Já cumprindo 61 anos de prisão em regime fechado nas ações geradas pela Operação Fantasma, que tratou de rachas de salários com assessores, o ex-presidente da Câmara Admir Strechar, vai agora júri popular. Ele cumpre a pena na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG).
No dia 11 de março, a partir das 9h, Strechar sentará no banco de réus para ser julgado pelo crime de tentativa de homicídio qualificado contra Luiz Furtado, conhecido como Luiz Gaúcho, em outubro de 2002. As qualificadoras são motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima. A juíza Helênika Valente de Souza Pinto, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Guarapuava, entretanto, inocentou, por falta de provas, Gilberto Soares, que foi apontado como o autor do disparo contra a vítima, a mando de Strechar.
De acordo com o criminalista Marinaldo do Rattes, que representa o réu, a tese da defesa será a negativa da autoria do crime, especialmente porque não há provas nos autos apresentado na denúncia. “Não há executor do crime, e não havendo executor não há mandante como quer argumentar o Ministério Público”. Segundo Rattes, nos autos não há a materialidade do crime. “Isso será amplamente demonstrado em plenário de julgamento. Vamos provar que Strechar é inocente da acusação imposta na denúncia”.
Caso seja condenado em mais este julgamento, a pena atual subirá de 61 anos. Somente nas atuais condenações, Strechar terá liberdade total apenas em 2044. Entretanto, outros dois processos estão tramitando na justiça. Uma delas é recurso impetrado para redução da pena de seis anos, no caso do desvio de aparelhos de ar condicionados instalados na Câmara Municipal de Vereadores. Outro, é pelo pagamento indevido de diárias.
Se a ele for concedida a progressão de regime a que tem direito, Strechar poderá cumprir a pena em regime semiaberto em 2022, com o uso de tornozeleira eletrônica.
O CASO
De acordo com depoimentos de testemunhas e da própria vítima, o pivô da tentativa de homicídio foi uma dívida contraída por Strechar referente à contratação de cinco a seis carros utilizados para campanha política. O valor contratado seria de R$ 6 mil, além da promessa de contratá-lo, caso fosse eleito. Porém, nenhum dos compromissos assumidos foi cumprido. De acordo com os autos, Luiz Gaúcho disse que passou a cobrá-lo, porém, em troca, começou a ser ameaçado.
Porém, na eleição de 27 de outubro, segundo turno para presidente e governador, quando a vítima saía do Colégio Rubens Fleuri, onde atuava como fiscal, para ir até o Cristo Rei, percebeu que um carro o seguia. Dentro do veículo estava Strechar e outra pessoa. Segundo Luiz Gaúcho, o ex-presidente da Câmara tinha um revólver na mão direita. O passageiro chegou a dizer que iria “acertar o negócio que tu tem com o Ademir”. Em seguida, o próprio Strechar disse que ele [Luiz] levaria uma “camaçada de laço” e, em seguida, uma “chuva de bala”.
Depois das 17h, Luiz Gaúcho falou que foi até a Praça Cleve, onde aconteceria um evento político. Lá, ele saiu do carro de som onde estava e foi para junto da sua família, quando foi atingido por três tiros nas costas.
“Pensei que tinha sido uma pedrada”. Luiz foi atingido por um tiro no rim, outro no pulmão e o terceiro na boca. “Já fiz quatro cirurgias”. Momentos depois, em um patrulhamento de rotina, Gilberto foi preso pela Polícia Militar portando um revólver. Entretanto, após o confronto balístico com o projétil retirado do corpo da vítima, concluiu-se que a bala não procede do cartucho deflagrado na garrucha marca “Rossi”, calibre 22.