Dados do Conselho Regional de Engenharia de Agronomia do Paraná (Crea-PR) mostram que o número de engenheiras civis cadastradas na região de Guarapuava cresceu 25% de 2017 para 2018. Segundo informações da assessoria de imprensa do Crea, a atuação neste setor da região passou de 149 para 197 mulheres no último ano. Como fator colaborativo a este cenário, a inspetora do Crea-PR, engenheira civil Sandra Cristina Glinski, apontou a facilidade de acesso às universidades e faculdades da região.
“Na Engenharia as mulheres da região conseguem tanto trabalhar em construtoras, como montar seu próprio escritório, ou conquistar uma vaga por concurso. A personalidade detalhista feminina faz com que elas sejam eficientes tanto na elaboração do projeto quanto na execução das obras”, avaliou.
Segundo a engenheira civil do Departamento de Obras da Secretaria de Viação, Obras e Serviços Urbanos, Eliane Aparecida Bischof Keche, essa inserção mostra que muitos obstáculos já foram superados e que outros, no entanto, ainda são enfrentados pelas profissionais.
“Há 34 anos, quando me formei, fiz parte de uma turma de 220 alunos em que havia apenas seis mulheres. Logo depois de formada, enviei currículos para empresas que me rejeitaram sem nenhuma avaliação, apenas ‘por ser mulher’. Hoje, a eficiência e capacidade das mulheres são notórias, por isso elas estão cada vez mais ocupando espaço no mercado. Mas, vale ressaltar que ainda temos muito para avançar, acabando com o assédio profissional e atingindo isonomias salariais”, declarou.
EXPANSÃO LOCAL
Em Guarapuava, além de atuarem como responsáveis técnicas no planejamento e execução de obras, as mulheres também ganham espaço na construção civil para atuar como pedreiras, encanadoras, eletricistas, azulejistas e pintoras. Isso porque, desde 2014, o Governo Federal liberou recurso para que a Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres de Guarapuava promovesse cursos profissionalizantes para as mulheres nestas cinco áreas de atuação.
Em média, 200 mulheres já foram formadas nestes cursos para atender à mão de obra do mercado local. E, desde 2017, a Lei Municipal nº 2649 prevê a reserva de pelo menos 10% das vagas para mulheres nas empresas prestadoras de serviços na área da construção civil em obras contratadas pelo município.
“A Lei surgiu para estimular o mercado a ser receptivo à mão de obra feminina na construção civil. É uma contratação em caráter de aprendizagem, porque assim elas conseguem ter a experiência da obra, para depois pleitearem uma vaga no mercado privado”, afirmou a secretária de Políticas Públicas para Mulheres de Guarapuava, Priscila Schran de Lima.
Para a engenheira civil do Departamento de Obras, o balanço de quase um ano e meio em que a lei municipal está em vigor é positivo.
“Já temos um saldo bastante favorável com a lei, pois as obras em que tivemos mulheres executando trabalhos de pintura e auxiliando na parte elétrica resultaram em serviços de ótima qualidade, em virtude do nível de detalhamento que é inerente às mulheres. Espero que a criação desta lei municipal exemplar se estenda a toda a iniciativa privada e aos demais municípios do Brasil”, declarou Eliane.