A crise financeira enfrentada mensalmente para honrar a folha de pagamento dos funcionários do Hospital Santa Tereza em Guarapuava, já virou rotina. Os 360 funcionários do HST deveriam ter recebido os salários nesta quarta (6), mas o pagamento está atrasado de novo.
Em entrevista ao Portal RSN, o administrador do HST Francisco Cogo, informou que não foi possível pagar a folha no quinto dia útil deste mês. “Esta situação se dá devido a data de repasse do Estado ser posterior a data de pagamento da folha. Há um espaço de tempo entre a necessidade de saída de caixa e a entrada do recurso que ainda não conseguimos sanar”.
De acordo com o administrador do HST, a Secretaria Estadual de Saúde informou que o repasse deve ser feito até o dia 16 de março. “Deverá se repetir a situação do mês passado, a qual repercute negativamente para o hospital. Estamos vivendo um momento bom para nos depararmos novamente com ameaça de greve”.
Francisco Cogo disse que tem trabalhado muito para modificar a situação, “mas sem garantias para ofertar aos bancos, as instituições financeiras não liberam recursos”. Sobre a possibilidade de antecipação de recursos da contratualização para a folha de pagamento, a Sesa informou não ter amparo legal. O valor total da folha de pagamento do hospital é de cerca de R$ 730 mil.
O presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviço de Saúde de Guarapuava, Alcione de Jesus Domingues, afirmou que a situação é vergonhosa e que em breve o sindicato vai se pronunciar. “Eu já passei para o jurídico do sindicato, e nas próximas horas vamos tomar as providências cabíveis. Mas o primeiro passo seria marcar uma nova assembleia com os funcionários”.
No dia 15 de fevereiro após assembleia, os funcionários decidiram entrar em greve em 72 horas caso o pagamento não fosse efetuado. A greve começou ao meio-dia do último dia 18 e terminou na manhã do dia seguinte.
No último dia 18, a deputada estadual Cristina Silvestri (PPS) solicitou ao secretário de Saúde, Carlos Alberto Gebrim Preto, o adiantamento do repasse mensal feito pelo Governo do Estado ao Instituto Virmond, que mantém o Hospital Santa Tereza, em Guarapuava. O pedido foi feito no dia em que a greve começou e os recursos foram liberados no dia seguinte (19).
Esta é a segunda vez que Cristina Silvestri intervém pelo Hospital Santa Tereza neste ano. A primeira articulação da parlamentar, em janeiro, permitiu a readequação de um contrato do Governo com a instituição, garantindo um repasse de R$ 150 mil mensais para o setor de Ortopedia que, na época, estava fechado após parte do corpo clínico ter se desligado do departamento.
CRISE
O ano de 2019 começou difícil para o Hospital Santa Tereza. No dia 1 de janeiro, quatro médicos que eram responsáveis pela Ortopedia do Hospital Santa Tereza, em Guarapuava, declinaram da prestação de serviço no departamento e o setor ficou fechado. Os serviços foram retomados no dia 17 de janeiro, após um acordo financeiro com diretoria do Instituto Virmond que mantém o Santa Tereza. A decisão dos profissionais ocorreu frente à dívida da instituição com o corpo clínico, que se arrasta em uma crise financeira desde o início de 2018.
A crise financeira do Hospital Santa Tereza envolvendo todo o corpo clínico da instituição veio à tona em abril de 2018, quando médicos sinalizaram a possibilidade de realizarem um desligamento em massa do HST caso a folha de pagamento não fosse regularizada. Na época, uma solução paliativa foi apresentada, porém, menos de dois meses depois, o problema voltou a pauta pública, quando médicos começaram a se desligar da instituição.
ACORDO ORTOPEDIA
Pelo acordo, nos meses de janeiro à abril o hospital pagará 30% do valor dos salários aos médicos da ortopedia. A partir de maio deste ano, com o repasse do valor previsto pelo novo contrato, os salários serão pagos integralmente. E a partir de junho, além do salário completo, os médicos do setor deverão receber também parcelado, o saldo devedor até fevereiro de 2020.
No dia 9 de fevereiro, o Governo do Estado do Paraná garantiu ajustes orçamentais para que o Hospital Santa Tereza, reabrisse o setor de Ortopedia. O primeiro contrato com a instituição previa repasse de R$ 227 mil, para cirurgias de alta complexidade. Mas como o hospital não atingiu as metas estipuladas pelo Governo, já que a demanda é para procedimentos de média complexidade, o valor recebido para manutenção do setor ficou entre R$ 50 mil e R$ 80 mil.
De acordo com Cogo, o acordo foi possível após alteração contratual que começa a valer para os atendimentos de média complexidade a partir de fevereiro. Com isso, o repasse será de R$ 150 mil a partir de maio deste ano.