22/08/2023
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Sindicato Rural de Guarapuava analisa demandas do agronegócio na Região

Segundo Rodolpho Botelho, aumento das linhas de crédito e redução de juros vai impactar positivamente na economia regional

safra

A Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento enviou essa semana, um documento ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com demandas importantes para o agronegócio do Paraná. Na última década, o agronegócio brasileiro tem sustentado o crescimento econômico do país, com recorde constante de produtividade de produção total, e com pouco aumento de área produtiva.

Presidente do Sindicato Rural de Guarapuava, Rodolpho Luiz Werneck Botelho (Foto: Arquivo/RSN)

Em Guarapuava, o presidente do Sindicato Rural, Rodolpho Luiz Werneck Botelho, fez uma análise dos principais pontos desse documento, e afirmou que esse ganho de produtividade foi possível entre vários fatores, graças à tecnologia e informação aplicadas no campo. “O agronegócio é o principal componente da balança comercial brasileira e além do crescimento econômico tem garantido as reservas cambiais”.

O documento entregue ao governo federal propõe aumento na concessão de crédito para o agronegócio, de R$ 194,37 bilhões na safra passada para R$ 220 bilhões na safra (2019/2020) a partir de julho deste ano. De acordo com Botelho, foi proposta uma redução de meio ponto percentual nas taxas de juros, caindo de 6% para 5,5% aos médios produtores e de 7% para 6,5% para os demais produtores, para as principais linhas de financiamento do agronegócio.

Dependendo do tipo do financiamento e da classe do produtor e objetivo, as taxas dos juros são diferenciadas. Tem taxas para mini e pequeno produtor, para médio produtor, para grande produtor os juros são mais altos, tem taxa diferente de juros para investimentos, então os juros são muito variados. O que está se pedindo é uma redução desses juros para dar mais competitividade ao produtor rural.

(Foto: Antônio Costa/Arquivo ANPr)

Isso é fundamental para o setor porque segundo o presidente do Sindicato Rural, o aumento da produtividade é resultado de um aumento também nos custos, devido a utilização de novas tecnologias, de insumos, adubos e sementes cada vez mais caras que também agregam mais tecnologia.

“Como todo e qualquer setor, o aumento de produtividade passa pelo aumento de investimentos e de custos. O que tem se notado no Brasil de maneira geral, no agronegócio, seja na parte agrícola ou na pecuária é que os produtores tem investido mais. E com isso há uma demanda maior por crédito também”.

E para dar respostas à altura desse investimento, o governo federal precisa cumprir todas as deliberações contidas no plano anual. Segundo Botelho, no plano anterior da safra de (2018/2019) nem tudo foi cumprido, e o déficit dificultou o financiamento para a compra de máquinas e equipamentos. “Faltou um pouco de dinheiro em relação ao que o governo tinha estipulado de crédito para o plano agrícola. Alguns produtores tiveram dificuldade de captação, por terem entrado no mercado mais tarde, ou por terem algum tipo de restrição de crédito”.

(Foto: Cleverson Beje/FAEP/Arquivo ANPr)

Rodolpho Botelho disse que por estarmos em uma região mais fria, os plantios em Guarapuava são sempre mais tardios que o restante do Brasil, por causa do clima e da temperatura e por isso, “andamos sempre da rabeira do crédito agrícola”. Para ele, o aumento de crédito para a agricultura ou para a pecuária, é muito importante para a Região de Guarapuava, já que segundo Botelho, essa é uma das regiões mais tecnificadas do Paraná e também do Brasil.

“Somos campeões de produtividade em milho de verão, estamos muito bem colocados em produtividade de soja também. A produtividade tem aumentado também nos últimos anos com novos materiais genéticos e tecnologia, e temos um diferencial muito grande que é a estabilidade produtiva”.

(Foto: Antônio Costa/Arquivo ANPr)

Se por um lado falta crédito, de outro o produtor da Região de Guarapuava tem uma ajuda na produção proporcionada pelas condições geográficas e climáticas.

Por estarmos numa altitude perto de mil metros acima do mar, os danos são menores, com menos variações climáticas. Mesmo esse ano que teve o problema de temperaturas muito altas na virada do ano e estiagem, não tivemos grandes problemas. Tanto que usamos menos seguro rural, uma necessidade e uma garantia dos bancos e do governo aos produtores.

Sobre a redução das taxas de juros, Botelho disse que essa proposta é fundamental e tem reflexos diretos na economia da Região. De acordo com ele, quanto mais movimentação financeira tivermos, maior será o giro do mercado, não só para o produtor rural mas também para pequenos comerciantes e donos de revendas.

Diferente de uma multinacional, em que os lucros são exportados para os países-sedes das empresas, no caso do produtor rural o lucro normalmente é investido na Região, com a reforma de barracões, com a construção de casa para funcionário, com a compra de um trator novo ou com a troca de implementos. Não é uma tarefa fácil reduzir os juros. Embora os juros controlados pelo governo para maioria dos setores estejam abaixo das taxas de mercado, ainda permanecem acima da taxa Selic.

(Foto: Jonas Oliveira)

Ainda sobre a dificuldade de conseguir viabilizar linhas de crédito, o presidente do Sindicato Rural Rodolpho Botelho afirmou que os bancos estão mais seletivos no repasse desses financiamentos.

Teme-se que essa postura se agrave, e eles só atendam produtores tradicionais, e segurem um pouco para novos clientes e novos correntistas. Um dos fatores que eu acho de extrema importância e que está dentro desse projeto de R$ 220 milhões, e que o governo precisa entender isso, são os financiamentos para médio e longo prazo de investimentos. Está se pedindo investimentos de máquinas, que também é interessante, mas o fundamental eu acredito que sejam os investimentos produtivos, que são os investimentos em calcário e fertilizantes para melhorar a capacidade do solo e com isso atingir resultados mais positivos.

Atualmente, o agricultor enfrenta dificuldades para conseguir um financiamento para fazer melhorias das condições de solo químicas como calcário e gesso. “São produtos que vão reagir por dois, três até quatro anos, então o financiamento tem que ser de médio e longo prazo”.

(Foto: Jonas Oliveira)

Por fim, Botelho lembrou de outro gargalo do agronegócio: mesmo sendo campeão na produção agrícola, o Brasil é deficitário na capacidade de armazenamento dos produtos.

“É preciso melhorar essa capacidade com silos e armazéns. Nós não temos condições de armazenar toda a nossa safra, o produtor é obrigado a vender na boca da colheita normalmente a um preço mais baixo, falta capacidade de suporte para produtores, cooperativas e cerealistas”, finalizou.

Gilson Boschiero

Jornalista

Possui graduação em Jornalismo, pela Universidade Metodista de Piracicaba (1996). Mestre em Geografia pela Unicentro/PR. Tem experiência de 28 anos na área de Comunicação, com ênfase em telejornalismo e edição. Foi repórter, editor e apresentador de telejornais da TV Cultura, CNT, TV Gazeta/SP, SBT/SP, BandNews, Rede Amazônica, TV Diário, TV Vanguarda e RPC. De 2015 a 2018 foi professor colaborador do Departamento de Comunicação Social da Unicentro - Universidade do Centro-Oeste do Paraná. Em fevereiro de 2019, passou a ser o editor chefe do Portal RSN.

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