Os números cedidos pela Organização Mundial da Saúde, não mentem. Hoje, cerca de 900 mil pessoas morrem anualmente, por suicídio, transformando esse tema num caso de saúde pública. A média é de que a cada 40 segundos uma pessoa tire a própria vida. Os números representam aproximadamente 1,5% do total de óbitos no mundo por ano, ou seja, 10,7 a cada 100 mil habitantes.
De acordo com o psicólogo Mario Farias, que atua em Guarapuava e Região, no Paraná os números são de 10.344 registros de suicídio entre 1996 e 2012. Uma média geral de 8,4/100 mil. Em Guarapuava 199 suicídios ocorreram de 1999 a 2013, uma média de 4,55/100 mil. Somente nos últimos dias de março dois presos da cadeia da cidade foram encontrados mortos supostamente por enforcamento dentro de celas.
Ainda neste início de ano, um atleta atirou contra a própria cabeça, um investigador da polícia civil também tirou a própria vida e um dos casos mais recentes foi a morte de um jovem, de 22 anos, no município de Rio Bonito do Iguaçu, na última quinta feira (21).
Segundo o psicólogo entre os principais fatores associados ao suicídio, o alcoolismo lidera o ranking, seguido pela depressão e a esquizofrenia. Para ele, por conta desses índices, a OMS alerta para que os médicos fiquem atentos aos sinais em seus pacientes, pois os dados apontam que 40% a 60% dos suicidas, frequentaram consultas médicas, no mês anterior ao ato.
Governos e governantes precisam perceber que o suicídio precisa ser encarado como problema de saúde pública, devido a constância do aumento das taxas.
Segundo o psicólogo, o suicídio é o curso final de uma tentativa de acabar o sofrimento existencial.
“É a busca de acabar com a angústia de viver com aquilo que falta, com o sofrimento sem sentido. Viver, em sua mais completa definição acarreta sofrimento, sofrer sem motivo, ou com motivos injustificáveis, suscita para a angústia”.
Para o profissional, é essa angústia existencial que tira o ser humano “dos trilhos” direcionando-o ao desespero. “O ser humano está todo momento em busca de sentido para sua existência, sentido esse que é do campo individual, diferente para cada pessoa”.
E continua:
Quando vivemos uma vida com sentido, tendo projetos, sonhos e objetivos encaramos os sofrimentos diários, com mais leveza e tranquila. É claro que considerar a falta de sentido da vida como única e exclusiva causa do suicídio é um tanto quanto superficial. Devemos levar em conta todos os fatores, biopsicossociais envolvidos ao ato.
Hoje podemos contar com o auxílio de canais como o Centro de Valorização a Vida (CVV) que atende pelo número 188. Lá as pessoas podem encontrar apoio emocional e prevenção ao suicídio de forma gratuita.
Sendo assim, a dica do psicólogo ao Portal RSN é: “preste atenção no seu colega, familiar e amigo. Sinais clássicos da intenção do suicídio podem ser observados em seu cotidiano. A qualquer indício dessa ideia convide-o para juntos procurar ajuda de um profissional”.
Em Guarapuava o projeto Salvando Vidas (GSV), com plataforma on line, oferece serviço especializado de prevenção ao suicídio atendendo todo o Estado por meio do site gsvchat.org. O atendimento é das 19h às 23h na sexta e no sábado, além de domingo das 19h às 21h. Os horários limitados nesta fase inicial do GSV levam em conta o número de voluntários da plataforma, 12 pessoas atualmente. Para cobrir o Estado, em todos os dias da semana, são necessários cerca de 60 colaboradores treinados.
A iniciativa da plataforma é de Arthur Mondin, de 81 anos, que coloca Guarapuava como referência dos atendimentos feitos com cobertura por todo o Paraná. Assim, problemas encontrados no chat de cobertura nacional dentro do CVV, por exemplo, poderão ser minimizados, pouco a pouco.
VOLUNTÁRIOS
Para participar como voluntário do ‘Guarapuava Salvando Vidas’, Arthur iniciou um treinamento com um grupo de pessoas em outubro de 2018. Segundo ele, são necessárias três fases, divididas em, aproximadamente, 40 horas de curso.
Para os interessados em integrar o grupo de voluntários do ‘Guarapuava Salvando Vidas’, basta deixar uma mensagem para equipe na plataforma online manifestando o interesse. Para conhecer mais sobre a iniciativa, é possível acessar também as redes sociais no Facebook e no Instagram.