22/08/2023

Os sapos e os príncipes de Guarapuava

A resposta somente veio por volta de 1h30 da madrugada de quinta para sexta-feira da semana passada. Há dias que eu tentava descobrir as razões que motivaram o prefeito de Guarapuava a contratar Amado Batista para um show na cidade. Está certo que o chefe do Executivo já havia dito que Guarapuava podia pagar R$ 140 mil pelo espetáculo, mas isso não era o suficiente. Pois no saguão do hotel onde o cantor se hospedou que encontrei o que buscava: Amado entra no hotel e, de pronto, várias pessoas se aproximam dele, sorridentes algumas, encabuladas outras, mas todas fascinadas com aquela popular figura.
Experiente em tietagem, Amado de pronto chamou seu assistente principal e lhe pediu um maço de fotografias suas, para autografar. A cada foto distribuída, um sorriso armado e o dedo polegar indicando ´positivo´. Perdoa-me o trocadilho, leitor, mas, uma hora depois, Amado se recolheu ao quarto muito mais amado por seus fãs.
Enquanto fãs se deliciavam, duas figuras incomuns tentavam conseguir um pouco da atenção do artista. Um deles, o assessor-mor do prefeito. O outro, o filho mais velho do chefe do Executivo e que, exceção feita à uma cicatriz na face, pouco lembrava o sujeito que se envolveu em uma tragédia de trânsito em 2009. Em certo momento, o assessor-mor conseguiu se aproximar de Amado e disse algo como ´este é o filho mais velho do prefeito, Fernando também´. Sem se impressionar com aquela pessoa envolta em trajes quase adolescentes e sem ser solicitado a autografar uma foto para o sujeito, o cantor apenas concedeu um cumprimento formal e voltou a seus fãs, a seus príncipes e princesas de Guarapuava, como cansou de dizer naquela madrugada.
A resposta que eu buscava, enfim, estava clara dali em diante: queria o prefeito local aprender alguns truques de popularidade com um artista respeitado por sua carreira, pela simplicidade do falar e pela empatia com as pessoas, poucas ou muitas e a qualquer tempo e espaço. É provável que Fernando Filho buscasse o mesmo lá no hotel. Ainda é cedo para saber se funcionou mas não custa muito prestar atenção se, nos próximos eventos públicos a que comparecerem, os Carli irão sacar do bolso fotografias prontas para autógrafos. Se conseguirem distribuir várias, terão tido sucesso. Do contrário, continuarão como os sapos da história, já que, para Amado Batista, os príncipes de Guarapuava são outros.

* Morador de Guarapuava. E-mail: marciorf@globo.com

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Cristina Esteche

Jornalista

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