*Reportagem com áudio/João Paulo Machado/Agência do Rádio
A capital da República começou a semana com as estruturas abaladas. Brasília ainda tenta assimilar o vazamento de conversas – no mínimo polêmicas – do ministro da Justiça, Sergio Moro, com integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato. No domingo (9), o site The Intercept Brasil tornou público diálogos privados entre membros do Ministério Público Federal e o ex-juiz Sergio Moro. Ao todo foram três reportagens e um editorial.
Segundo o Intercept, Moro teria sugerido a troca da ordem de fases da Lava Jato e dado conselhos e pistas sobre investigações. As suspeitas são de que as mensagens teriam sido acessadas por um ataque hacker a celulares e aplicativos de mensagens. O Intercept, porém, nega que o caso tenha envolvimento com a notícia da invasão de dados dos celulares do ministro Moro, divulgada na última semana.
A verdade é que a notícia do vazamento assustou Brasília e gerou reações por todas as partes. A oposição anunciou que vai pedir o afastamento de Sergio Moro do ministério da Justiça, e a suspensão dos procuradores Deltan Dallagnol e Laura Tessler, da força-tarefa da Lava Jato.
A deputada do PCdoB do Rio de Janeiro, Jandira Feghali disse que a oposição vai “obstruir todas as pautas, enquanto não forem tomadas medidas concretas em relação a isso”. O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil recomendou o afastamento temporário de Moro e Dallagnol de seus cargos.
Por outro lado, a força-tarefa da Lava Jato informou em nota que “há a tranquilidade de que os dados eventualmente obtidos refletem uma atividade desenvolvida com pleno respeito à legalidade e de forma técnica e imparcial, em mais de cinco anos de operação”. Na mesma linha do MP, Sergio Moro fala em “invasão criminosa” e não vê anormalidade em “supostas mensagens”
No Congresso, a Frente Parlamentar da Segurança Pública tomou posição à favor dos procuradores da República e do ex-juiz Moro. Em nota, eles disseram que um “duvidoso site” manipulou “livremente” o conteúdo publicado. O cenário ainda é nebuloso. E por isso, torna-se difícil a análise dos desdobramentos que o caso pode produzir nos próximos dias. Ainda mais porque não há como se ter ideia de quanto do conteúdo hackeado não foi publicado pelo portal.
A princípio, mesmo com todo o constrangimento, nada do que foi revelado configura algum crime que tenha sido cometido por Moro ou pelos integrantes da força-tarefa Lava Jato. A semana em Brasília, que começa nesta terça (11), será quente, agitada e deve reservar polêmicas.