Foram 27 fitas cassetes cheias de histórias, centenas de fotos, fac-símiles de documentos, horas e horas de conversas entre as várias viagens feitas juntos. Pesquisas em arquivos, recortes de jornais, centenas de fotos, e na cabeça do jornalista Carlos Fernando Huf, mais do que desejo, mas quase uma obsessão por imortalizar numa obra literária um pouco de quem é Nivaldo Krüger.
São 551 páginas de “Histórias políticas de outros tempos”, em que o jornalista traça uma biografia onde procura mostrar a evolução, ou a “involução”, como ele diz, dos costumes políticos no Brasil. São fatos reais, pitorescos, que são relatados pelo ex-prefeito de Guarapuava e por pessoas que conviveram com Nivaldo Krüger, nas várias etapas da sua carreira, desde Guarapuava até Brasília.
Mas por trás da obra está o jornalista Carlos Fernando Huf, um gaúcho de Soledade, mas que adotou Guarapuava desde 1974.
Após se dedicar esporadicamente em semanários locais por muitos anos, somente após a aposentadoria é que se dedicou em tempo integral ao extinto jornal Tribuna de Guarapuava, por cerca de 10 anos. “Paralelamente, passei a colaborar na edição de vários livros de Nivaldo Krüger”.
“Mais ou menos de 2002 a 2013, além do convívio em sua biblioteca e escritório de trabalho, viajei bastante com Nivaldo. E ele sempre gostou de contar sobre os episódios de sua vida política”.
Foi aí que, em dado momento, Huf sentiu que aquelas histórias não podiam se perder no tempo. “Falei-lhe de minha ideia de registrá-las, e ele gostou”.
Desde então, sempre que Nivaldo Krüger começava a contar alguma coisa, Huf diz que sacava do gravador que passou a carregar, e o ligava. “Com isso, muitas histórias já ouvidas, e até repetidas, ele se dispunha pacientemente a repetir, diante de um microfone com muito mais detalhes”.
O jornalista organizou um cronograma, com o qual foi preenchendo lacunas, com a narrativa a parir da infância, para adequá-la a um formato próximo de uma biografia tradicional.
Relacionei vários nomes de pessoas que ele ia citando, de coadjuvantes em várias fases. Depois de tirar dele tudo o que me pareceu relevante, parti para a oitiva de cada um desses coadjuvantes, a começar por dona Lenita, esposa de Nivaldo. Tudo sem pressa, ao sabor da vontade e disponibilidade de cada um.
Segundo Huf, alguns depoimentos não acrescentaram muita coisa, ou mesmo nada. “Outros, porém, permitiram a produção de narrativas muito boas, algumas impagáveis, cada um à sua maneira, dizendo aquilo que eu mesmo queria dizer, mas que ficaram muito melhor na boca de terceiros”.
Foram os casos de Candinho, Alfredo Gelinski, Guaracy Ribas, Sérgio Zarpelon e Célio Cunha, “os três últimos, batendo com tudo o que eu mesmo gostaria de dizer”.
De acordo com Huf, importantes também os depoimentos de Romualdo Kramer, Harry Focking (monocabo), Achiles Fornazzari, Edson Bastos, e o “impagável e para mim até então desconhecido, Orlando Mineiro, que se vivo, já passou dos 102 anos”.
Encerrada a fase de depoimentos, Huf disse que se fechou por algumas semanas no seu escritório, e “varejei de fio a pavio as pastas de arquivos, e mais algumas semanas na Unicentro, para onde já tinham ido boa parte desses registros”.
Editados todos os depoimentos, juntado documentos, fotos, recortes, Huf e Sinval Gome sentaram e foram montando o livro, sem pressa, bem ao estilo do Sinval.
Em 2016, tudo pronto, a Editora Esplendor estava acompanhando a tramitação do pedido ao Ministério da Cultura, de apoio pela Lei Rouanet. “Aí acontece o golpe de 2016 e não deu outra: 15 dias depois, com Alexandre Frota como conselheiro do ministro da Educação, a Esplendor me avisou que o projeto fora negado”.
Mas a fibra do jornalista e a força de vontade de ver o “filho nas mãos”, o fez bancar a edição. O livro já está sendo vendido pelo valor de R$ 70 o exemplar e pode ser encontrado em livrarias de Guarapuava. Huf ainda aguarda uma data para fazer o lançamento oficial na Unicentro.