22/08/2023
Cotidiano Guarapuava

Após palestra, adolescentes confessam que já tentaram o suicídio em Guarapuava

Cléber Ferreira inicia projeto-piloto sobre depressão e suicídio no Colégio Carneiro Martins

suicidio pixabay

(Imagem: Pixabay)

Depoimentos espontâneos de adolescentes mostram que alguns já tentaram o suicídio. As manifestações foram pelo WhatsApp do psiquiatra Cléber Ferreira, após palestra no Colégio Francisco Carneiro Martins. “Dois desses depoimentos, e de duas adolescentes disseram que tentaram se suicidar e que as mães disseram que era frescura”.

A falta de abertura de pais para o diálogo com os filhos também foram reclamações feitas ao psiquiatra após a abordagem do tema. Foi nessa quinta (1), no colégio que possui 1,5 mil alunos. Porém, inicialmente, participaram cerca de 100 estudantes entre 14 e 16 anos.

De acordo com o psiquiatra, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta o suicídio como a segunda maior causa de mortes na adolescência.  Dados demonstram que há um aumento de mortes nessa área no Brasil. Esse crescimento foi de 10,4% em adultos e 30% em jovens. “Há a alarmante média de 30 mortes por dia no país”.

DEPRESSÃO

Embora várias causas sejam levantadas, a maioria está ligada de alguma forma a transtornos mentais, como a depressão. E é justamente para identificar quadros depressivos entre jovens e pessoas de outras faixas etárias, que o psiquiatra começou um projeto-piloto e voluntário. A abordagem pretende ser feita uma vez por semana no Carneiro, Porém, será estendida a escolas da periferia da cidade.

Psiquiatra Cléber Ferreira em palestra no Carneiro Martins (Foto: Divulgação)

Conforme disse o psiquiatra é preciso discutir o tema na base, também no ambiente escolar. O objetivo é facilitar um diagnóstico de quadro depressivo e o devido tratamento, evitando assim as atitudes extremas de suicídio. “Eu entendi isso através do meu trabalho voluntário no hospital São Vicente atendendo jovens que tentaram o suicídio. Se a depressão não for tratada a pessoa poderá tentar tirar a própria vida em algum momento. Mas vamos tratar antes que tentativas aconteçam”.

Porém, o projeto surgiu por sugestão das filhas do médico, Maria Eugênia e Gabriela. “Elas me perguntaram por que eu não iria tratar o tema com os jovens nas escolas? Achei a ideia muito boa e vou me dedicar para que dê certo”.

Na primeira intervenção, nessa quinta (1), cerca de 200 alunos participaram”. Conforme disse o psiquiatra, a conversa mostrou que jovens estão sedentos por estes esclarecimentos.

“Temos que entender que falar sobre suicídio não é assustador e é um assunto do dia a dia deles. Faz parte da realidade de muitos ter colegas ou familiares que pensam ou já tentaram cometer suicídio”.

Assim, para conter os números, o psiquiatra entende que é necessário informação e criar multiplicadores. “Assim, as pessoas vão poder identificar sinais em pacientes que precisam de tratamento”.

Cristina Esteche

Jornalista

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