Uma das referências de uma unidade de progressão é a possibilidade dada ao interno de estudar e trabalhar. Para se ter uma ideia, em uma unidade como a PEG UP, a cada três dias trabalhados, o preso tem um dia remido na pena. Assim, essas chances têm sido promessa de uma transformação de vida, como afirma abaixo, um dos internos.
E ao participar de atividades que envolvem trabalho e estudo, ele e os outros 135 presos da PEG UP, reduzem o tempo dentro da unidade com a remição da pena.
“Te valorizam, aqui tem estudo, aqui tem disciplina, aqui tem muita remissão por leituras, trabalho. Então é a pessoa que quer mudar mesmo. Então aqui é o lugar certo”.
PARANÁ É O SEGUNDO DO BRASIL
Atualmente, o Paraná é o segundo Estado do Brasil, com o maior número de presos trabalhando. De acordo com o Departamento Penitenciário Estadual (Depen), são 7.002 presos custodiados que trabalham em projetos para a remição de pena, em todas as unidades penais do Estado.
Esses números representam 30% da população carcerária do Paraná. De acordo com o advogado criminalista e professor de direito penal Loêdi Lisovski, o nosso sistema foi projetado para a ressocialização pelo trabalho, como ele explica no vídeo abaixo.
Em entrevista exclusiva ao Portal RSN (vídeo abaixo), outro preso da PEG UP afirmou que são muitas as possibilidades de trabalho, dentro e fora da unidade prisional.
No Paraná, 1.727 detentos do Sistema Penitenciário do Estado trabalham em fábricas instaladas dentro das próprias unidades prisionais. Na Penitenciária Estadual de Guarapuava – Unidade de Progressão existem duas fábricas: uma de palitos e a outra de calçados de segurança.
Porém, como não há vagas para todos, quando o preso não vai para a fábrica, ele não deixa de trabalhar. Assim, ele poderá ser absorvido no canteiro externo, conforme a oferta. Ou ainda trabalhará na limpeza, na conservação e na manutenção da penitenciária.
Com isso, serviços de faxina e manutenção que seriam terceirizados, acabam sendo feitos pelos internos mesmo.
CONHECENDO A KADESH
Na PEG UP 47 internos trabalham na fábrica botinas da Kadesh, em diversos setores e funções. O turno é de 7h20 por dia, de segunda a sábado. A empresa que produz calçados de segurança tem matriz em Imbituva. Mas tem dentro da penitenciária, um braço da produção.
As máquinas não param. A produção média é de 4 mil pares por dia. Entre as funções, os internos fazem a costura programada do cabedal, que é a parte de cima da botina. Na ponta da agulha, a precisão da costura leva cerca de 15 segundos, como é possível ver abaixo.
RESPEITO
Thomas Israel Vaz de Lima Brandão é supervisor de produção. Está na empresa há apenas 1 ano e quatro meses. Mas falou com o Portal RSN sobre a relação que tem com os internos.
“É um trabalho tranquilo. O respeito é grande. É preciso respeitar para ser respeitado. Mas eles são funcionários da empresa. Tenho que tratar como funcionários. E o que diz respeito ao trabalho, tento ajudá-los”.
Conforme a direção da Penitenciária Estadual de Guarapuava – Unidade de Progressão, os internos se profissionalizam, conseguem a remição da pena e ainda se preparam para retornar ao convívio social.
“Incentivamos que os presos aprendam e se profissionalizem, para que ajude na reinserção deles ao mercado de trabalho após a estada no cárcere”, afirma o secretário Estadual da Segurança Pública, Rômulo Marinho Soares.
Na quinta reportagem da série “Liberdade Vigiada”, você vai acompanhar a segunda parte da reportagem sobre o trabalho que ajuda na remição da pena dos internos da unidade.
As vantagens para as empresas contratantes. Além disso, o salário que os presos recebem e com quem fica o dinheiro.
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