22/08/2023
Educação

Extensão Tecnológica Empresarial gera renda para bolsistas em Guarapuava

“Experiência!” é assim que o bolsista graduando em Administração, Diego da Conceição, define o projeto “Cooperativa das Costureiras da Associação de Moradores do Bairro Industrial do Xarquinho”, pertencente ao Programa Universidade Sem Fronteiras, financiado e desenvolvido pela Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti). E ainda completa dizendo “Uma coisa é você sentar na sala de aula, ouvir o professor falar, fazer os trabalhos e as avaliações. Outra bem diferente é na cooperativa, onde eu tenho conflitos e problemas reais, que não são estudos de caso ou simulações, e a sua reação diante deles acaba sendo diferente também”, ressalta.
O estudante de Administração afirma que por meio do projeto, coloca os conhecimentos adquiridos em sala de aula em prática; pois ele auxilia na parte operacional, produção e atualmente desenvolve um projeto de marketing para a cooperativa. “O projeto de marketing seria para divulgar o nome da cooperativa e o trabalho realizado, pois ainda é pouco conhecida em Guarapuava e região. Dessa forma, divulgamos a cooperativa, para obtenção de um nicho de mercado maior”. O bolsista relata que no início as costureiras compravam o material a um custo muito alto, e que isso se refletia diretamente no valor do produto final. Então foi realizada uma ampla pesquisa de fornecedores em que conseguiram o material 30% mais barato.
O projeto que é desenvolvido em um dos bairros mais pobres de Guarapuava, surgiu da necessidade do aumento de renda entre as costureiras do bairro. A presidente da Cooperativa de Costureiras do bairro Industrial Xarquinho (Cocbix), Rosinha Castro de Jesus, afirma que antes do projeto a concorrência entre as costureiras do bairro era grande e que sempre faltava trabalho. Então elas resolveram se unir e formar uma cooperativa, e hoje todas as 10 costureiras são moradoras do bairro.
“Tem surgido bastante encomenda, está até faltando costureiras. A minha renda dobrou e tem possibilidade de aumentar ainda mais, porque tem surgido muito trabalho”, avalia Rosinha. A presidente ressalta que estão sendo treinadas 12 costureiras, e que desse treinamento, as melhores serão contratadas. Ela ainda considera a contribuição do projeto do Programa Universidade Sem Fronteiras “o apoio técnico do projeto é muito importante, abriu caminhos, tirou nosso medo, porque tínhamos muita dificuldade na área administrativa e de contabilidade; e se não fosse essa equipe, nós não tínhamos conseguido montar a cooperativa”, considera.
Para a viabilização do projeto foram estabelecidas algumas ações, para a conscientização das costureiras sobre a importância do empreendimento e do trabalho em cooperativa. Foram realizadas reuniões com a equipe para discutir e planejar as ações que deveriam ser desenvolvidas mensalmente e avaliar os resultados das atividades desenvolvidas. Os bolsistas do projeto fizeram visitas técnicas, elaboração de material e apostilas para a realização de cursos, palestras e dinâmicas. Além de uma parceira com o SENAI para realização dos cursos de capacitação para a produção de peças de vestuários.
A coordenadora do projeto Raquel Virmond Rauen Dalla Vecchia, afirma que antes as peças eram produzidas na associação, que era um espaço pequeno e precário. “Essa foi a nossa primeira batalha! Pois para formar uma cooperativa, era necessário ter um endereço e nós não tínhamos. Um empresário cedeu este espaço, não pagamos água e luz, o que é um alívio nas finanças e acaba aumentando a renda das cooperadas. Foi realizado um contrato de comodato, até elas conseguirem outro local; e se não conseguirem ele se propôs a renovar o contrato”, afirma.
De acordo com a bolsista recém formada em Ciências Contábeis, Lorena de Toledo Ferraz Alves, o grande desafio foi à abertura da cooperativa. Ela relata que reunir a documentação necessária, levar para a Junta Comercial e para Receita Federal, para que fossem aprovadas, foi muito difícil. E como ela mesma confessa: “Foi uma escola! Estou no projeto desde o início e auxílio na área contábil, mas a abertura da empresa foi uma escola em que aprendi muito. Para quem está começando e nunca mexeu com isso é difícil. O processo é burocrático e demorado, nós levamos um mês e meio, só mexendo com documentação para a abertura da cooperativa. Isso é uma coisa que nós não aprendemos dentro da faculdade”, resume.
Atualmente a contadora, auxilia na parte de custos, produção, venda de produtos e lucro. “Elas ainda se sentem meio perdida, em função do preço de mercado que é o de grandes empresas, e não possuem uma grande competitividade. Então estou tentando justamente isso, adquirir essa competitividade”, declara. O que para a costureira, Jovilda da Luz, que antes trabalhava como vendedora autônoma fará muita diferença. “Estou na cooperativa desde o início e produzo em média de 12 a 15 peças por semana. Também sou a vendedora da cooperativa, eu vou até o cliente, ofereço o produto e fecho negócio; o difícil é fazermos preço frente a empresas grandes”, ressalta

Fonte: SETI

Cristina Esteche

Jornalista

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