Com papel estratégico no sistema de produção agrícola, o trigo é economicamente viável no longo prazo e decisivo para o equilíbrio agronômico da propriedade rural. Esta afirmação é consenso entre os especialistas que participaram do painel sobre o cereal nesta terça (15) primeiro dia de WinterShow.
“Analisamos de maneira puramente econômica os resultados da cultura do trigo ao longo das últimas 24 safras e podemos dizer que a produção valeu a pena, sim. A metodologia que propomos é a margem de contribuição, em que a junção de diferentes culturas ajuda a diminuir os custos fixos. Assim, o quebra-cabeça agronômico e financeiro tem trazido melhores resultados”, explicou o Pesquisador de Economia Rural da Fundação ABC, Claudio Kapp Junior.
“Porém, é preciso entender se essa união vai trazer uma margem de contribuição melhor do que ter uma cultura isolada. Para isso precisa dominar a cultura tecnicamente e entender quais são os melhores cultivares de trigo, por exemplo, e nisso as instituições de pesquisa podem ajudar”, acrescentou.
CULTURA DE GRÃOS
Além disso, o trigo é a principal cultura de grãos de inverno do Sul do Brasil e o Paraná é o maior produtor do país, responsável por cerca de 50% da produção nacional. “O cereal traz inúmeros benefícios agronômicos e econômicos para onde está inserido”, destaca a Pesquisadora Vladirene Macedo Vieira, da Embrapa.
Conforme o pesquisador da Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (Fapa) Juliano Almeida, as vantagens de se produzir o grão superam os desafios, principalmente no longo prazo. “A rotação de culturas tem efeitos importantes, como a deposição de palha, reciclagem de nutrientes e o controle de plantas daninhas, então a conta fecha e vale a pena, sim. Assim, não é preciso encher a propriedade. Plantar em cerca de 30% da área total, inserindo o trigo na rotação, já é suficiente para se atingir a sustentabilidade econômica, ecológica e agronômica a longo prazo”, afirma.
“Entendemos que o trigo sozinho é um cultivo que não gera muita rentabilidade como a soja, por exemplo, mas se deixar de cultivá-lo vai prejudicar todos os outros cultivos e principalmente a soja”, assegurou.
Juliano também aponta que quando se deixa de produzir e começa-se a trazer trigo da Argentina, a riqueza ficará concentrada no outro país, e não no Brasil.
CAMPANHA PLANTE TRIGO
Apesar de o Paraná ser o maior produtor de trigo do país, observa-se uma redução no plantio na região Centro-Sul do Estado nos últimos anos. Além disso, para buscar reverter esta situação, visando o equilíbrio agronômico, a Cooperativa Agrária lançou, nesta terça-feira, 15 de outubro, a campanha Plante Trigo.
“Queremos que o produtor volte a plantar trigo como já plantava antes. Uma proporção de 25% ou 33% já seria suficiente para trazer o equilíbrio agronômico. Além de financeiro para a propriedade”, elenca o Pesquisador da FAPA Juliano Almeida.
Além disso, contemplaria de forma integral a estratégia da Cooperativa Agrária para a industrialização dos produtos. Incluindo a farinha de trigo através do moinho, cevada com a maltaria, milho com a fábrica de grits e flakes, e soja com a indústria de óleo de soja. “Todas as indústrias dependem dessa produção. A princípio, tem que ser produzida pelos nossos cooperados, pois as indústrias foram feitas por eles e pagaram para processar os seus produtos”, explicou Almeida.
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