O talento da atriz guarapuavana Juliana Guiné vai preencher o palco do Teatro Municipal de Guarapuava na noite desta quinta (7), a partir das 20h. A entrada é de graça. O espetáculo faz parte do Festival de Teatro do Centro-Oeste (Feteco), da Unicentro.
Juliana integra o elenco da peça ‘Negro não nego’, do grupo Cena Hum, de Curitiba. O espetáculo, leva para o palco um compilado de textos de autores negros e outros escritos pelo próprio elenco. “É um olhar sobre o que é humano, ancestral, cultural”. De acordo com o elenco, é um grito de resistência em meio ao caos, é o sangue do povo preto escorrendo nas favelas e vielas.
‘Negro não nego’ fala sobre a resiliência, sobre respeito, afeto, alteridade e cidadania. Assim, a cada apresentação há adaptações sobre fatos atuais, como o assassinato da vereadora Marielle Franco. O caso de Rodrigo que teve seu guarda-chuva confundido com um fuzil e Pedro Henrique, asfixiado por um segurança.
MERGULHO INTERIOR
De acordo com Juliana, a peça resulta do trabalho de conclusão de curso, do Cena Hum. Assim, a atriz se formou em outubro deste ano. Conforme Juliana, é também em reflexões provocadas pela peça que Juliana se aprofunda na sua negritude.
“Estou aprofundando o meu contato com a minha negritude. Como é ser negro pra mim, como me encontro nesse sagrado feminino negro? Como é isso para a minha família? Tenho feito muitas pesquisas e veio essa peça que misturou tudo isso”.
Porém, para chegar à decisão de ‘mergulhar’ de corpo e alma na arte cênica, Juliana diz que passou por um processo de amadurecimento. “Desde pequena eu já dizia que seria atriz. Mas com o passar do tempo vieram outras prioridades, outras ideias”.
Entretanto, a menina de baixa estatura, mas de um talento que não possui dimensão, descobriu o amor pela dança tradicionalista. Mas a encenação ganhou espaço na poesia.
A ESCOLHA
Quando chegou a hora de escolher o curso universitário, Juliana optou por agronomia em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Porém, com o decorrer do tempo ela diz que uma inquietude tomou conta do seu interior. “Eu ficava só no quarto, só queria dormir, não queria ir à aula”.
Assim, o vazio precisava ser preenchido pela arte. “Após conversa com minha mãe, com minha família, veio a decisão de deixar o curso”. De acordo com Juliana, após pesquisas a escolha foi pela Cena Hum, em Curitiba, onde se formou.
“É uma escola maravilhosa onde vivo uma experiência única. É um mundo maravilhoso de muita poesia, de muita pesquisa, de muito estudo. Além de muito discernimento, muita desconstrução social interna e externa, muito humano”.
Entretanto, como em todo lugar, há o que Juliana chama de ‘facetas sombrias’. Assim, ela se refere a egos, competições. “É preciso muita cancha para passar por essas coisas que vivi e que estou vivendo. Mas estou aprendendo a conviver com isso tudo. É um processo de amadurecimento e sou muito grata a tudo”.
DESCRIÇÃO DE ‘NEGRO NÃO NEGO’
Resistência, humanidade, força, poder entre outras questões do negro na sociedade, do passado e do presente. Assim, a abordagem se dá com palavras, canto, dança e desenhos de corpos.
FICHA TÉCNICA
Negro Não Nego
Direção: Glayson Cintra
Companhia: Everson Silva, Juliana Guiné, Jéssica Santos, Loara Gonçalves, Luan Maciel, Matheus Moura, Silvester Neto, Vitor Hugo Amaral
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