22/08/2023


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Preço dos combustíveis pode subir, avisa Bolsonaro

Ataque dos Estados Unidos ao Irã já aumentou valor do petróleo em outros países e vai impactar no Brasil. "Se subir muito complica", diz Bolsonaro

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*Com Agência Brasil

Jair Bolsonaro, presidente (Foto/Divulgação)

O ataque dos Estados Unidos contra o Irã vai impactar no preço dos combustíveis no Brasil, segundo afirmou o presidente Jair Bolsonaro nesta sexta (3). ” “Que vai impactar, vai. Agora, vamos ver nosso limite aqui. Porque, se subir, já está alto o combustível, se subir muito complica. Agora, o que eu gostaria que vocês fizessem é que mostrasse para o povo duas coisas: primeiro que eu não posso tabelar nada. Pediram para tabelar carne. Já fizemos essa política de tabelamento no passado e não deu certo”.

Em busca de orientação, Jair Bolsonaro disse que tentou falar com o ministro da Fazenda e e com a Petrobras, mas nem Paulo Guedes e nem Roberto Castello Branco atenderam o telefone.

De acordo com a Agência Brasil, o valor do petróleo já subiu 4% na Ásia, chegando a $ 68,90 o barril tipo ‘brent’. É que o Irã e o Iraque estão entre os principais produtores mundiais de petróleo.

Assim, o valor do dólar frente ao real encerrou esta sexta-feira (3) subindo 0,74%, passando a valer R$ 4,056.

A CRISE

 A crise entre os Estados Unidos e o Irã se agravou com a morte do comandante de alto escalão da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã.  O general Qassem Soleimani  morreu durante ataque aéreo  disparado  pelos Estados Unidos em Bagdá, capital do Iraque.
Porém, o Departamento de Defesa dos EUA divulgou uma declaração na quinta (2). Disse que “sob o comando do presidente, as forças armadas dos EUA agiram defensivamente de forma decisiva, matando Qassem Soleimani para proteger os indivíduos americanos no exterior”.
Porém, a ação foi uma resposta ao ataque à embaixada norte-americana em Bagdá, na terça por pró-iranianos. Soleimani era o comandante da unidad Quds, uma brigada de forças especiais responsável por operações militares extraterritoriais do Irã que faz parte da Guarda Revolucionária Islâmica.Em contrapartida, o líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, sugeriu medidas retaliatórias contra os Estados Unidos. Khamenei disse que o assassinato do general Soleimani iria dobrar as motivações contra os Estados Unidos. Ele também disse que “uma retaliação severa espera aqueles que mataram Soleimani”.Assim, a representação diplomática dos EUA pediu aos norte-americanos no Iraque “que partam de avião o mais rápido possível” ou saiam “para outros países por via terrestre”. De acordo com a Agência Brasil, as principais passagens de fronteira do Iraque levam ao Irã e à Síria, mas há outros pontos de passagem para a Arábia Saudita e a Turquia.

VINGANÇA

Entretanto, os ataques norte-americanos contra o Irã geram tensão entre líderes mundiais. Após os Estados Unidos ter confirmado a autoria do ataque que matou o chefe da Guarda Revolucionária do Irã, Qassem Solemani, na última quinta (2), o preço do petróleo subiu, manifestações tomaram conta das ruas do Irã e a tensão mundial cresceu. O presidente iraniano, Hassan Rouhani, afirmou que irá resistir aos Estados Unidos e prometeu vingança.

O martírio de Soleimani tornará o Irã mais decisivo para resistir ao expansionismo americano e defender nossos valores islâmicos. Sem dúvida, o Irã e outros países que buscam a liberdade na região se vingarão.

De acordo com a presidente da Câmara dos Deputados norte-americana, a democrata Nancy Pelosi, a ação representa “uma escalada perigosa da violência”. Conforme Pelosi,  “os Estados Unidos – e o mundo – não podem permitir uma escalada de tensões que chegue a um ponto sem retorno”.

Diante da repercussão do episódio, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, buscou justificar o ato. Em sua conta no Twitter, declarou que Soleimani matou ou feriu “milhares de americanos por um período estendido de tempo e planejava matar muito mais” e acusou-o de participar da morte de manifestantes iranianos em seu país.“Embora o Irã não admitisse isso, Soleimani era odiado e temido em seu país. Eles não estão tristes como seus líderes querem fazer o mundo crer”. Trump acrescentou que as pessoas do Iraque “não querem ser dominadas e controladas pelo Irã”.

“HONRAR A MEMÓRIA”

Também pelo Twitter, o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, postou que o país vai “honrar a memória do Major Soleimani” e declarou três dias de luto. O presidente da República Islâmica do Irã, Hassan Rouhani, acrescentou que a “resistência contra os excessos dos Estados Unidos vai continuar” e que “o Irã vai se vingar deste crime hediondo”.

O ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zariff, afirmou que o “ato de terrorismo internacional” dos Estados Unidos, a força mais efetiva de luta contra o Estado Islâmico, é “extremamente perigoso e uma escalada tola”. O chanceler completou que os EUA são responsáveis pelo seu comportamento “aventureiro”.

O primeiro-ministro do Iraque, Adel Abdul Mahdi, condenou o ataque, classificando-o de uma “agressão ao Iraque, ao Estado, ao governo e ao seu povo”, bem como uma violação da condição das forças dos Estados Unidos no país.

OUTROS PAÍSES

Representantes do governo russo criticaram o ato e manifestaram apoio ao Irã. O diretor do Conselho da Europa para Relações Exteriores, Carl Bildt, apontou que a situação enfraquece o Iraque e faz o país mais propenso à atuação de grupos terroristas, como o Estado Islâmico.

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, manifestou preocupação com a situação e advogou pela redução do aprofundamento dos conflitos no Golfo. “Este é um momento em que líderes devem exercitar sua cautela. O mundo não pode permitir uma nova guerra no Golfo”, pontuou.

O ministro das Relações Exteriores do Canadá, François-Phillipe Champagne, divulgou nota em tom semelhante na qual convoca os governantes dos países envolvidos “de todos os lados” para não permitirem a escalada do conflito. “Nosso objetivo continua sendo um Iraque estável e unido”, continuou, acrescentando que o país possuía preocupação com a atuação do general iraniano na região.

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Cristina Esteche

Jornalista

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