22/08/2023


Comunidade Cotidiano Guarapuava

Bebê que nasceu com meio quilo ganha alta após 5 meses em Guarapuava

Aurora recebeu alta nesta segunda (10). "Nós nunca desistimos dela e o resultado hoje, está aí", afirmou uma das médicas que cuidou do caso

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Aurora, “a que brilha como ouro”, é protagonista de uma linda história de força e superação. A menina, nasceu prematura, com apenas 27 semanas, no dia 23 de agosto de 2019 no Hospital Santa Tereza em Guarapuava. Desde então, ela estava internada na UTI neonatal da instituição. É difícil alguém que não se emocione com a história de força de um ser tão pequeno. É mais difícil ainda, não admirar uma equipe médica que persiste, luta, batalha, e, melhor que isso, salva.

Nesta segunda (10) eu cheguei na UTI do hospital com muita expectativa, os relatos que nos foram repassados eram sempre carregados de emoção. Assim, ao chegar, fui orientada pelos profissionais em como lavar as mãos e então me deram roupas especiais para poder chegar perto da pequena Aurora. Ao entrar na sala onde ela estava com os pais, foi praticamente impossível conter a emoção.

As pessoas que ali estavam, se prepararam para a ocasião, as médicas que cuidaram com tanto apreço da criança, desde os primeiros momentos de vida, se programaram para juntas “entregar Aurora para o mundo”. As pediatras Aliçar Darwich, Ana Paula Lopes Ribeiro e Letícia Domingos de Lacerda, foram responsáveis pelo tratamento da bebê. Em um ambiente, agora, descontraído afirmaram que Aurora é uma garota de muitas mães.

Os pais de Aurora são moradores de Pinhão (Foto: Larissa Ortiz/RSN)

COMO FOI?

Conheci então, Jayne Doim Caldas de Oliveira, 19 anos, e Ronilson Caldas de Oliveira, 21 anos, os pais de Aurora. Ali eles viveram dias intensos e angustiantes até conseguirem levar seu bebê para casa. A mãe me explicou, com um sorriso tímido nos lábios como tudo aconteceu. Hipertensa, ela teve uma eclâmpsia e foi necessário fazer o parto de emergência.

Minha filha nasceu com 27 semanas, mas tinha tamanho de um bebê de apenas 22. Ela nasceu com 500 gramas, cabia na palma da mão. Foram quase 170 dias muito cansativos, mas de evolução para ela em termos de saúde e para nós em termos de amor. Cada vez que ela superava um obstáculo era mais um motivo de festa para mim. Hoje, é um dia de muita alegria, depois de muita espera, de muita luta, estou indo para casa com minha filha, graças a Deus.

Sobre as dificuldades ao longo deste período em que a menina esteve no hospital, Jayne destacou a distância. Isso porque, o casal é morador de Pinhão, e precisava se deslocar diariamente. A mãe, enalteceu ainda o empenho e dedicação dos profissionais que atenderam a filha.

Estiveram do meu lado desde o começo, tiveram muito carinho por minha filha e nos ajudaram a acreditar que levaríamos nossa pequena para casa. Seremos toda nossa vida gratos à elas pelo carinho, cuidado, respeito e responsabilidade que tiveram conosco.

O Hospital Santa Tereza fez 330 internações na UTI neonatal em 2019 (Foto: Larissa Ortiz/RSN)

MEDICINA

Uma das médicas responsáveis pelo caso de Aurora, é a pediatra Aliçar Darwich, a tia Aliçar. Ela me explicou que Jayne teve uma convulsão por conta de uma hipertensão. Assim, foi necessário o parto de emergência.

Ela nasceu com menos de 500 gramas. Perdeu peso e chegou a pesar 340 gramas. Eu tive que entubá-la com esse baixo peso, e fiquei com taquicardia no momento do atendimento. Ela ficou cinco meses entubada, teve várias intercorrências, mas está com o cérebro bom, os olhos bons, apenas com uma sequela no pulmão e por isso vai para casa com medicação.

Em minha curta vida de 31 anos, eu sempre tive aversão ao ambiente hospitalar. Me parece um lugar frio, sem sentimentos. Silencioso. Entretanto, o cenário que eu encontrei hoje, me transmitiu o sentimento de vida. De alegria. De conquista. Aliçar descreveu com clareza o sentimento de enviar Aurora para casa.

Para mim como mãe, como mulher, como pessoa, tirando a parte médica, é uma vitória entregar essa criança sadia, viva e com sequelas mínimas. Fizemos um grupo para diminuir a taxa de mortalidade aqui, e mesmo com as dificuldades, estamos conseguindo reverter esse quadro. E isso é muito gratificante.

Equipe médica se preparou para dar alta à Aurora (Foto: Larissa Ortiz/RSN)

UTI NEONATAL

A pediatra Ana Paula explicou que o Hospital Santa Tereza conta com seis vagas de internamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Somente em 2019, a UTI neonatal da instituição recebeu 330 internamentos, uma média de 28 por mês. Além disso, ela informou que a permanência destes pacientes no local é entre 10 e 15 dias. Mas existem as exceções como a Aurora.

Temos aqui, uma equipe comprometida. Temos uma demanda muito grande, atendemos muitos municípios, precisaríamos sim de mais vagas. Mas, precisaríamos ainda aumentar nossa equipe. Estamos com as portas abertas para os colegas que queiram trabalhar conosco. Nossa taxa de mortalidade é 4,8%, o que é mínima, pois na Região esse número supera 11%.

Antes e depois (Foto: Arquivo Pessoal)

Mais uma vez me emocionei com a intensidade da relação construída pela equipe médica e pela família.

Hoje é um dia de despedida, nos programamos para estar aqui. Cada um de nós tem uma história com ela. Aurora estará sempre presente em nossos corações. Várias vezes tivemos medo de perder ela. Ela precisou ser reanimada diversas vezes, e eu sempre dizia para a Jayne, ‘o não eu já tenho, então enquanto eu puder eu estarei lutando por ela. Enquanto existir 1% de chance, vamos batalhar’. Nós nunca desistimos dela e o resultado hoje, está aí.

Neste momento, Aurora já deve estar desfrutando de sua casa. Após mais de cinco meses conseguiu a tão sonhada alta. Ela segue o tratamento em casa e hoje pesa 1.920 gramas.

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Cristina Esteche

Jornalista

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