É preciso mudar o olhar sobre a saúde mental. As pessoas já padeceram por muito tempo de preconceito, de olhar e tratamento indevido em relação à doença [transtornos mentais]. Até porque todos somos suscetíveis de ficarmos doentes.
Essa afirmação é de Vilson Antonio Prudente, assistente social e responsável técnico pelo CAPS – Centro de Atenção Psicossocial de Pinhão. A temática veio à tona depois que uma paciente em depressão se deitou na PR-170 esta semana.
“É preciso ter um olhar mais sensível, mais humano em situações em que encontramos alguém em surto. Infelizmente não é a primeira vez que vivemos situações do tipo em nosso município”.
Com cerca de 32 mil habitantes, Pinhão não é diferente de outras cidades brasileiras quando o assunto é depressão. A doença da modernidade afeta cada vez mais o ser humano em pleno século XXI, nos quatro cantos do mundo. Em tempos de modernidade, o homem está mais conectado com tudo. Mas nem sempre conectado com afetividade ao próximo.
Assim, ao mesmo tempo que as tecnologias apresentam o mundo ao ser humano, estes ficam mais distantes uns dos outros. E a empatia, por exemplo, é um sentimento a tecnologia está sufocando nas pessoas. A cada dia, está mais escasso entre as pessoas. Quando se fala em internet então, é quase uma raridade.
MAIS EMPATIA
De acordo com Vilson Antonio Prudente, responsável técnico pelo CAPS de Pinhão, “é preciso ter um comportamento de maior empatia em relação a saúde mental”.
Vivemos em tempos em que o homem controla quase tudo. Cria mecanismos de alerta para dormir, acordar, tomar remédio, para fazer atividade física, para tomar água. Mas esqueceu que mesmo sendo chamados de máquinas, temos um diferencial: a emoção. Isso nenhuma máquina conseguiu reproduzir.
Conforme Vilson, o índice de pessoas com transtorno mental é alto na cidade. “Não é uma realidade exclusiva do nosso município [Pinhão]. É uma realidade, uma tendência mundial e uma realidade do nosso país”.
De acordo com o técnico responsável pelo CAPS, as doenças da mente estão aumentando. “Temos um CAPS I que atende a essas questões de saúde mental. Estamos atendendo atualmente cerca de 565 pessoas. Dos quais 263 são homens e o restante mulheres”.
A faixa etária dos pacientes com transtornos mentais varia entre 31 e 60 anos. Ao Portal RSN, Vilson disse que 60% dos pacientes com transtornos mentais se enquadram dentro do quadro depressivo, transtorno misto, ansioso e depressivo. “É a depressão do dia a dia que está adoecendo a maioria das pessoas”.
CAPS I – PINHÃO
O CAPS de Pinhão atende desde 2006. E conforme o responsável pelo centro, muitas pessoas já foram recuperadas. “Muito do comportamento da sociedade em relação às doenças mentais foi mudado. Hoje temos um atendimento humanizado. Porém, é uma questão de educação e saúde e que precisa ser enfrentada ainda”.
Assim, conforme Vilson, já ocorreram casos de exposição de pessoas doentes em situação de vulnerabilidade.
A pessoa quando está doente precisa ser protegida. Ser colocada em uma situação de cuidado. E não ser exposta como as redes sociais fazem, com uso indevido. Se não soubermos como nos comportarmos nessas situações, a saúde das pessoas doentes tende a se agravar.
FAMÍLIA TAMBÉM FICA DOENTE
De acordo com o secretário de Saúde de Pinhão, Ivonei de Oliveira Lima, a doença mental é uma das doenças mais terríveis. “Quando uma pessoa adoece, toda a família acaba ficando doente. Isso porque na maioria das vezes, a família não sabe como manejar um doente em surto. E depende de apoio médico e psicológico”.
Conforme o secretário, o trabalho desenvolvido no CAPS é multidisciplinar.
Fazem parte da equipe, um enfermeiro, técnicos de enfermagem, psicólogo e assistente social. E médico psiquiatra que atende consulta duas vezes por semana, dando suporte aos pacientes. Portanto é um trabalho diferenciado.
Assim, a ideia dos antigos hospitais, os manicômios em que ficavam os pacientes psiquiátricos presos em quartos com grade nas janelas, era desumana, tinha um atendimento desumano.
“Felizmente, isso é coisa do passado. A legislação modernizou, com novos mecanismos de manejo de paciente, onde paciente e família podem estar juntos. Um trabalho que tem dado resultado, embora uma doença mental é originada de uma depressão não tratada e que as vezes acaba fazendo a pessoa ter algo mais sério”.
SOCIEDADE
Por fim, é preciso esclarecer que a sociedade precisa se curar também. Se curar do preconceito, do bullying, da marginalização dos pacientes com depressão ou algum tipo de transtorno mental.
É necessário resgatar a empatia, e se colocar na posição de quem está doente, e tentar ajudar. Ou ao menos, procurar ajuda.
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