É lebre. Mas, se olhar bem, verás que é gato

Por Marcio Fernandes (*) –  A plaquinha, diminuta, não deixa dúvidas: azeite de oliva, 1 litro, R$ 12,90. O preço me chama a atenção, já que, na mesma prateleira, nenhuma garrafa de 500 ml do mesmo produto (mas de outras marcas) custa menos que R$ 11. Coloco a garrafa de 1 litro (marca italiana) no meu carrinho. Enquanto continuo as compras, resolvo ler o rótulo desta embalagem. Diz ali: ´Azeite refinado extraído da polpa de azeitona para fins culinários´. Espera um pouco: a plaquinha não falava em ´azeite de oliva´? Acho que quase caí em uma armadilha: era para ser uma lebre. Olhei bem e, pena, vi que era gato. A garrafa de 1 litro voltou para a prateleira.

O episódio acima, ainda que um tanto bobo, pode ser um bom exemplo de como são as relações supermercados-clientes em Guarapuava costumam se processar. Isso não envolve todos os supermercados, claro, mas os maiores têm uma predileção por relações nem sempre transparentes com seus consumidores. Queijos vencidos são uma especialidade de alguns. E, salvo informação de última hora, nenhum oferece cartão de fidelidade simples, cuja pontuação, em determinado momento, pode ser trocada por produtos ou similares, como o fazem algumas das maiores redes brasileiras. A chegada da gigante Walmart à cidade deve provocar uma pequena revolução neste segmento da economia local.

Bem que Walmarts de outros setores poderiam chegar logo a Guarapuava. Não raro, quem liga para um determinado prestador de serviço ouve do mesmo que está difícil atender a tal pedido, pois está ´meio apuradinho´, como se estivesse fazendo um favor – e não um negócio. Cumprir prazos de entrega é mais um problema crônico no município.

Nestas horas, Belchior me vem à cabeça: ´A minha alucinação é suportar o dia-a-dia / E meu delírio é a experiência com coisas reais´. E eu que só queria comprar um azeite de oliva baratinho…

* Morador de Guarapuava. E-mail: marciorf@globo.com