Guarapuava é o município mais afetado pela estiagem vivida pelo Paraná. Segundo o levantamento divulgado na tarde dessa quarta (8), o Estado está passando pela pior estiagem desde que o Sistema Meteorológico do Paraná (Simepar) começou a monitorar as condições do tempo, em 1997.
De acordo com o levantamento do Simepar, dos nove maiores municípios paranaenses, todos tiveram chuvas bem abaixo da média histórica entre junho de 2019 e março de 2020. Segundo o órgão de monitoramento estadual, em Guarapuava a diminuição no volume de chuvas foi de 47,2% neste período.
Ou seja, foram 809 milímetros contra uma média histórica de 1.533 milímetros. Conforme o levantamento, em todos os 10 meses analisados choveu menos do que o previsto no município. Destaque para março, que choveu apenas 30 milímetros ante a expectativa de 113 milímetros.
Assim, além de Guarapuava, houve uma redução de 33% na média de precipitação no conjunto de municípios formado por Curitiba, Ponta Grossa, Maringá, Londrina, Foz do Iguaçu, Cascavel, Guaratuba e Umuarama. De acordo com a explicação do coordenador de operação do Simepar, Antonio Jusevicius, o verão ficou marcado por precipitações muito abaixo do esperado.
AGRICULTURA
A estiagem é um verdadeiro desafio para os agricultores, pois estes dependem das condições essenciais para que os insumos possam geminar. De acordo com Dirlei Antonio Manfio, técnico agropecuário do Núcleo Regional de Guarapuava (NRG), que pertence a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (Seab), as culturas mais afetadas em função da estiagem na Região, serão as colheitas de feijão 2ª safra e a de batata.
Segundo Manfio, a produção de batata é considera pequena nos municípios do NRG quando comparada a outras culturas, como a da soja e a do milho. Porém, mesmo com os cerca de 3,5 mil hectares de plantação de batata, segundo o técnico do Deral, a colheita desse tubérculo é uma das maiores do estado.
SOJA
De acordo com o Departamento de Economia Rural do Paraná (Deral), a previsão da produtividade era de 3,6 mil quilos de soja por hectare. Entretanto, de acordo com o último relatório compilado nessa segunda (6), já foram colhidos 85% da soja plantada.
As colheitas devem se estender até o fim de abril. Mas, conforme Manfio, se não fosse a recente estiagem, o NRG bateria um novo recorde de produção deste grão.
CEVADA
O primeiro levantamento da cevada para a safra de 2020 mostra uma área de 62,6 mil hectares no Paraná, 3,6 % maior em comparação a 2019. Já a produção, estimada de 286,6 mil toneladas, representa um crescimento de 17,5 %.
Na Região de Guarapuava, principal produtora no Estado, a área de 35 mil hectares é 6,7% superior a 2019. Segundo, o engenheiro agrônomo, Rogério Nogueira, “o aumento da produção nesta safra deve-se a uma pequena quebra em 2019, quando a seca prejudicou a cultura”.
Além de Guarapuava, outros nove municípios fazem parte do Núcleo Regional. São eles, Campina do Simão, Candói, Cantagalo, Foz do Jordão, Goioxim, Pinhão, Prudentópolis, Reserva do Iguaçu e Turvo. As principais culturas são a da soja com 285 mil hectares cultivados, milho com 53 mil hectares e feijão com 30 mil hectares.
PARANÁ
A primeira estimativa da safra de inverno divulgada pela Seab, aponta que a produção total de grãos no Paraná poderá chegar a 41,2 milhões de toneladas. Esse volume é 14% superior ao da safra 18/19, quando foram produzidas 36,2 milhões de toneladas.
Segundo o secretário estadual da Agricultura, Norberto Ortigara, mesmo com a crise do novo coronavírus, os trabalhos no meio rural continuam. “Estamos recomendando a todos os agricultores e trabalhadores do setor o máximo de cautela e proteção”.
O relatório mostra uma evolução significativa da colheita da soja, que alcançou 85% da área estimada. Já a produção chegou a 20,7 milhões de toneladas, um recorde histórico para o Paraná, 28% maior do que o volume produzido na safra anterior.
Para o chefe do Deral, Salatiel Turra, “o recorde da safra 16/17 de grãos pode ser superado caso o Paraná apresente boas estimativas para a safra de trigo, que ainda não foi plantada”. A primeira avaliação da safra de inverno mostra que os cereais de inverno retomaram o crescimento de área, com um aumento de 4%.
PREVISÃO
Porém, as previsões não são animadoras. O relatório do Simepar mostra que o volume de chuvas no Paraná ficará abaixo da média normal no próximos seis meses.
De acordo com o coordenador de operação do Simepar, Antonio Jusevicius, o outono é marcado por uma diminuição natural da quantidade e frequência de chuvas. Ele afirma ainda que as chuvas recentes não são suficientes para repor o nível dos reservatórios.
“Toda chuva neste momento é bem-vinda. Mas como a previsão é de que ela não será longa no Estado, vai servir apenas para amenizar um pouco a secura do solo, não tendo impacto importante na retenção de água pelos reservatórios”.
Por fim, conforme a meteorologia do Simepar, a previsão para os próximos três meses, é de chuvas abaixo ou dentro da média esperada além de temperaturas pouco elevada ou próximas às registradas entre maio e julho.
Leia outras notícias no Portal RSN.