22/08/2023


Agronegócio Guarapuava

Produção de pinhão caiu entre 15% a 20% na Região de Guarapuava

A Região de Guarapuava detém 37% da produção paranaense de pinhão. Porém, o inverno pouco rigoroso do ano passado e a estiagem provocaram a redução da safra

pinhao_na_chapa_0003

Produção de pinhão caiu entre 15% a 20% na Região de Guarapuava (Foto: Gilson Abreu/AEN)

O tradicional pinhão, fruto típico do inverno paranaense, apreciado em sapecadas, assado na chapa ou cozido, não será a vedete deste ano. O inverno ameno do ano passado e a estiagem provocaram uma queda na produção paranaense.

De acordo com Dirlei Antonio Manfio, do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, lotado em Guarapuava, o Centro-Sul é a principal Região onde estão as araucárias no Estado.

Conforme o técnico, o Núcleo Regional de Guarapuava, composto por 10 municípios, concentra cerca de  37% da produção estadual. Essa Região, em 2019, representou 1.566 toneladas. Entretanto, a estimativa é que na atual safra, haverá redução entre 15% a 20% na produção de pinhão. Desta forma, na Região de Guarapuava, o volume deve chegar a aproximadamente 1.330 toneladas.

Portanto, além do pinhão estar escasso no mercado, os preços estão altos. Assim, em Guarapuava, por exemplo, os preços oscilam entre R$ 7,50 e R$ 8,50 o quilo. Porém, no campo o custo é de R$ 4,20.

Todavia, com venda liberada desde 1o de abril, até pouco tempo não se encontrava quase nada de pinhão novo. Em muitos locais, por esses mesmos valores, o que está sendo vendido é pinhão congelado da safra passada.

Conforme Manfio, o pinhão normalmente é coletado nos campos depois que as pinhas debulham naturalmente em decorrência da maturação. Esse processo possibilita a alimentação da fauna, além da difusão da espécie, pois as sementes são carregadas e espalhadas por animais. Mas há também extrativistas que derrubam as pinhas com auxílio de instrumentos.

Muitas sementes são vendidas diretamente aos consumidores, até mesmo nas beiras de estrada. Por isso, é difícil ter controle total sobre o volume da produção. No ano passado, a estimativa é que o Paraná produziu 4,28 mil toneladas de pinhão. A safra começa em abril e normalmente se estende até junho.

QUALIDADE

Se a produção está baixa, o mesmo não se pode afirmar com relação à qualidade da semente nova recolhida no campo. “Está excelente”, atestou Manfio, um dia depois de ter comprado e experimentado. “O aspecto é muito bom, a semente está saudável e o sabor é dos melhores”.

No entanto, o técnico relatou que, nos supermercados do Centro-Sul, nem sempre é possível encontrar produto com a mesma qualidade. Conforme Manfio, o “atravessador” prefere fazer uma carga fechada e levar para grandes centros comerciais. Em consequência, na Região ficam pinhões de qualidade inferior, cujo transporte não é viável economicamente.

As normas estabelecidas pelo órgão ambiental, sobretudo com relação ao início da colheita, têm como objetivo proteger a reprodução da araucária, árvore símbolo do Paraná e sob ameaça de extinção. Além disso, possibilita que as famílias tenham uma renda melhor e a saúde dos consumidores seja preservada com acesso a produto mais maturado.

Leia outras notícias no Portal RSN.

Cristina Esteche

Jornalista

Relacionadas

A missão da RSN é produzir informações e análises jornalísticas com credibilidade, transparência, qualidade e rapidez, seguindo princípios editoriais de independência, senso crítico, pluralismo e apartidarismo. Além disso, busca contribuir para fortalecer a democracia e conscientizar a cidadania.

Pular para o conteúdo