A greve dos Correios, iniciada desde o dia 18 de agosto, continua. Em audiência conciliatória no Tribunal Superior do Trabalho nesta sexta (11), não houve acordo entre os representantes dos trabalhadores e a empresa. Assim, o julgamento está marcado para próximo dia 21 de setembro. A paralisação se deve ao não cumprimento do acordo coletivo de trabalho de 2019. Conforme o TST, esse acordo teria validade por dois anos. Em Guarapuava, atualmente, a adesão dos funcionários é de 66%.
Entre tentativas de acordos, a greve segue sem conciliações há 24 dias. De acordo com Cinthia Alves, jornalista do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Comunicações Postais, Telegráficas e Similares do Paraná, mesmo sem pedir reajustes, a negociação tem sido difícil. “Houve uma tentativa de conciliação no TST. Ela foi solicitada pelo Ministério Público do Trabalho, na qual a ministra Kátia Arruda pediu que a direção dos Correios mantivesse o Acordo Coletivo dos empregados. Assim, vigente até o fim do estado de emergência da covid-19, já que eles não não estão pedindo reajuste. A direção dos Correios se recusou a negociar qualquer pedido e manteve o fim do Acordo Coletivo, retirando 70 cláusulas”.
EM GUARAPUAVA
Conforme Alexander Menezes, funcionário de Guarapuava e da diretoria do SINTCOM-PR, a greve continua justamente pela falta de acordo e benefícios cortados. Entre elas a licença-maternidade de 180 dias, pagamento de adicional noturno. Além do auxílio-creche e indenização por morte. “Os salários dos Correios são os mais baixos de todas as estatais. E ao longo dos últimos 20 anos essa defasagem foi amenizada. E agora, os benefícios que estão sendo cortados. Entre eles, está o auxílio para dependentes portadores de necessidades especiais. Dessa maneira, interrompeu o tratamento de milhares de dependentes nessa condição”.
FUNCIONAMENTO NAS AGÊNCIAS
Quanto ao atendimento e entregas, o sindicato da classe, está orientando o atendimento prioritário. Ou seja, entrega somente de remédios, vacinas, coletas de exames laboratoriais e alimentos. De acordo com Cinthia, os trabalho dos Correios é essencial. “Se os trabalhadores foram considerados essenciais para manter a economia girando e garantir a comodidade das pessoas em casa, na pandemia, o mínimo que se quer, é a garantia de condições para um trabalho digno. E não a redução de direitos e salários, enquanto os Correios aumentam os lucros em mais de 20%. Foram R$ 650 milhões de lucro só no primeiro semestre”.
PRIVATIZAÇÃO
De acordo com Alexander, a possível privatização é prejudicial. “A empresa sem contratações desde 2014, tem gerado uma queda acentuada na qualidade dos serviços prestados à população. Esse fato está sendo usado para colocar a opinião pública a favor da privatização, além de gerar uma série de doenças ocupacionais”.
Além disso, ele acredita que a privatização pode interromper a prestação de serviços em cidades com menos de 200 mil habitantes. É que as empresas privadas não tem interesse e nem condições de atendê-las. “Os Correios atuam como suporte para milhares de operadores logísticos privados. Eles usam a estrutura para conseguirem prestar serviços mais caros que os dos Correios. Também atuamos na regulação das tarifas, pois praticamos preços menores devido à nossa escala. Com a privatização os operadores privados estarão livres para praticar as tarifas que quiserem”.
CONFUSÃO NAS INFORMAÇÕES
Posteriormente, quando a greve já havia avançado, uma liminar foi expedida pela ministra Kátia Arruda a pedido dos Correios. De maneira que os trabalhadores mantivessem 70% de efetivos nas unidades. Porém, a empresa declarou ao TST que a greve já tinha 70% de adesão. Contudo, enviou releases à imprensa, dizendo que a adesão grevista era somente de 16%.
Conforme Cinthia, a Federação dos Trabalhadores entrou com embargos de declaração. Agora a ministra quer que a direção dos Correios comprove qual a verdadeira adesão. “Para o TST a empresa disse uma coisa e para a imprensa disse outra.
Porém, segundo o sindicato desde o início os funcionários se colocaram à disposição para o diálogo e negociação. “Mas a política do general Floriano Peixoto de inflexibilidade e retirada de direitos não permitiu que chegássemos a um acordo”.
RESPOSTA
Por fim, os Correios, em nota oficial e em um último pronunciamento sobre a greve, se declararam firmes na decisão de romper com o acordo e pensar na economia da empresa.
Desde o início da negociação do Acordo Coletivo de Trabalho 2020/2021, os Correios têm sido transparentes sobre a sua situação econômico-financeira, agravada pela crise mundial causada pela pandemia de Covid-19. Conforme já amplamente divulgado, a empresa não tem mais como suportar as altas despesas, o que significa, dentre outras ações que já estão em andamento, discutir benefícios que foram concedidos em outros momentos e que não condizem com a realidade atual de mercado, assegurando todos os direitos dos empregados previstos na legislação.
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