Está sendo grande a corrida de partidos políticos atrás de candidatas. Em Guarapuava, até o momento a única informação que se tem é que apenas o Solidariedade conseguiu cumprir a cota. “Temos mulheres de sobra”, proclama o pré-candidato a prefeito Gilson da Ambulância. Conforme ele diz, essa demanda se deve ao trabalho de conscientização feito junto à militância. “Mostramos a importância da mulher participar da política”. Isso é o que ele afirma.
Porém, um dos partidos que tem história na valorização feminina na política, mesmo antes das cotas, é o PT. Porém, o partido ainda não conseguiu ter as 10 candidatas previstas pela legislação eleitoral. E olha que o trabalho de educação política dentro do partido é histórica. De acordo com um das pré-candidatas, ainda faltam quatro mulheres na chapa.
Nos demais partidos, pelas informações que se tem, a situação também não é diferente. É que com o veto às coligações proporcionais, cada legenda deve ter ao menos 30% de nomes femininos nas urnas. Quem não conseguir vai perder candidaturas masculinas. A conta é simples. Uma mulher candidata vai permitir que dois homens também disputem uma das vagas do Legislativo Municipal nas eleições deste ano, por exemplo. Ou seja, uma mulher que desiste, serão dois candidatos a menos.
E O DINHEIRO?
Entretanto, a conta das mulheres também implica na questão financeira. Embora 30% dos recursos do Fundo Eleitoral sejam destinados para as candidaturas de mulheres, tudo indica que o valor seja irrisório. “Vai dar muito pouco”, confessou a liderança de um partido político de Guarapuava em conversa informal.
Essa insegurança financeira está sendo um dos principais entraves. “Não vou ser candidata ‘laranja’ só para eleger homens. Queremos condições de fazer um trabalho que nos permita ter competitividade. Eu não tenho condições pra isso e por mais que a gente no grupo do partido, ninguém responde.” Essa reclamação foi feita por uma pré-candidata a esta coluna.
Porém, um dos efeitos colaterais da reserva de vagas e de Fundo Eleitoral é a candidatura de pessoas usadas apenas para cumprir a cota. Em 2016, por exemplo, mais de 16 mil candidatos no Brasil não tiveram nem o próprio voto. Desses, mais de 14 mil eram mulheres, segundo o TSE.
Bom, segundo o Tribunal Superior Eleitoral, são 77 milhões de mulheres votantes no país. Ou seja: 52,5% do total de eleitores. Apesar disso, 70% dos cargos eletivos ainda são ocupados por homens. Portanto, está mais do que na hora de reverter esse cenário. Afinal, em Guarapuava há candidatas que se, eleitas, poderão mudar o perfil da Câmara. Mas para isso é preciso contar com outras mulheres. Daquelas que vão às urnas. Que tal encarar esse desafio?
CONTRASSENSO
Há liderança feminina de ‘peso’ apadrinhando candidatos. Nada contra. Mas o discurso sempre foi de valorização da mulher em todos os sentidos. Agora, a prática não seria contrassenso?
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