22/08/2023


Guarapuava Segurança

Defesa de Manvailer quer convocação de Ratinho Junior para depoimento

Defesa afirma que instituir 22 de julho como Dia de Combate ao Feminicídio, deduz que Manvailer cometeu feminicídio. Defesa sustenta suicídio

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Defesa sustenta tese de que Tatiane se matou (Foto: Arquivo/RSN)

Os advogados de defesa do professor Luis Felipe Manvailer, acusado de matar a esposa, a advogada Tatiane Spitzer, em 22 de julho de 2018, afirmou que pretende convocar o governador do Estado do Paraná, Ratinho Junior, para depor no caso. A informação está no Portal Bem Paraná.

De acordo com as informações, o advogado Cláudio Dalledone Jr, argumenta que a lei 19.873/2019, que instituiu 22 de julho como o Dia Estadual do Combate ao Feminicídio, pode sugestionar a opinião pública. De autoria da deputada Cristina Silvestre (Cidadania), o governador sancionou a lei no ano passado. Em nota, a deputada Cristina questiona o pedido, já que a publicação da lei de combate ao feminicídio não faz nenhuma menção à Tatiane Spitzner (leia na integra ao final da matéria).

Além disso, a defesa cita o ‘ineditismo’ da convocação de um governador na Justiça, nessas circunstâncias. Assim, a defesa do professor alega que a advogada se jogou do prédio.

Se a lei é de combate ao feminicídio, em memória de Tatiane, no dia da morte dela, o que se deduz? Que Luis Felipe Manvailer cometeu feminicídio. É um prejulgamento. Como representante do povo, do povo que vai julgar o professor, o governador está influenciando os jurados.

Desse modo, caso consiga a presença de Ratinho Junior no tribunal, Dalledone diz que ‘o governador vai ter de dizer onde estava na cena; qual sua participação no inquérito, e o quanto é investigador para apontar que Luis Felipe Manvailer é autor de feminicídio’.

Por fim, no dia 20 de julho, a Justiça determinou que o júri popular de Manvailer fosse agendado. A polícia prendeu o professor ainda na madrugada de 22 de julho na BR-277. Por fim, Luis Felipe continua preso na Penitenciária Industrial de Guarapuava (PIG) há 487 dias.

OUTRA SOLICITAÇÃO

Outro pedido também movimenta o caso Tatiane Spitzner este mês. A defesa do professor solicitou judicialmente a mudança de onde ocorrerá o julgamento. Os advogados sugerem que Foz do Iguaçu seja a cidade que receberá o júri. Segundo a defesa, os cidadãos de Guarapuava não seriam imparciais. Entre os motivos, alegados pelos representantes de Manvailer, estão a manifestação na Praça 9 de dezembro, com 89 cruzes em memória à Tatiane, e um vídeo publicado no Instagram da Prefeitura, no Dia de Combate ao Feminicídio.

Para Gustavo Scandelari, representante da família Spitzner, no entanto,a solicitação não se justifica, uma vez que a causa ganhou ampla repercussão nacional e até internacional. No Facebook, por exemplo, a página Todos por Tatiane Spitzner, criada pela família, reúne mais de 44 mil pessoas, de diferentes regiões do país.

A própria defesa se contradiz quando afirma, no pedido, que também Curitiba seria uma cidade inadequada para a realização do Júri, por conta de manifestações que houve na capital. A defesa parece acreditar que pode ela mesma escolher o local do julgamento.

Scandelari lembra que a defesa afirma querer o júri, mas tem feito pedidos protelatórios no caso, citando a oitiva do governador.

NOTA OFICIAL

“Apesar do dia 22 de julho ser o dia da morte da advogada Tatiane Spitzner, a publicação da lei 19.873/2019 não faz nenhum tipo de menção específica a Tatiane. A data escolhida para a Lei Estadual de Combate ao Feminicídio é em alusão a todas as mulheres que hoje estão em situação de violência doméstica e que correm risco de chegar ao último grau do ciclo desta violência, que é, justamente, o feminicídio. A própria Tatiane, inclusive, foi vítima de violência, com imagens em vídeo que comprovam isso e que foram divulgadas após a sua morte.

Além disso, até então, o Estado do Paraná não possuía nenhuma data específica de combate à violência doméstica de mulheres. A deputada Cristina Silvestri, enquanto forte defensora dos direitos femininos, já vinha articulando há meses a criação de uma lei específica neste sentido, frente aos crescentes números de violência e feminicídios no Paraná. Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública (SESP), em 2018, 57 feminicídios foram registrados no Estado. Em 2019, foram 89. E em 2020, apenas no primeiro trimestre, já tínhamos 23 registros.

Combater o ciclo da violência doméstica para resgatar a dignidade de mulheres e evitar feminicídios é urgente não só no Paraná, mas no mundo. E qualquer ação que tente invalidar o combate à violência de mulheres deve ser fortemente refutada”.

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Cristina Esteche

Jornalista

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