O Estado do Paraná continua enfrentando a maior seca da história. De acordo com o técnico Dirlei Manfio, do Departamento de Economia Rural (Deral), mesmo que em algumas Regiões tenha chovido mais que outras, o volume continua bem inferior às médias históricas.
Conforme o técnico, a escassez de chuva se arrasta desde junho de 2019, até os dias atuais. “Anteriormente havíamos relatado este problema até maio de 2020. Mas de lá pra cá vem persistindo este déficit hídrico”.
Entretanto, na estação do Simepar de Guarapuava, por exemplo, a média de chuva dos últimos 20 anos foi de 96,1 mm. Porém, em agosto deste ano, esse volume foi de 230,0 mm. Ou seja, o volume de chuva foi de 139% acima da média nesta estação meteorológica. Todavia, o mesmo não se verifica em outras Regiões do estado.
Assim, a pesquisa feita por Manfio, analisou as precipitações pluviométricas do 3º trimestre de 2020. assim sendo, atingiu praticamente todo o inverno. “Trata-se de um período de menores volumes de chuvas. O que influencia diretamente na produção dos cereais de inverno, a segunda safra de milho e toda a cadeia produtiva da pecuária”.
GRÁFICO
O gráfico abaixo apresenta a evolução do volume de chuvas em julho de 2020. Trata-se de comparação com a média histórica dos últimos 10 anos (2010 a 2019).
MÉDIA INFERIOR
Nota-se que em julho de 2020 em todas as Regiões do estado o volume de chuva foi muito inferior à média histórica. De acordo com Dirlei Manfio, o destaque fica com a Região Noroeste. com apenas 9,2 mm. Isso equivale a 11% da média deste mês, apresentando uma redução de 89% no volume. Conforme o relatório, na sequência, a Região Norte que teve redução muito grande, com 13,9mm. Ou seja, 83% a menos de chuva em relação à média.
Na Região Sudoeste, composta pelos Núcleos Regionais da SEAB de Francisco Beltrão e Pato Branco, o volume de precipitação em julho representou 53% da média dos últimos 10 anos. Assim, foi a Região que apresentou a menor diferença em relação à média histórica, onde também foi registrado o maior volume, 58,1 mm.
Em agosto de 2020 foi diferente. Por ser um período que geralmente as precipitações pluviométricas são baixas, ou seja, o mês com o menor volume de chuva do ano.
SIMEPAR DE GUARAPUAVA
Conforme Manfio, na estação do Simepar de Guarapuava, por exemplo, a média de chuva dos últimos 20 anos foi de 96,1 mm. Todavia, em agosto deste ano, esse volume foi de 230,0 mm. Ou ou seja, o volume de chuva foi de 139% acima da média nesta estação meteorológica.
“Por mais que agosto de 2020 tenha registrado volume acima da média histórica, precisamos esclarecer que a estiagem persiste em todas as Regiões do estado. Pois mesmo que o volume tenha sido considerado grande, anormal para este período, ocorreu durante nove dias seguidos. Porém, não amenizou a escassez de água em várias Regiões. Apenas suavizou o drama da falta de água.
ALENTO
As chuvas de agosto trouxeram um pouco mais de esperanças para os produtores. Conforme Dirlei Manfio, do Deral em Guarapuava, a chuva trouxe novamente umidade para os cereais de inverno se desenvolverem. Assim, evitou-se que as perdas na produtividade aumentassem mais ainda.
“Na Região de Guarapuava por exemplo, aliviou e muito. Pois as lavouras estavam entrando em fase defloração e frutificação”.
CHUVAS DE SETEMBRO
Os maiores volumes de chuva em setembro registrou-se nas regiões do Litoral e Sul, com 46,8 mm e 33,4 mm. Entretanto, também inferior a média. A Figura a
seguir demonstra as anomalias existentes em relação ao volume de chuva.
REGIÃO DE GUARAPUAVA
Por mais que o mês de outubro tenha começado com chuva em vários municípios do estado, a estiagem continua. De acordo com Dirlei Manfio, os volumes registrados até o dia essa terça (6) apresentaram-se muitos irregulares. Por exemplo, na Região Sudeste, choveu de 4 a 5 mm, em apenas duas estações meteorológicas das oito existentes nesta Região.
Na única região que choveu praticamente em todas as estações meteorológicas foi a Região Sul. Mas os volumes foram superiores a 40 mm somente nas proximidades de
Laranjeiras do Sul, Pinhão, Candói, Guarapuava e Castro.
Entretanto, nas demais Regiões o volume foi bem menor. Na Região Metropolitana de Curitiba, onde a escassez de água para o consumo humano persiste, os volumes oscilaram de 1 a 6 mm.
Conforme Dirlei Manfio, nas regiões Oeste, Centro-Oeste, Noroeste e Norte praticamente não choveu nestes cinco primeiros dias de outubro. E nem chegou a registrar 1 mm em algumas estações meteorológicas localizadas nos municípios que compõe estas Regiões.
Existem previsões de chuva nos próximos dias, mas temos que estar muito cientes que esta estiagem é a maior e mais prolongada registrada até o momento.
A anormalidade climática deste ano não está apenas nas precipitações pluviométricas, mas também nas temperaturas. As temperaturas máximas registradas no Paraná tem batido recordes históricos em várias regiões. As altas temperaturas também justifica o elevado consumo de água neste momento delicado.
Na estação meteorológica do Simepar localizado no município de Guarapuava, considerada uma das regiões mais frias do estado, percebe-se que até o momento, as temperaturas máximas de setembro e outubro, nos últimos 21 anos foram registradas em 2020, conforme exposto na figura abaixo.
MÉDIA DE TEMPERATURA
A média da temperatura máxima nos últimos 20 anos foi de 29,7 ºC para o mês de setembro. Conforme Dirlei Manfio, entre 2004 e 2019 a temperatura máxima foi de 31,8 ºC. Entretanto, em 2020 chegou a 34,1 ºC, a mais alta durante o período analisado, segundo o técnico.
Em outubro, a maior temperatura foi registrada no último dia 2 de outubro, que chegou a 35,3 ºC em Guarapuava. Em anos anteriores, foi registrado 33,6 ºC em 2014 e
novamente em 2019. Assim, a média da temperatura máxima deste mês é 30,7 ºC, nos últimos 20 anos.
“Portanto, além da estiagem estamos registrando temperaturas acima da média para a época do ano. Além de vir acompanhada pela incidência de mais ventos. Com esse conjunto, a umidade tanto do solo como do ar ficam muito baixas”.
Conforme Manfio, as consequências de todas essas anomalias estão pactuando diretamente no campo. Com redução nas produtividades das culturas sendo colhidas e o atraso no plantio das culturas de verão. Tudo isso, também deve influenciar na semeadura das culturas da segunda safra no ano que vem.
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