22/08/2023
Segurança

Tentativa de fuga abre fissura entre a Corregedoria e a Polícia

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Uma determinação dada pela Juíza Corregedora dos Presídios, Christine K. Bittencourt  (foto) à Polícia Militar em meados deste ano não está sendo cumprida. A constatação veio à tona nesta segunda-feira (13), após a tentativa de fuga de 37 presos da Cadeia Pública de Guarapuava. A situação também mostrou um caso de desrespeito da polícia em relação à Juíza abrindo uma fissura entre a Corregedoria dos Presídios e a Polícia Civil.
“Em junho determinei à delegada-chefe da 14° SDP que não houvesse nenhuma operação bate-grade por parte do Pelotão de Choque da Polícia Militar sem a minha presença e a do Ministério Público (Promotora Márcia Borvietti). Hoje quando cheguei na Cadeia após ter sido avisada por uma ligação anônima após o almoço, sobre a tentativa de fuga, o bate-grade já havia sido feito mesmo sem nos avisar. Quando entrei para ver a situação pedi que o Pelotão continuasse na Delegacia, mas quando retornei os policiais já tinham ido embora. Me senti desrespeitada também por parte de outras autoridades”, desabafou a juíza. Em seguida, Christine ligou para o comandante do 16° Batalhão da Polícia Militar, major Daniel dos Santos que mandou o Pelotão de Choque de volta à Delegacia. O major foi procurado pela RSN, mas de acordo com a Assessoria de Imprensa da PM, o comandante estava fora do quartel.
De acordo com a juíza, a operação que busca apreender material feito e/ou recebido pelos presos e que oferecem não apenas perigo de fuga, como também servem de armas dentro da Cadeia, vem sendo realizada de forma truculenta.
“Os policiais entraram nas celas atirando com balas de borracha, colocaram os presos nus lá fora. Cada vez que o Pelotão de Choque entra lá é esse problema”, diz.
De acordo com Christine K. Bittencourt, apesar da resistência do comando da Polícia Civil em Guarapuava e do próprio Instituto Médico Legal (IML) que alega falta de médicos legistas, a juíza determinou que todos os presos envolvidos na tentativa de fuga fizessem exame de corpo delito ainda nesta segunda-feira. Todos estão machucados.
O Ministério Público foi convidado pela juíza e esteve na Cadeia para constatar a situação. Estavam lá os promotores Claudio Cortesia, Márcia Broietti e Marcelo Rodolfo Rodrigues. Quando contatados pela RSN os três já haviam encerrado o expediente.
Familiares dos presos envolvidos e de outros estão à procura de informações sobre a visita que acontece semanalmente às sextas-feiras. “Só pedir que peçam informações à delegada, porque as minhas ordens não são cumpridas. Estou chocada e apreensiva com essa situação”, diz a juíza.

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Cristina Esteche

Jornalista

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