Os últimos dias de 2020 marcaram a revolta da comunidade do bairro Xarquinho em Guarapuava. Isso porque em uma reunião feita no dia 21 pelo Núcleo Regional de Educação de Guarapuava, a secretaria afastou a então diretoria do colégio Dulce Maschio, a diretora Jaqueline de Andrade Borges e também vice Joelma de Fátima Alves de Souza. Na ocasião, a secretaria apontou um baixo desempenho dos alunos em frente à pandemia.
A diretoria questiona a frieza com que as professoras foram tratadas, sem levar em consideração que muitos alunos não tem acesso à computadores, internet e celulares. E, muitos dos que tem acesso à isso, possuem uma rede de internet que não permite que participem de todas as atividades. Portanto, não discorda dos critérios impostos, mas da falta de sensibilidade com a subjetividade e as questões sociais do bairro.
Entre os critérios da secretaria, estão a participação dos estudantes nas aulas não presenciais, número de acessos ao sistema, desempenho, frequência e rendimento dos estudantes.
Em primeiro momento, a eleição para definir os novos diretores dos colégios estaduais foi suspensa pela Justiça. Dessa maneira, o Governo Estadual decidiu pela prorrogação dos mandatos. Contudo, os diretores e auxiliares de escolas estaduais que não cumpriram os critérios estabelecidos pela Secretaria de Educação do Paraná não terão os mandatos, que terminam neste mês, prorrogados até julho de 2021.
ENTENDA O CASO
Na reunião, o assunto do baixo desempenho foi discutido apenas pela maneira que as dirigentes conduziram o colégio durante a pandemia. Desse modo, não apresentando os verdadeiros fatores do problema, como a situação do bairro e a falta de acesso à internet. Em nota criada pela Associação dos Moradores do Bairro Xarquinho, os moradores defendem a diretoria e repudiam a ação do núcleo.
A atitude do Núcleo demonstra seu total desconhecimento na condição do bairro Industrial Xarquinho, principalmente em seu aspecto econômico e social. Mais do que isso: a conduta do Núcleo auxilia para que problemas históricos do bairro se perpetuem, uma vez que somente a educação pode mudar a realidade da comunidade como um todo.
Além da nota de repúdio, a AMBIX também organizou um ato em favor da diretoria da escola no mesmo dia da reunião. Com cartazes dizendo que o amor é fundamental para a educação.
TRAJETÓRIA
Eu e meu grupo de professores e funcionários nos sentimos desrespeitados. A comunidade em que a escola está inserida está se sentindo desrespeitada porque todo o trabalho de cinco anos… cinco anos, que não foram cinco dias, todo trabalho como gestora do colégio Dulce foi desconsiderado. Toda prestação de conta correta, toda evolução na questão do prédio, toda condução de conflitos que nós tivemos. Eu tenho uma proximidade da comunidade invejável, posso dizer. A coisa positiva que estou levando disso tudo é o amor e o respeito da comunidade por nós.
De acordo com a diretora, na reunião, outra questão que o NRE desqualifica é quanto ao Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Ela aponta que o NRE disse que a escola teve uma evolução, porém foi muito frágil. “São metas e situações que não dependem apenas da gestão, da condução do trabalho. Depende também de outras questões que são externas ao colégio. É impossível você tratar de tecnologia ou de aprendizagem numa situação pandêmica, numa situação em muitas vezes a internet pega mal, muitas vezes as ferramentas não são as mais adequadas, como por exemplo o celular que talvez não comporte todos os aplicativos que foram disponibilizados”.
Conforme a diretora Jaqueline Borges, o colégio fechou o ano com 49, 67% dos alunos participando das atividades da plataforma Classroom e 42,16% nas atividades impressas. E o número de alunos desistentes representou 8, 17%.
POSSE DOS CARGOS
Leia outras notícias no Portal RSN.