Não é de hoje que ao entrar no mercado, os consumidores se assustam com os preços. A verdade é que com o salário mínimo sem um aumento real e o aumento nos preços dos produtos da cesta básica, não é novidade ter que cortar itens da lista de compras. Só em 2020, o valor da cesta básica de Guarapuava apresentou uma alta acumulada de 30,87%.
O aumento indicado pelo o Núcleo de Estudos e Práticas Econômicas (NEPE) da Unicentro traduz o que o cotidiano da população que sofre ao colocar a comida na mesa. Um exemplo disso é o prato mais popular dos brasileiros, o arroz e feijão. De acordo a professora de economia Luci Nychai da Unicentro, só o arroz apresentou um aumento médio acumulado de 88,11% e o feijão registrou uma alta de 65,60% nos preços.
Conforme Luci Nychai, outros grupos que puxaram alta nos preços foram os hortifrúti como a batata em 113,78%, banana em 106,49%, o óleo de soja em 75,79%, a carne em 56,65% e os laticínios em 29,58%.
SALÁRIO MÍNIMO E DESIGUALDADE SOCIAL
Com a elevação nos preços e o salário mínimo sem grandes mudanças, o poder de compra dos consumidores diminuiu. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em 2021, o salário terá, como no ano passado, o menor poder de compra em relação aos produtos da cesta básica desde 2005.
Desse modo, com um salário mínimo nacional é possível comprar cerca de 1,58 cestas básicas, que custam, em média, 696,70 reais. De 2010 a 2019, esse indicador ficou sempre acima de duas cestas, com exceção de 2016, quando diminuiu para 1,93.
Já no Paraná, o salário mínimo regional teve um aumento de 6% e o novo valor varia entre R$ 1.467,40 e R$ 1.696,20. Contudo, de acordo com dados do Governo Federal em outubro de 2019, em Guarapuava, cerca de 21 mil famílias estão em condição de pobreza. Ou ainda, em extrema pobreza ou baixa renda. Dessas, 4400 vivem com até R$ 89 por mês por pessoa, o que caracteriza extrema pobreza.
Portanto, essa a inflação dos alimentos da cesta básica é mais sentida pela população de baixa renda. De acordo com o estudo da Nepe, em dezembro de 2020, a cesta comprometeu 46,96% do salário mínimo de R$ 1.045,00. O que equivale à dedicação de 103,31 horas de trabalho para custear a alimentação básica.
Segundo Nychai, considerando o gasto com alimentação, no mês de dezembro do ano passado, o salário mínimo necessário em Guarapuava deveria ser maior. Para fazer frente às necessidades de gastos com mensais de vestuário, despesas pessoais, educação, transporte, habitação, comunicação, saúde, cuidados pessoais e artigos de residência, precisaria ser de R$ 4.400,72.
PANDEMIA
Em 2020, o aumento do valor da cesta também foi impactado pela pandemia, com a influência de fatores como aumento do consumo, elevação dos custos de produção puxados. De acordo com Luci Nychai, a alta é causada, principalmente, pelo aumento do preço dos combustíveis e de insumos importados devido à desvalorização do real frente ao dólar. Bem como, problemas climáticos que afetaram a oferta, o aumento das exportações, além do efeito da sazonalidade de alguns produtos.
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