22/08/2023


Cotidiano Região

Bituruna, capital paranaense do vinho, busca a Indicação Geográfica (IG)

Produzidos em Bituruna, a 86 quilômetros de Guarapuava, há 80 anos, as uvas e vinhos motivaram a mobilização para pleitear a Indicação

uva bituruna michele rosso

Bituruna, capital paranaense do vinho, busca a Indicação Geográfica (IG) (Foto: Michele B. Rosso)

Produzidos em Bituruna, a 86 quilômetros de Guarapuava, há 80 anos, as uvas e vinhos motivaram uma mobilização para pleitear a Indicação Geográfica (IG). De acordo com a Associação dos Produtores de Uva e Vinho de Bituruna (Apruvibi), a modalidade da IG é ‘Indicação de Procedência’, solicitada junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

De acordo com a Associação, o processo para o reconhecimento começou há oito meses, com a reestruturação da Apruvibi. O pedido é para o vinho produzido com as variedades de uvas bordô e casca dura (também conhecida como martha), da espécie americana Vitis labrusca.

A iniciativa da Apruvibi, conta com o apoio do Sebrae/PR e Prefeitura de Bituruna. O fórum Origens Paraná e o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar – Emater também apoiam o processo. O município, inclusive, é reconhecido como capital paranaense do vinho, pela Lei nº 20.241, de 18 de junho de 2020. Conforme a Associação, nesta sexta (22), às 19h,  haverá o lançamento do signo distintivo dos Vinhos de Bituruna. A solenidade também celebra o protocolo de solicitação da IG junto ao INPI.

De acordo com a  enóloga Michele Bertoletti Rosso, presidente da Apruvibi, a produção de uvas e vinhos no município começou com mudas vindas do Rio Grande do Sul, há 80 anos. Ela integra a quarta geração da família que produz uvas e tem uma vinícola em Bituruna.

DELIMITAÇÃO GEOGRÁFICA

(Foto: Michele B. Rosso)

Atualmente, Bituruna conta com quatro vinícolas e 94 produtores de uvas, a grande maioria da agricultura familiar. Segundo dados do IDR, são 95 hectares de cultivo de uvas em fase de produção e 20 hectares em fase de implantação. Tudo isso corresponde a uma produção média anual de 1.034 toneladas de uva, segundo a enóloga. “As características de altitude, amplitude térmica, clima e solo resultam em condições específicas e características únicas nos vinhos produzidos em Bituruna”.

Conforme Michele, a uva bordô, em outras Regiões, é mais ácida e usada em cortes com outras variedades, na produção de vinhos. Entretanto, em Bituruna, pelas condições, é uma uva frutada, possibilitando “a produção de um vinho aveludado, macio, com 100% de uva bordô”.

Já a uva casca dura tem melhor maturação no município do que em outras Regiões, segundo Michele. Um vinho produzido pela vinícola da família dela, a partir da uva foi premiado com a medalha de ouro em um concurso, no ano passado. “A casca dura tem aqui uma maturação diferente, que resulta em aromas diferenciados”.

VALORIZAÇÃO

De acordo com a consultora do Sebrae, Alyne Chicocki, o movimento em busca da Indicação Geográfica, além de fortalecer a cadeia produtiva de uvas e vinhos, também pretende despertar o interesse dos consumidores. “A intenção é que as pessoas passem a olhar com mais atenção para os produtos regionais e diferenciados. Os vinhos e uvas de Bituruna têm características únicas resultantes do ‘terroir’ – termo em francês que resume a interrelação peculiar entre o clima, relevo, temperatura, umidade e solo de um determinado lugar sobre a identidade de um vinho”.

Conforme Alyne, os países europeus perceberam há muito tempo a importância das Indicações Geográficas para valorização do produto local. “Lá, existem mais de quatro mil IGs. No Brasil, são 73”. O Paraná tem, atualmente, nove IGs. O reconhecimento mais recente foi o das balas de Banana de Antonina, no final do ano passado.

Por fim, a Região já conta com uma IG, que é a erva-mate São Matheus. Completam a lista: o melado de Capanema; a goiaba de Carlópolis; o queijo de Witmarsum; a uva de Marialva; o mel do Oeste do Paraná; o mel de Ortigueira; e o café do Norte Pioneiro. Do litoral, aguardam a certificação o barreado, a farinha de mandioca e a cachaça e aguardente de Morretes.

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Cristina Esteche

Jornalista

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