A gravidez na adolescência é considerada a que ocorre entre os 10 e 20 anos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). A gestação considerada de alto risco para a mãe e para o recém-nascido, pode provocar problemas sociais, emocionais e biológicos. Isso porque especialistas afirmam que a adolescência é um período de desenvolvimento humano e social.
Em Guarapuava, o índice de crianças nascidas de mães com idade entre 10 e 19 anos, têm apresentado redução. De acordo com a Secretaria de Comunicação da Prefeitura, para se ter uma ideia, em 2010 nasceram 607 crianças de mães adolescentes, o que representa 22% dos nascidos vivos no município. A partir de 2016, os números começaram a cair. Neste ano foram 535 nascimentos, o que equivale a 20% dos nascidos.
QUEDA
A tendência de queda permaneceu, e de 2017 a 2019 Guarapuava registrou índice de 18% dos nascidos vivos para a faixa etária de mães com idade entre 10 e 19 anos, respectivamente com 507 crianças em 2017, 502 em 2018 e 480 em 2019. Entretanto foi em 2020, que o índice sofreu a maior redução: 393 crianças, o que representa índice de 14%.
E um dos fatores que impulsionaram essa redução foi a implantação ‘Programa Municipal de Planejamento Familiar – Nossa Família’, em dezembro de 2019 pela Secretaria de Saúde, já que o número de registros de gravidez não planejada ainda chamava a atenção. Conforme Sueli Ribeiro, coordenadora da Clínica da Mulher, as adolescentes são o foco do programa, pois independente de terem outras condições de risco, elas são vulneráveis.
Cerca de 70% dos atendimentos são de adolescentes. As pacientes são acompanhadas por uma equipe de obstetras e outros profissionais de saúde de modo interdisciplinar. Melhoramos os métodos oferecendo contraceptivos de longa duração. Assim, temos um programa de Planejamento Familiar eficaz que a cada dia é aperfeiçoado. No último ano, em que o Brasil registrou aumento do número de gestações (até devido à pandemia), nós conseguimos ter uma queda.
O PROGRAMA
O ‘Nossa Família’ tem o objetivo de promover educação e assistência em contracepção. Isso ocorre por meio de métodos modernos e eficazes. Além disso, para as gestações não planejadas já em processo de atendimento, o intuito é evitar complicações. De acordo com dados de 2019, Guarapuava tinha mais de 43 mil mulheres com idade fértil (15 a 44 anos). Dessas, apenas sete mil tinham plano de saúde particular. As outras 36 mil mulheres dependiam exclusivamente do SUS.
De acordo com a Saúde Municipal, 82% das gestações em adolescentes não são planejadas. Em um ano do ‘Nossa Família’, 300 mulheres em situação de extrema vulnerabilidade foram atendidas, como dependentes químicas, soropositivas, adolescentes, mulheres com problemas psiquiátricos, sem contar as guarapuavanas que receberam o atendimento com pílulas contraceptivas orais.
Além disso, o programa traz uma economia para o município que direciona os recursos para outras necessidades da área de saúde. O secretário de Saúde de Guarapuava, Jonilson Pires, afirmou que a melhoria nos últimos anos, se deve especialmente às ações pontuais de orientação e planejamento familiar.
Parte da redução se deve a essa política pública implementada por meio do programa Nossa Família Guarapuava. O foco é dar acesso aos serviços de saúde e aos métodos contraceptivos mais modernos para mulheres que estejam em situação de maior vulnerabilidade social. Além de diminuir os riscos e complicações de saúde das mães e das crianças, conseguimos evitar o agravamento de problemas sociais/psicológicos provocados quando a gravidez não é desejada.
PARANÁ
Nesta Semana Nacional de Prevenção da Gravidez na Adolescência, a Secretaria da Saúde (Sesa) também destacou a redução no número de gestações em adolescentes (10 a 19 anos) no Paraná. Em 2018 o percentual no número de adolescentes grávidas no Estado ficou em 13,2%. Conforme a Agência Estadual de Notícias, uma das prioridades do Plano Estadual de Saúde (PES 2020/2023) é alcançar a meta de 12,9%, número que já foi superado em 2020, obtendo 11,3% no consolidado do ano.
A Sesa enfatiza a importância e orienta sobre a disseminação de informações e medidas preventivas e educativas que contribuem para que ocorra a diminuição dos casos. De acordo com a diretora de Vigilância e Atenção à Saúde, Maria Goretti David Lopes, para abordar essa temática integralmente é necessário que haja a articulação e atuação de diversas políticas públicas.
Um dos fatores mais importantes de prevenção é a educação, peça chave para a saúde integral, tanto no âmbito individual quanto coletivo. Munir os adolescentes de conhecimentos, habilidades, atitudes e valores irão capacitá-los para cuidar de sua saúde, bem-estar e dignidade, bem como para avaliar suas escolhas e como estas afetam as suas vidas.
DADOS
Conforme a Agência Estadual, a Sesa por meio da Divisão de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente, tem alcançado uma redução significativa da gravidez na adolescência. De acordo com os dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (Sinasc), em 2019, dos 153.482 nascidos vivos no Estado, 18.883 foram de mães com menos de 20 anos. Isso representa 12,3% do total de nascidos vivos no Paraná. Destes, 714 (0,5%) são de mães na faixa etária compreendida entre 10 e 14 anos e 18.169 (11,8%) de 15 a 19 anos.
Além disso, de 2015 a 2019, houve uma redução de 41,7% nascidos vivos no grupo etário compreendido de mães entre 10 a 19 anos. E por fim, os dados preliminares de 2020 apontam a redução de cerca de 16% em relação a 2019.
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