22/08/2023


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Depoimentos emocionados mostram a angústia de prefeitos

De mãos atadas, prefeitos tomam medidas drásticas para conter a propagação e as mortes pela covid-19

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Explosão de casos da covid-19 preocupa prefeitos(Foto: Reprodução/Pixabay)

Explosão nos casos de infectados, aumento no número de mortes, falta de leitos  e de medicamentos em UTIs. Estas são as principais consequências da falta de uma política de saúde em nível nacional, capaz de conter os índices negativos da pandemia da covid-19. E como se não bastasse as falhas no sistema nacional de saúde, a economia também dá sinais de agonia.
E em meio a esse turbilhão como ficam os prefeitos? Obrigados a tomar medidas drásticas seguindo decretos estaduais, ou tomando medidas ainda mais enérgicas, se vêm entre a ‘cruz e a espada’.
Se de um lado a principal receita para conter a transmissão do vírus é decretar o ‘lockdown’; de outro, essa atitude tem efeito colateral na economia.
Com o aumento de casos que precisam de UTIs, há a necessidade de mais leitos. Entretanto, se conseguem a ampliação de leitos, faltam recursos humanos. E agora quando começa a faltar medicamentos essenciais para quem precisa de intubação? Os municípios querem comprar, mas são impedidos pela legislação. E quando há essa possibilidade, os laboratórios não vencem a demanda.
E é justamente para transmitir o que sentem os gestores de municípios onde a situação já chega ao limite, que o Portal RSN  ouviu o desabafo de cinco prefeitos.

“ESTOU FICANDO COM AS MÃOS AMARRADAS”

Prefeito Celso Goes, de Guarapuava (Foto: Geraldo Bubniak/AEN)

“Estou sofrendo muito nos últimos dias. Estou ficando com as mãos amarradas. Não tem vacinas. Os medicamentos estão acabando e não consigo comprar. Estou chamando médicos, enfermeiros (as), técnicos (as) de enfermagem, psicólogos. Montamos leitos de UTI, mas não achamos equipes. Estou sem dormir há dias. Nesta semana saí pelos locais mais pobres da cidade. Queria ver de perto se as pessoas estão passando fome. Há muitas dificuldades. E não vou deixar ninguém aqui ficar sem comer. Meu Deus! A situação está cada vez mais difícil.
Estou tentando manter a serenidade, a esperança. Estou motivando as equipes, acalmando os conflitos daqueles da sociedade que me procuram. Mas sei que tem pessoas com comércio falindo. É muito triste tudo isso. Estamos fazendo tudo o que é possível, mas a sociedade precisa também fazer a parte que lhe compete. Por isso, continuo pedindo: não saiam de casa; usem máscara; lavem as mãos. Evitem a aglomeração de pessoas. Vamos salvar vidas”.

“TEMPOS EXTRAORDINÁRIOS EXIGEM MEDIDAS EXTRAORDINÁRIAS”

Prefeita Elizabeth Schmidt, de Ponta Grossa (Foto: Secom/PG)

“O crescimento no número de casos do novo coronavírus e a situação dos hospitais da nossa cidade e do Estado nos fez decretar medidas muitas mais drásticas, de redução de mobilidade, do trânsito, e de concentração de pessoas.
Sabemos do sofrimento do comércio, da dificuldade financeira que muitas famílias estão enfrentando. Mas hoje, no cenário que vivemos, com nosso sistema de saúde colapsado, com nossas equipes médicas sufocadas e exaustas, a nossa decisão é por salvar vidas. Não queremos mais famílias chorando a perda dos seus entes queridos.
Esperamos que Ponta Grossa consiga respirar. Porque se não diminuir os números de contaminados, consequências mais graves vão acontecer num futuro próximo.
E para preservar a vida de milhares de pontagrossensses setores econômicos vitais deverão suspender as atividades, entre os dias 18 e 29 deste mês. Neste período está suspenso também o transporte coletivo como forma de inibir a circulação e a aglomeração de pessoas em toda a cidade.
Estamos suspendendo negócios para salvar vidas, Nosso inimigo é forte, mas juntos somos muito mais. Por isso, eu peço: fique em casa nesse período. Não visite amigos e parentes; não viaje. É grave. É muito grave… Que Deus proteja todos nós”.

“A RESPONSABILIDADE É DE TODOS NÓS”

Prefeito Chico Brasileiro, de Foz do Iguaçu (Foto: Secom/Prefeitura)

“Estamos atravessando o momento mais crítico desde o início da pandemia. A responsabilidade é de todos nós. Assim, pedimos para ninguém se expor a riscos desnecessários. Para isso, cada um precisa fazer a sua parte, gestores públicos e cidadãos.
Nesta sexta-feira [19], tivemos o registro de 147 novos casos da doença na cidade, que já teve 531 mortes por Covid-19 desde o início da pandemia. Os leitos de UTI estão com 100% de ocupação, utilizando recursos extras para garantir o atendimento aos pacientes graves.
Entretanto, medidas simples, mas extremamente ‘potentes’, neste cenário, têm custo relativamente baixos para qualquer um, como o uso obrigatório da máscara de proteção facial, do álcool em gel e manter o distanciamento social. É mais que uma obrigação individual, é um ato de amor coletivo”.

“EU SEI O QUE É A FALTA DE AR”

Jorge Derbli, prefeito de Irati (Foto: Reprodução/Facebook)

“Eu senti na pele o que é isso. Fiquei 13 dias internado e tive a sorte de ter remédio, de ter oxigênio. Mas há pessoas que amanhã estarão lá [UTI] e não terão a mesma sorte. Eu sei o que a falta de ar. Eu se o que é de ficar olhando todo esse universo e não conseguir respirar. É uma pena que você que não pode visitar a ala da covid porque é proibido entrar. Mas se você entrasse e ficasse pelo menos 15 minutos, sairia dali e seria o primeiro a dizer: vamos usar máscara, lavar as mãos. Não vamos fazer festas. Vamos respeitar os decretos, não vamos aglomerar, vamos lavar as mãos. Vamos cuidar do que temos demais precioso que é a vida. Pense na condição dos pacientes, de quem está trabalhando nas UTIs, nos hospitais. E não reclame se você ficar um dia com o comércio fechado. Se ficar um dia ou dois sem poder ir ao supermercado ou à uma loja. Temos que fazer a nossa parte. A tolerância hoje é a palavra-chave. Cada um tem que fazer a sua parte. Por favor respeite os nossos decretos. Tudo o que fazemos é para diminuir uma situação pior que pode ocorrer aqui em Irati”.

“VIDA É O QUE MAIS INTERESSA NESTE MOMENTO”

Robson Cantu, prefeito de Pato Branco (Foto: Reprodução/ Facebook)

“Quero me solidarizar com as famílias de todos os patobranquenses que perderam entes queridos nesta pandemia. Não é fácil eu tomar esta atitude, mas é muito importante. Nesta semana tomamos medidas que foram necessárias, mas não suficientes. Por esse motivo somos obrigados a tomar decisões rigorosas para preservar a vida das pessoas que tanto amamos. Eu ouvi hoje o dia todo a nossa equipe de saúde. Estão exaustos, mas não abandonam o barco. Por isso, eu peço a todos. Vamos ajudar a vencer esta batalha. Não vamos perder o amigo que estimamos, o colega de trabalho. É hora de pedir a Deus que nos ilumine. E peço a compreensão de todos neste momento tão delicado e preocupante que estamos vivendo em nossa cidade. Não saiam de casa, não aglomerem. Eu não queria fechar nada, mas fomos obrigados para salvar vidas. E vida é o que mais nos interessa neste momento”.  (*Texto extraído de pronunciamento no Facebook)

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Cristina Esteche

Jornalista

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