22/08/2023
Cotidiano Guarapuava Saúde

Câmara e entidades defendem tratamento precoce em Guarapuava

Embora vários estudos científicos apontem a ineficácia desse tratamento, o método divide a classe médica e tem seguidores em todo o País

kit covid

Embora vários estudos científicos apontem a ineficácia desse tratamento, o método divide a classe médica e ganha seguidores em todo o País (Imagem: Reprodução)

A adoção do chamado ‘tratamento precoce’ da covid-19 ganha reforço em Guarapuava. Embora seja considerado ineficaz, segundo diversos estudos científicos, na última semana a Câmara de Vereadores aprovou requerimento para dar visibilidade ao tratamento. Na justificativa, ‘Nego Silvio’ lembra que a população tem o direito de optar pelo tratamento precoce.

Assim, com o aval de outros 18 vereadores, ele pede que a Prefeitura faça publicidade na rede municipal de saúde, mídias sociais, entre outros meios. Todavia, o prefeito Celso Góes disse ao Portal RSN que ainda não recebeu nenhum comunicado sobre o assunto. Entretanto, lembrou que um decreto do ex-prefeito Cesar Silvestri Filho, de 2020, diz que somente médicos podem prescrever legalmente os medicamentos.

No entanto, desde março deste ano, três médicos de Guarapuava criaram um ambulatório com atendimento gratuito. De acordo com o gastroenterologista Edson Bruck Warpechowski, todos são voluntários. A coordenação do trabalho conta com três médicos. Bruck, a pediatra Letícia Domingues e Cristian Zarate. Há também a parceria do curso de Enfermagem da UniGuairacá.

CAMPANHA

(Arte: Redes Sociais)

Nesta semana, uma campanha publicitária endossa o tratamento precoce como sendo um direito da população. Assinadas por nove entidades como as Lojas Maçônicas, Acig, Sindicato Rural, entre outros, mensagens em outdoors reforçam esse tratamento.

O entendimento é de que esse método é eficaz. Mas, se for aplicado, no início da doença. Conforme médicos, é nessa fase que a doença se apresenta como uma síndrome gripal.

POLÊMICA

Entretanto, o tratamento precoce divide entidades médicas. Assim, se o Conselho Federal de Medicina (CFM) tem uma posição favorável ao tratamento, há outra posições. O CFM entende que cabe ao médico, com o paciente, decidir que remédio usar. Assim, a entidade já em abril de 2020, emitiu parecer autorizando os médicos a indicarem hidroxicloroquina e azitromicina. Esse mix terapêutico inclui também outras medicações e vitaminas.

Entretanto a Associação Brasileira de Medicina (ABM), a Sociedade Brasileira de Infectologia, Organização Pan-Americana de Saúde, entre outras, orientam sobre a ineficácia do uso do chamado kit-covid. De acordo com Bruno Caramelli, cardiologista e professor da USP, prescrever kit covid “não é autonomia, é erro”. Ele é autor de representação contra o CFM junto ao Ministério Público Federal.

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Cristina Esteche

Jornalista

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