22/08/2023


Guarapuava Segurança

Defesa de Manvailer aponta divergências em boletim de ocorrência

Policial Militar que atendeu a ocorrência diz que não lembra quem preencheu a parte final do relatório que começou na PM e terminou na Civil

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Julgamento ocorre desde a última terça 4 de maio(Foto: Larissa Ortiz/RSN)

Às 14h10 começa o segundo interrogatório desta quinta (7), no julgamento de Luis Felipe Manvailer, em Guarapuava. O professor universitário está sendo julgado pela morte da advogada Tatiane Spitzner, na madrugada de 22 de julho de 2018. Quem senta na cadeira das testemunhas é o policial militar Newton Felipe Albach. Ele trabalhava na Rádio Patrulha na madrugada em que houve a queda de Tatiane da sacada do edifício onde ela e Manvailer moravam.

Entretanto, a novidade trazida pela defesa do réu no júri é que se descarta a tese de que a vítima tenha se suicidado. Assim, enquanto a acusação mantém a tese de feminicídio, a defesa diz que “amadureceu” o estudo dos autos e trata como acidente. Ou seja, Tatiane teria, incialmente, teria simulado que iria se jogar e caiu. E é nessa duas linhas que seguem os os trabalhos advogados. Ambas as partes procuram extrair o máximo de informações que podem dos interrogados. E, principalmente, ‘pegar’ as contradições das testemunhas.

RELATÓRIO

Nesse sentido, Luiz Claudio Dalledone, da banca de defesa do réu, começa mostrando um relatório da PM. Esse documento relata a ocorrência da primeira chamada sobre o fato. Ali consta a natureza inicial do B.O trata como sendo o suicídio. Na descrição inicial do relatório diz que “uma mulher havia se jogado do prédio”.

Em perguntas ao policial, o advogado de defesa do réu preso lê a ‘Descrição Sumária da Ocorrência’. De acordo com o relato do policial, ele chegou, viu as manchas de sangue na calçada. Em seguida, uma moradora do primeiro andar abriu a porta do prédio. Ele sobe até o quarto andar e diz que encontrou manchas de sangue no caminho.

Conforme Albach, no corredor encontrou Camila e José Ivo, vizinhos de Tatiane e Manvailer. Após, bateu na porta do apartamento da vítima. Como ninguém atendeu, a porta foi arrombada e ali estava o corpo de Tatiane caído próximo da porta. O Samu foi acionado e constatou a morte.

De acordo com o policial, ele constatou que Manvailer tinha saído num Chevrolet Cruze branco e deu sinal de alertas a postos policiais. Assim sendo, recebeu a informação do posto da Polícia Rodoviária Federal de Candói de que esse veículo tinha passado em direção a Laranjeiras do Sul.

O BOLETIM DA OCORRÊNCIA

Expondo na tela a imagem do boletim “Natureza da chamada” está preenchido como Lesão Corporal Grave, Crime Conta Pessoa. Desse modo o advogado perguntou por que ele preencheu dessa maneira. Conforme o policial, ele porque “provavelmente recebeu a informação de que havia alguém machucado”.

Em seguida, Dalledone questiona onde esse documento é preenchido. O policial diz que é no Batalhão da PM. Entretanto, o documento mostrado na tela possui o brasão da Civil. Conforme o PM, provavelmente foi complementado pela Polícia Civil. Então, Dalledone pergunta ele foi o responsável por preencher a natureza final como ‘homicídio’. Ele diz que não lembra se foi ele ou se foi a Polícia Civil, que também complementa o relatório.

Portanto, o mesmo relatório do Copom, apresenta versões divergentes. A ‘natureza inicial’ está preenchida como ‘suicídio’. Já a ‘natureza final’ diz que se tratou de ‘homicídio’.

Ao final do interrogatório da defesa, que teve também a participação do advogado Gustavo Scandelari, Newton Felipe Albach Junior, disse que não ouviu falar em feminicídio. Ele disse também que conversou com Antonio Marcos, dono de uma lanchonete em frente ao prédio onde vítima e réu moravam.

“Pensei que ele tinha feito a chamada para a polícia”. Entretanto, admite que quando chegou ao local o jovem encontrava-se ao telefone. Em depoimento, Antonio Marcos, disse que não chamou à polícia. Ele viu Manvailer erguer o corpo da esposa do chão. Ele pediu para que ele não mexesse, mas não foi ouvido. Em seguida ligou para o Corpo de Bombeiros, e depois para o Samu.

A ACUSAÇÃO PERGUNTA

Limitando-se a perguntas, as quais a defesa deixou de fazer, segundo o promotor Pedro Papaiz, a participação do acusação não demorou. Apenas o promotor apresenta vídeo da imagem de frente do prédio. Respondendo, ele diz que estavam em três viaturas. Entretanto, ele foi o primeiro a chegar.

Em seguida, a acusação mostra fotos do pescoço de Tatiane, em ângulos diferentes. Pergunta se são as mesmas marcas que o policial disse ter visto. Ele disse que sim, que havia sinais no pescoço “passando do vermelho para o roxo”.

Os advogados assistentes da acusação não fizeram perguntas à testemunha. Jurados perguntam detalhes do que já tinha sido exposto, para elucidar dúvidas.

Entretanto, na pergunta final do juiz, o policial disse que o trabalho executado “não ficou cem por centro e que poderia ter sido melhor”. Ele cita o isolamento  do apartamento que diz que poderia ter sido melhor, se houvesse mais policiais, e a identificação do homem que estava ao telefone e que ele não registrou no relatório.

“Ele contou que uma moça estava no chão e que um homem forte a tinha levado para dentro”. De acordo com Albach, ele deveria ter conversado melhor com o rapaz [Antonio Marcos, dono da lanchonete em frente ao prédio].

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Cristina Esteche

Jornalista

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