22/08/2023
Guarapuava Segurança

Em depoimento, Manvailer descreve relação com Tatiane Spitzner

De acordo com o réu o relacionamento era uma montanha-russa. Tatiane teria dado indícios de ciúmes logo na chegada do casal na Alemanha

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Manvailer afirmou que sempre teve bom relacionamento com a família Spitzner (Foto: Arquivo/RSN)

No retorno da sessão, a assistência de acusação diz que não resta opção senão acatar a decisão do réu preso. O primeiro a perguntar Adriano Bretas pede que Manvailer fale sobre o relacionamento do casal. Desse modo ele relatou como se conheceram. E afirmou que desde o início teve bom relacionamento com a família de Tatiane Spitzner.

Ele contou que passou a vir para Guarapuava [ele morava em Curitiba]. Lembrou de uma ocasião em que ficou duas semanas na cidade a pedido do pai de Tatiane. Além disso, afirmou que esperava resposta de uma bolsa para a Alemanha, mas que sempre que podia vinha para Guarapuava ou Tatiane ia para Curitiba. De acordo com o ele, o impasse sobre “o que fazer com o relacionamento” teve início quando ele conseguiu a bolsa no exterior.

Ainda de acordo com as declarações do acusado ele já teria recusado um ingresso em uma universidade na Suiça, mas sempre advertiu Tatiane sobre a hipótese de que buscava algo melhor. Eu tinha saído de um relacionamento de oito anos e ela também tinha terminado um noivado de cinco anos.

Manvailer falou que o relacionamento anterior terminou por conta de desgaste natural. E que Tatiane afirmou indiretamente que o acompanharia ao exterior. Desse modo, o réu veio para Guarapuava e os dois começaram a estreitar o relacionamento. Um jantar comemorou a união no Civil de Luis Felipe e Tatiane.

IDA PARA A ALEMANHA

Conforme o relato de Manvailer, antes de ir para Alemanha, ele teria explicado como funcionaria a questão financeira deles. “Olha nós vamos ter essa quantia de dinheiro, vai ser uma vida muito apertada, é outra realidade a tua’, morava com os pais, sempre teve, tinha um carro que ela falava que era dela, estava financiado, eu brincava que era do banco”.

Além disso, ele lembra que ela não pagava contas, tinha vida de festa. Desse modo ele falou que na Alemanha seria diferente. “Teríamos responsabilidade que não tinha aqui. Ela não sabia falar inglês, nem alemão. E ela ‘vamos, vamos’. Eu falava com muita cautela. Ganhava 1.500 euros, para os dois. E o custo de vida lá, aproximado, era de 800 por cabeça”. Depois disso, Manvailer descreveu como foi a chegada do casal no país. Chegou a afirmar que o casal ainda estava “em lua-de-mel”.

Desse modo, o advogado questiona se o réu preso, lembra quando houve o primeiro atrito entre eles. Ele afirmou que teria ocorrido em 2014. Ele explicou que esse seria o primeiro atrito mais forte. Tatiane se mostrou enciumada por conta de uma mulher que integrava o departamento onde ele fazia o doutorado. Depois disso, o réu afirmou que as crises de ciúmes se tornaram corriqueiras.

JÁ NA ALEMANHA

O advogado exibe mensagens em que Tatiane afirma que o casal estava passando fome na Alemanha. Manvailer nega.

Não passávamos necessidade, não passava fome. Até no começo, porque eu sabia que precisava de uma certa flexibilidade, eu gastava mais, as economias que tinha em reserva para dar conforto para ela. Mas de forma alguma ficamos sem dinheiro, passamos necessidade, nossa, nunca.

Além disso, o réu afirmou que o pai da jovem fazia remessas de dinheiro em um cartão pré-pago de Tatiane. “Assim, ela sempre falava que queria ‘ah, vamos jantar fora’, e eu ‘não tem dinheiro, e ela ‘eu dou um jeito de conseguir, você tem sua reserva’ e eu falava que a reserva não era para isso. Ela falava pro pai dela que estava sem dinheiro, estava passando necessidade, fazia uma chantagem, aí ele depositava acho que no cartão dela, pré-pago”.

Luis Felipe afirmou ainda que Tatiane controlava quem interagia nas redes sociais dele. Ele disse que não gostava desta atitude.

‘MACHISMO’

Ao ser questionado sobre tratar a mulher de forma pejorativa, ele apontou que as afirmações foram tiradas de contexto. Ao advogado, o réu afirmou que Tatiane se apelidava ou falava sobre como os amigos a chamavam.

“Eu fui acusado de muitas coisas das quais eu não cometi. Por exemplo, eu não matei a Tatiane, eu não asfixiei a Tatiane, não joguei o corpo dela. Não sou abusador de mulher. Nunca maltratei. Ela tinha do bom e do melhor, no máximo que eu podia oferecer pra ela. Uma das coisas que foi tirada de contexto de forma ridícula foi essa questão da ‘Bosta Albina’. A Tatiane era bastante alva, tinha a pele branquinha sempre, ela tirava sarro disso, que era transparente, os amigos falavam”.

Ele lembrou de um episódio em que Tatiane teria ficado brava com o cachorro e o chamou de bosta. Desse modo, ele ‘brincou’ dizendo: não fala do meu cachorro, ‘bosta de mulher’ e ela retornou a brincadeira o chamando de ‘bosta de homem’. Depois disso, os dois citaram o corrido entre amigos e eu falei ‘bosta albina’. Um amigo do casal repetiu a brincadeira.

Posteriormente fomos num churrasco, a gente estava bem descontraído, clima super tranquilo, um xingava o outro, aí ela me xingou de alguma e eu falei ‘e você, bosta albina’. Aí o Richan deu muita risada. Aí acho que o Richan chamou ela de “bosta albina”. Aí eu falei ‘e você sua bosta liban, não fala da minha mulher, da minha Tati’, e naquele momento a gente brigou, a gente se xingou tudo ali.

SINTOMAS DE DEPRESSÃO

Luis Felipe explicou que para continuar morando no país, Tatiane precisava frequentar algumas aulas de alemão e de história da Alemanha. O réu lembrou que ela passava muito tempo procurando um apartamento maior, mesmo que fosse inviável para a condição financeira do casal. Além disso, ele afirmou que de forma recorrente ela falava em voltar para o Brasil pois a vida ‘era uma merda’. E ainda, afirma que Tatiane disse que pensava em como se matar e que ela teria pensado nesta possibilidade, pela primeira vez, aos 16 anos. O réu disse desconhecer comportamentos anteriores semelhantes na mulher.

Eu não sabia dessa tendência dela, dessa impulsividade. E dessa tentativa. Essa dos 16 eu não me recordo dela ter contado, eu sei que pode ser alguma frustração que ela teve amorosa. Lembro que ela tinha trauma disso.

Fez comigo também. Eu tenho notícia que sim, eu já ouvi coisas a respeito. O Samuel [ex-noivo] ele tinha, acho que tinha uma sociedade com o Jorge em uma empresa de licitações, assim, milionárias, que apesar disso, mesmo a convivência social dele e da Tatiane ser muito boa, eu sei que ela me falava que as vezes não estava muito. Perguntava porque e ela ‘ah, porque eu achava que ele estava me traindo. Às vezes saia de ambiente numa festa só pra ele ir atrás’. Então, ao que tudo indica, ela sempre se valeu desses argumentos, a gente pode ver pelas mensagens no celular, comigo, com o pai dela, às vezes com amigas, com o Samuel.

Além das afirmações, Luis Felipe nega as acusações sobre subjugar Tatiane, ao proibir inclusive, que ela tivesse uma empregada doméstica. Sobre essas afirmações, o réu afirmou que dividia as tarefas. Que sempre lavou as próprias roupas, e reiterou, que outras responsabilidades também sempre foram muito bem divididas.

VOLTA AO BRASIL

O réu explicou que Tatiane retornou do exterior antes que ele. Além disso, afirmou que nunca teve perfil possessivo, uma vez que, ela fez viagens sozinha e ainda veio ao Brasil onde ‘saiu para dançar’ com as amigas. Conforme ele, frequentar baladas nunca fez parte do perfil dele. O réu falou ainda sobre os problemas financeiros enfrentados pelo casal mediante gastos desnecessários. Depois disso, a sessão foi interrompida.

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Cristina Esteche

Jornalista

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