O deputado federal pelo Paraná Ricardo Barros (PP) continua no centro das atenções durante esta semana. Investigado pela ‘CPI da Covid-19’ ele é suspeito de intermediar a venda de vacinas contra a covid-19. Entretanto, desde essa quarta (1°), os desdobramentos envolvem o relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). De acordo com o documento há incompatibilidade entre movimentações financeiras, a renda e o patrimônio declarado. Ele discorda.
De acordo com as informações do jornal O Globo, que teve acesso ao relatório, o Coaf apontou movimentação de R$ 169.849,97, acima da capacidade declarada pelo parlamentar. Conforme o Coaf, somente em março de 2021, as transferências dele entre pessoas físicas e jurídicas das quais Barros é sócio somaram R$ 418 mil. Esse valor representa 94% do que o deputado afirma ter como patrimônio líquido de R$ 446 mil.
No entanto, nesta quinta (2), o mesmo jornal traz nova informação. O Globo diz que o paranaense recebeu em março depósito de R$ 125 mil. Trata-se, segundo o jornal, de uma transação atípica com um agricultor de Maringá, cidade de Barros. Esse agricultor seria João Beraldo, um criador de galinhas. Todavia, há controvérsias entre ambos. Se Barros disse que contraiu o empréstimo direto com Beraldo, este afirma que houve um interlocutor na transação. Em entrevista ao Portal RSN, Ricardo Barros disse que todas as movimentações financeiras têm compatibilidade.
As movimentações pessoais ou referentes as minhas empresas são compatíveis com a minha renda. E são operações dentro da normalidade. Não há relação entre movimentação financeira e patrimônio declarado. São coisas incomparáveis.
Conforme o parlamentar, a Receita Federal já acatou a defesa em processo administrativo que questionava essas movimentações. “Não há nada de irregular”.
REPÚDIO
Ao Portal RSN, Ricardo Barros disse que repudia o vazamento de informações sigilosas. Ele refere-se ao relatório do Coaf.
Antes de tudo, repudio totalmente o vazamento de informações sigilosas. O documento em questão é um relatório do COAF feito exclusivamente para a CPI da Pandemia. Já tomei providências jurídicas em relação a esses sucessivos vazamentos ilegais, irresponsáveis e criminosos.
De acordo com o deputado, como a CPI da Pandemia “não é confiável”, a ministra do STF, Carmen Lúcia, determinou sigilo e restrição de acesso aos dados dele em poder da Comissão. Ele disse também que dados da área técnica do Senado comprovam que assessores ligados ao senador Renan Calheiros acessaram esse relatório no dia 26 de agosto. Ou seja, poucas horas antes da publicação na imprensa. “Foram as únicas pessoas que acessaram o relatório”.
Conforme Barros, a CPI e o senador Renan “tentaram enganar o STF”. Assim sendo, segundo o paranaense, vão ter que se explicar ao Supremo. “Solicitei a abertura de inquérito policial para investigar os vazamentos criminosos”.
O VAZAMENTO
A acusação de que o senador Renan Calheiros ‘vazou’ o relatório do Coaf à imprensa, encontra sustentação em evidências, segundo Barros. “Momentos antes de vazar à imprensa, só gabinete de Renan Calheiros teve acesso a dados sigilosos”.
Segundo o parlamentar, o documento encaminhado ao STF mostra que os servidores Weiller Diniz de Oliveira e Izabelle Torres Azevedo acessaram o relatório do Coaf horas antes da publicação na imprensa. Entretanto, conforme a assessoria do deputado, a CPI admite que errou ao informar que ninguém acessou dados de Ricardo Barros. É que servidores lotados no gabinete de Renan Calheiros, acessaram digitalmente o documento antes da publicação na imprensa.
De acordo com levantamento enviado pela CPI ao Supremo Tribunal Federal (STF) aponta os logins acessados pelo sistema do Senado, que pautaram a reportagem publicada no portal R7 no dia 26 de agosto às 21h12. Conforme o registro do Senado às 12h18 desse mesmo dia, Weiller Diniz de Oliveira acessou o relatório do Coaf. O nome dele aparece em novo acesso às 18h53.
Embora seja um documento sigiloso, o levantamento também foi acessado por Izabelle Torres Azevedo. Tanto ela quanto Weiller estavam lotados no gabinete de Renan Calheiros até 2019.
“CPI AGE POLITICAMENTE”
Assim, para Ricardo Barros, a CPI age politicamente. “Fui envolvido por ser o líder do Governo Bolsonaro. É uma CPI de oposição que tenta se sustentar em acusações inverídicas contra mim. O relator se pauta em suposições infundadas. Todas as pessoas ouvidas na CPI negaram a minha participação em qualquer negociação de vacinas ou de interferência em processos dentro do Ministério da Saúde”.
Conforme o deputado, ele sempre esteve à disposição da CPI para prestar os esclarecimentos. “Fui por duas vezes ao STF para marcar o meu depoimento, depois de cancelamentos sem explicação. Lamento que os Senadores da oposição tenham interrompido o meu depoimento após serem confrontados com dados e informações que desmontavam as narrativas mentirosas. Estou tranquilo, não acharam e não acharão nada concreto contra mim”.
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