22/08/2023
Cotidiano Guarapuava Saúde

“Ter alguém para compartilhar e acolher faz muita diferença”, diz psicólogo

Neste setembro amarelo - que discute a prevenção do suicídio -, psicólogos falam sobre causas e os sinais de que algo não vai bem

SUICIDIO

Neste setembro amarelo – que discute a prevenção do suicídio -, psicólogos falam sobre causas e os sinais de que algo não vai bem (Foto: Reprodução/Pixabay)

O setembro amarelo carrega uma luta em favor à vida. E os números mostram que mais do que nunca é necessário falar sobre a prevenção do suicídio. Conforme a Secretaria Municipal de Saúde de Guarapuava, só este ano até o mês de agosto, 25 pessoas atentaram contra a própria vida no município. O número representa três casos a mais que mesmo período do ano anterior.

Contudo, as tentativas são ainda maiores. Nessa quarta (22), segundo o boletim da Polícia Militar, mais duas pessoas tentaram tirar a própria vida na cidade. De acordo com o psicólogo Sebastião Pontes Maciel Júnior, o setembro amarelo é um caminho para ajudar as pessoas. “Infelizmente temos nos deparados com essas notícias de tentativa de suicídio em nossa Região. E o setembro amarelo tem importância, pois é um canal de ajuda a quem está passando por esse sofrimento”.

CAUSAS

Conforme o psicólogo Gustavo Bianchini, ainda é cedo para apontar apenas a pandemia da covid-19 como fator para o aumento nos casos. “Estudos epidemiológicos de rigor e qualidade demoram determinado tempo para serem produzidos. E a pandemia ainda é em partes bem recente em nossa sociedade”.

Entretanto, segundo Bianchini, a pandemia ajudou no agravamento dos casos psicológicos. “Podemos observar a partir de diversas pesquisas acadêmicas que, de fato a pandemia agravou os riscos ao suicídio, visto que foi observado piora de quadros psicológicos e problemas nas dimensões sociais. Por exemplo, perda de familiares e distanciamento social”.

De acordo com a psicóloga Anne Karoline Wendler Marcondes em mais de 90% dos casos de suicídios estão ligados a um transtorno mental. “Depressão, ansiedade, entre outros. Ou seja, o desejo de morrer é um sintoma grave de sofrimento psíquico”.

Setembro amarelo, mês da prevenção ao suicídio (Imagem: Reprodução/Pixabay)

Sebastião Pontes também destaca outros pontos que causam o agravamento da situação. “São vários os fatores psicossociais para isso, dos quais podemos destacar abusos físicos ou sexuais, ausência de apoio social, perdas afetivas recentes ou outro acontecimento estressante. Como desemprego, bullying, dificuldades em enfrentar frustações e drogas”.

De acordo com Pontes, é preciso ficar atento aos sinais que indicam que uma pessoa sofre de depressão.

Devemos ficar atentos a alguns sinais, pois a maioria dos que estão com esse pensamento de atentar contra a própria vida, falam ou dão sinais sobre as ideias de morte. Boa parte expressa em dias ou em semanas anteriores. Para sinais verbais podemos dar exemplos do que muitos falam, como: ‘eu não sirvo para nada’, ‘era melhor que eu estivesse morto’, entre outros. Já para sinais não verbais é quando de uma hora para outra a pessoa quer colocar em ordem todas as coisas da vida dela. Por exemplo dar ou devolver bens importantes.

Mais do que orientar, os especialistas afirmam que o objetivo desse mês é chamar a atenção para o acolhimento. “Quando estamos sofrendo, tudo parece ficar mais difícil e sofrer sozinho impede que possamos vislumbrar outras possibilidades e saídas. Ter alguém para compartilhar, confiar e acolher faz muita diferença quando precisamos”.

SERVIÇO

Para as pessoas que estão passando por momentos difíceis, existe o Centro de Valorização da Vida (CVV). O programa oferece apoio emocional em total sigilo, com atendimento voluntário por telefone, e-mail e chat 24h.

Quem precisa, pode procurar ajuda ligando para o número 188. Ou ainda acessar o link para participar de um chat on-line.

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Cristina Esteche

Jornalista

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