Com o benefício atrasado há mais de 20 dias, bolsistas da Unicentro se uniram em protesto em frente a Universidade nessa terça (26). A movimentação ocorre devido a falta do pagamento dos programas de Residência Pedagógica (RP) e Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid).
De acordo com o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior, o Governo Federal não destinou o valor das bolsas referente ao mês de setembro e até o momento, os alunos aguardam o pagamento. Somente da Unicentro, cerca de 300 bolsistas dos programas estão com o pagamento em atraso. Isto inclui acadêmicos de Guarapuava, bem como, de Irati, Chopinzinho e Nova Laranjeiras.
Em nota, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), responsável pelos programas, afirmou no dia 7 de outubro, que os recursos para o pagamento das bolsas estão retidos. Entretanto, o pagamento depende da aprovação do Projeto de Lei 17/2021 que tramita na Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional. Por isso, o PL que prevê a destinação de R$ 43 milhões à Capes está parado com o relator, o senador Roberto Rocha (PSDB/MA), desde o dia 24 de setembro. No entanto, ainda não há previsão para votação.
Enquanto isso, os universitários buscam chamar a atenção da comunidade para a situação de desamparo que eles têm enfrentado. Natural de Aguaí, interior de São Paulo, Guilherme Selber Biazzo Simon de 21 anos, é formando no curso de história. Contudo, ele se mudou para Irati para estudar e agora, está sem dinheiro para pagar as contas.
Divido as contas com a minha namorada, então esse mês não estou podendo ajudar ela. Os professores do meu curso também se mostraram solidários com os estagiários diante dessa situação. Porém, nosso protesto não é somente para o pagamento imediato das bolsas, mas também para garantir que os estagiários vão receber as bolsas até o fim do programa.
Além dele, a Letícia Moro Ornat de 22 anos, também espera por um retorno da Coordenação. Ela faz residência pedagógica em filosofia no Colégio Visconde de Guarapuava. Ela teve que fazer empréstimos para conseguir pagar contas atrasadas.
O que está havendo é um desmonte da educação! Mais uma vez um descaso para com a comunidade acadêmica. Queremos no mínimo um pouco de visibilidade, o que não está ocorrendo. Além disso, estamos sem reajuste do valor da bolsa há 10 anos, muitos alunos se mantém apenas com este pagamento.
RESPOSTA DA UNIVERSIDADE
Diante da situação, a Unicentro se posicionou a favor da manifestação, considerando justa e necessária. De acordo com o Coordenador Institucional do Pibid, Aurélio Bona Junior, o atraso demonstra uma falta de planejamento do Governo.
“Um descaso com a educação, num momento em que o Governo se ocupa muito com disputas para permanência no poder. O resultado disso é a falta da bolsa para milhares de estudantes, que acabaram tendo neste recurso a fonte para a própria manutenção das condições básicas de vida e permanência na universidade, neste período de muito desemprego e dificuldades econômicas”.
REPERCUSSÃO NACIONAL
No Brasil, diversas Instituições de ensino estão se manifestando em prol dos estudantes. A Universidade Federal da Fronteira Sul, em conjunto com o Conselho Estratégico (CES), enviou ao Ministério da Educação uma moção em defesa dos projetos para formação de professores.
Por fim, o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais, o Programa do Pibid da Universidade Federal do Amazonas e da Universidade Federal de Pelotas lançaram notas de repúdio sobre o atraso.
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