“A gente não sabe mais ao que recorrer. Primeiro o alagamento, segundo o pinheiro que corre o risco cair em cima da casa. A minha casa eu já perdi. Agora eu to morando com o meu filho de favor.” O relato é de dona Leni Boeno Batista, de 51 anos. Ela, o marido de 76 anos e os netos gêmeos de oito anos tiveram que sair da casa que moravam há 20 anos na Vila Carli em Guarapuava por causa dos alagamentos.
O primeiro ocorreu no dia 31 de dezembro de 2021. Enquanto muitos comemoravam, o ‘seu’ Dirceu Henrique de Oliveira tentava abrir uma valeta para mudar o rumo da água na tentativa de salvar os móveis e eletrodomésticos da residência.
Em 18 dias, esta é a segunda vez que a família recorre ao Portal RSN pedindo ajuda.
Por causa de um barracão construído de forma irregular, a casa foi praticamente destruída. Perdemos tudo! Com as chuvas voltaram os alagamentos e ninguém toma uma providência. Além disso, já foi feita solicitação de autorização para remoção de uma araucária que tem na entrada do terreno; Temos medo que esse pinheiro possa cair em cima da residência devido o chão estar extremamente úmido com todas essas enchentes seguidas.
De acordo o meteorologista do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná ouvido pelo Portal RSN, somente nesse domingo (16) os termômetros marcaram 89 milímetros de chuva em Guarapuava. “Se não alagasse com esse tanto de chuva, não alagava mais”.
As tempestades causaram estragos, alagamentos e também quedas de árvores na Região. Em Turvo houve queda de granizo e vento forte, causando estragos no município. Conforme o Simepar chuvas de verão como essas podem voltar a acontecer nesta semana. O que assusta bastante dona Leni.
Ta critica a coisa aqui no Vila Carli. Cada chuva que dá alaga inteirinho o terreno. A casa que eu morava não posso morar mais, não tem condições. Ta muito feio. O pinheiro é em cima da minha casa e do meu filho, que é onde eu to. A gente morre de medo desse pinheiro. Vai em um lugar, dizem que vão cortar. Outro diz que tem que aguardar. Aguardar acontecer mais uma tragédia pra daí eles resolverem o nosso problema?
BARRACÃO IRREGULAR
Conforme a moradora os alagamentos passaram a ser frequentes após a construção irregular de um barracão que impede o escoamento dos boeiros. A Secretaria de Comunicação da Prefeitura informou que uma equipe da Secretaria de Viação, Obras e Serviços Urbanos deve mandar uma equipe vistoriar o local para dar um veredito.
Além disso, conforme a Secretaria a área em que o barracão está é particular e possui uma servidão da Sanepar para escoamento da água.
A dona do terreno vendeu para o cara do barracão que fez a obra praticamente trancando o escoamento do lugar. Então o primeiro ponto é que não é uma área pública que permita uma intervenção imediata do município. Há possibilidade de haver a desapropriação de parte do local, com custos de indenização para os cofres públicos, mas o processo, além de oneroso, é lento. Envolve contratos particulares e negociação.
Já em relação ao pinheiro, a Secretaria de Meio Ambiente de Guarapuava informou que em áreas urbanas o proprietário deve solicitar o pedido de corte. Em seguida a Secretaria envia uma equipe, formada por profissionais do setor e um engenheiro, para vistoriarem o local. Assim, se identificado risco, fazem o corte da árvore.
Por fim, as chuvas devem continuar essa semana. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (INMet), ainda há Alerta Laranja de tempestades para a Região, indicando chuva com ventos intensos e queda de granizo.
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