Vários coletivos de Curitiba lançaram uma campanha solidária para os indígenas kaingangs. As contribuições vão ajudar o povo a retornar à Terra Indígena Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras, distante 328 quilômetros da capital. Os indígenas viajaram para Curitiba para comercializar os artesanatos, principal fonte de renda para a sustentação.
No entanto, o que era para se tornar um lar acabou frustrado com o fechamento da Casa de Passagem Indígena, em março de 2020, pela gestão do prefeito Rafael Greca. Desse modo, as famílias ficaram sem um lugar para se abrigar. E muitas acabaram dormindo na rua. A reabertura provisória ocorreu no início deste ano, após quase um mês de mobilização ao lado da prefeitura.
RISCOS AO POVO KAINGANGS
Apesar da conquista da Casa de Passagem provisória, a comercialização nas ruas pode ser um risco, com o aumento de contaminações pela variante Ômicron da covid-19 e também da influenza H3N2. Para Jocelino Ribeiro, indígena que está em Curitiba há cerca de um mês, este é o momento de partir. “Eu queria ir agora, porque a situação está piorando aqui pela covid. Essa gripe já chegou aqui também”.
Além disso, o valor da arrecadação ajuda as famílias que têm crianças, por conta do início do ano letivo. Eunice relata que precisa do recurso para o material escolar. “Já está chegando a aula das minhas meninas e eu preciso comprar os materiais pra elas”.
Dessa forma, as entidades se uniram para levantar o valor referente a todo artesanato que as famílias pretendiam vender em Curitiba. No entanto, mesmo que arrecadação já tenha conseguido parte do valor e repassado às famílias, a campanha lançada nesta semana pretende garantir o restante.
Assim, os cestos e outros artesanatos típicos do povo kaingang do Paraná serão a forma de agradecimento a quem participar da campanha de financiamento coletivo em favor dessa população. Portanto, a ação ocorrerá do dia 24 de janeiro a 9 de fevereiro.
COMO PARTICIPAR
A campanha está hospedada na plataforma kickante, com faixas de doação de R$ 20, R$ 40, R$ 70, R$ 140 ou R$ 200. Quem participar vai receber artesanatos indígenas como retribuição. São cestos, caneteiros, filtros dos sonhos, arco e flecha, chapéus de diferentes cores e tamanhos. Para doar, clique aqui.
De acordo com a indígena, Adecira Rodrigues, os povos que fazem toda a rotina de produção dos cestos, desde a coleta de matéria-prima.
A gente mesmo vai buscar no mato, vê o que tem que raspar e preparar as fitas da taquara pra conseguir fazer os artesanatos. Isto porque, a colheita das taquaras é feita no período de lua cheia, para que o material fique com melhor qualidade.
As recompensas serão entregues no Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo (Cefuria) que fica em Curitiba, nos dias 5, 12, 19 e 26 de fevereiro, das 8h às 13h. A instituição fica na rua Desembargador Motta, 2791, no bairro Bigorrilho. Para receber, será necessário agendar a retirada via whatsapp (41) 9 9711-1316, entre segunda e sexta.
Entretanto, se o doador é de outra cidade, ele pode entrar em contato pelo mesmo número para combinar o envio da recompensa pelos Correios. O frete será calculado e cobrado à parte. As recompensas não retiradas nos dias indicados acima serão destinadas à Associação Brasileira de Amparo à Infância (ABAI), de Mandirituba (PR).
Por fim, participam da iniciativa a Associação de Cooperação Agrícola e Reforma Agrária (ACAP), Rede Mandala – Rede Paranaense de Economia Solidária Campo-Cidade, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Cefuria, ABAI, Associação Paranaense do Ministério Público (APMP).
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