Museus são instituições permanentes sem fins lucrativos. Conforme o Conselho Internacional de Museus (Icom), eles estão à serviço da sociedade e do desenvolvimento. “Aberto ao público, adquire, conserva, investiga, comunica e expõe o patrimônio material e imaterial da humanidade e do meio envolvente com fins de educação, estudo e deleite”.
Em Guarapuava há três museus. O Museu Visconde de Guarapuava, que fica no Centro da cidade. A Fundação Cultural Suábio-Brasileira no Distrito de Entre Rios. E por fim o Museu de Ciências Naturais, que fica em anexo ao Parque das Araucárias. Ele fica próximo à BR-277, no bairro Primavera. Este último, é administrado pela Prefeitura de Guarapuava, por meio da Secretaria de Meio Ambiente em parceria com a Unicentro.
O Museu de Ciências Naturais, conta com duas coleções permanentes relacionadas a história natural. A primeira sendo a coleção João José Bigarella, composta por amostras de rochas, minerais, fósseis, conchas. E a outra a coleção entomológica Hipólito Schneider, constituída de animais marinhos, somando mais de sete mil peças.
Além disso, conforme o Museu de Ciências Naturais, o acervo contém cerca de 14 mil insetos colocados em exposição.
No entanto, em 2012 o local havia sido fechado por causa de uma série de danificações causadas por vândalos que estragaram o prédio e destruíram materiais do Museu. Dessa forma a entidade voltou a funcionar somente em 2015.
DESVALORIZAÇÃO DA ARTE E DA CULTURA
Nos últimos anos o Brasil vêm enfrentando uma série de ataques a cultura e a arte. Não é somente em Guarapuava que ocorrem perdas como a que o Museu de Ciências Naturais sofreu em 2012. Há três anos o maior museu brasileiro pegou fogo. O Museu Nacional no Rio de Janeiro teve mais de 20 milhões de itens totalmente destruídos. Nele, estava o mais antigo fóssil humano já encontrado no país, a Luzia.
Conforme o professor e ex-Diretor do Museu de Ciências Naturais, Maurício Camargo Filho, a desvalorização dos espaços culturais, dentre estes, os Museus brasileiros é histórico.
“O sistema educacional brasileiro pauta, principalmente, pela transmissão de parte do conhecimento científico, não valorizando a reflexão e a aplicação do aprendizado no cotidiano. Aprendemos meramente a reproduzir, e muito mal aquilo que nos é ensinado. Não é culpa dos docentes, mas sim do sistema que se impõe aos nossos filhos. Uma das consequências desse modelo é a ‘ausência’ de cultura de meios que preservem e divulguem. Nesse contexto, os museus têm sido pouco valorizados. Guarapuava não é diferente, apesar dos esforços da Unicentro e da Prefeitura na preservação desse patrimonial cultural e intelectual”.
No entanto esses locais ainda têm poucas visitas comparado a outros espaços de lazer, como cinemas e parques. Por muito tempo, os museus eram restritos e elitizados, mantidos por pessoas com algum poder aquisitivo. Maurício explica que o lazer em espaços culturais, não raro é tido como “não lazer”, pela maior parte da população. “Isso em parte devido a sistema educacional e em parte porque Museus são tidos, frequentemente, como local de coisas velhas”.
RELEVÂNCIA SOCIAL
Contudo esses espaços representam grande importância na sociedade. É neles que as pessoas podem visitar o passado e entender fases da história.
É onde se aprende nossa história, nossas origens, onde aprendemos quem somos. Nos museus está parte de nossa identidade social, econômica e nossa cidadania.
Dessa forma, não só o Museu de Ciências Naturais como todos os centros históricos de Guarapuava e Região representa um fragmento do mundo. Como finaliza o professor, no espaço no Museu anexo ao Parque das Araucárias há peças de todos os continentes expostos em salas temáticas.
Além disso, o visitante é acompanhado por estudantes que procuram demonstrar a importância de cada uma das peças na vida das pessoas. O horário de funcionamento do Museu é de terça a domingo, incluindo feriados, das 9h às 12h e das 13h às 17h.
MUSEU DE GEOCIÊNCIAS NO CAMPUS DE IRATI
Outro museu que abriga a história da Região fica em Irati, no Campus da Unicentro. O Museu de Geociências que havia fechado para revitalização reabriu. No entanto, devido a pandemia do novo coronavírus, o acesso ao local está sendo limitado. Dessa forma, no máximo 10 pessoas podem visitar o espaço desde que haja agendamento antecipado. Cada grupo de visitantes pode permanecer no ambiente por até 20 minutos.
De acordo com a Universidade, o Museu passou por revitalização completa. O intuito é proporcionar mais segurança às coleções. Assim como promover políticas educacionais relacionadas ao acervo, que dispõe de aproximadamente quatro mil peças catalogadas. Os itens originários principalmente da Região fazem do museu um patrimônio histórico e cultural.
Conforme a coordenadora do Museu de Geociências da Unicentro, Ana Maria Charnei, o espaço atua na promoção de atividades extensionistas, inclusive em parceria com escolas de Irati e municípios vizinhos.
Essa interação com a comunidade faz parte do papel socioeducativo desse espaço cultural, contribuindo para a preservação da fauna e do conjunto paleontológico regional e para a promoção do patrimônio cultural e natural como recurso educacional.
ACERVO
O Museu de Geociências da Unicentro dispõe de um acervo diversificado. A coleção de vertebrados e invertebrados, por exemplo, reúne espécimes representativos da fauna regional, incluindo animais taxidermizados, que é a antiga arte de empalhar animais mortos com o intuito de conservar as características das espécies. Além disso, na área de paleontologia, o museu expõe rochas e fósseis, alguns coletados no próprio campus da Unicentro.
HISTÓRIA
Conforme a Unicentro, a casa que abriga o museu foi doada à Unicentro em 1994. Com arquitetura popular de madeira do Paraná, têm influência da imigração europeia e destaca suntuosos adornos em lambrequins, ou seja, recortes pendentes feitos de madeira que circundam toda a construção.
A casa pertencia à família Anciutti, descendente dos primeiros colonizadores italianos que chegaram naquela Região, no início do século passado. De acordo com a família, a construção casa ocorreu em 1907, na comunidade de Riozinho. No entanto acabou sendo trasladada para o bosque da Unicentro em 1998, para receber os artefatos do museu.
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