A história é simples: um carro a venda por um preço ótimo, mais de 60% abaixo do valor. Quem vai recusar? O anúncio do vendedor no grupo do Facebook era claro e atraente. Inclusive, ele garantia “motor zero, carro que não ‘bebe’ e não ‘fuma'”.
Foi assim, que o Fábio (nome fictício) acabou viajando até Pitanga para buscar o novo ‘bebê’. Encantado pela VW Parati G3 à venda, era uma oportunidade perfeita. Isto porque, o preço de mercado do modelo era de R$ 18 mil e o vendedor querendo ser ‘parceiro’ iria aceitar R$ 11,5 mil via pix.
Cerca de 89 quilômetros não é muito longe para não perder a oferta, por isso Fábio chamou o pai dele para o acompanhar na compra. No entanto, o vendedor deixou um recado, o carro estava com um ‘compadre’ e não era para o Fábio contar para ele quanto estava pagando na VW Parati. O segredo deixou Fábio em alerta, mas não seria difícil. Contudo, quando chegou para falar com o ‘compadre’ do vendedor viu que se tratava de um idoso que aguardava por um casal de Ponta Grossa.
Ele [vendedor] disse para o proprietário que entregaria o valor para ele no sábado. Pra mim, ele falou que não precisa se preocupar com documentos nem nada. O ‘cara’ falou pra eu ir e se gostasse, eu já podia voltar com o carro, era só fazer o pix pra ele que tava tudo certo. Depois eu pegava a documentação com ele.
Na verdade, o ‘vendedor’ estava enganando o Fábio e o idoso, que acreditava que o carro estava sendo vendido para um casal como parte de um pagamento de um terreno. Apesar disso, o fim da história não é tão comum do que se imagina. Em determinado momento, eles perceberam o golpe. Assim, Fábio voltou para casa sem o novo carro, mas sem perder os R$ 11,5 mil.
Entretanto, o golpista já tinha as fotos do carro do idoso e fez diversas postagens em grupos. Ou seja, o modelo ainda está à venda em vários locais com um preço atrativo. Mas não se trata do mesmo proprietário e sim, de um golpe. Um tática que está rendendo milhões pelo mundo, com anúncios de venda na internet.
‘FEBRE’ DO MOMENTO
Uma pesquisa da C6 Bank e Ipec Inteligência mostrou que 55% das pessoas das classes A, B e C com acesso à internet já sofreram alguma tentativa de golpe. Somente em Guarapuava, a Delegacia da Polícia Civil chega a registrar cerca de 200 boletins de ocorrências de estelionato por mês, sendo de 40 a 50% pela internet.
Conforme o delegado Rubens Miranda, há inúmeros tipos de golpes. Por exemplo, falso emprego, perfil falso pedindo pix, vendas falsas pelo Instagram e leilões. “Antes nós não tinhamos uma seção de estelionatos, porém se tornou um crime tão comum que hoje essa seção passou a ser a mais popular, ultrapassando até o setor de furtos e roubos”. No entanto, as novas formas de pagamento on-line dificultam que o valor da vítima seja recuperado.
Tem casos que a gente consegue recuperar o dinheiro, mas é difícil. Isto porque, eles acabam pulverizando esse dinheiro. Ás vezes é passado para conta de terceiros, de ‘laranjas’ e até de pessoas que de boa fé cedem a conta para outras, sem saber que são criminosos.
Ainda de acordo com o delegado, na maioria das vezes os criminosos não são de Guarapuava. E o que prejudica o trabalho dos investigadores é que as vítimas recorrem à delegacia quando já se passaram dias. “A orientação é sempre procurar em primeiro lugar a polícia, tem que ser rápido”.
ORIENTAÇÕES
Assim, como as pessoas andam pelas ruas tomando todos os cuidados, navegar nas redes também apresenta o mesmo perigo. Isto porque, a todo momento os anúncios tentam fisgar os usuários. Sendo que muitos deles são ‘ciladas’ que levam a vendas de produtos inexistentes, perda de contas, coleta de dados e até clonagem de chip.
Por isso, é necessário estar atento. Conforme a coordenadora do Procon de Guarapuava, Luana Esteche, algumas dicas podem ajudar a evitar dor de cabeça.
Na dúvida se é confiável, não compre. Produtos com valor muito abaixo do mercado, desconfie. O que pode nos atrapalhar é o imediatismo, faça as coisas com paciência. Por exemplo, empresas de empréstimos não pedem valor de entrada, como também, cuidar com pessoas pedindo dinheiro, mesmo que seja conhecido, pois pode ser falso.
Leia outras notícias no Portal RSN.