A distopia tornou-se um caminho usual para artistas expressarem sua insatisfação com os caminhos incertos do presente – a literatura acompanhou o lançamento de várias obras do gênero e o cinema não ficou para trás. Um bom exemplo é Cora, longa de Gustavo Rosa de Moura e Matias Mariani.
A trama de Cora se passa em 2064, quando uma dinamarquesa, cujo nome inspira o título do filme, encontra um documentário inacabado no qual Benjamim, pai brasileiro, mostra uma investigação, 50 anos antes, da história dos pais dele.
Trata-se do casal Teo, que morreu louco quando ele ainda era criança, e Elenir, uma mulher misteriosa de quem ele mal ouviu falar. Além disso, ao longo da investigação, Benjamim descobre que ambos fazem parte de um complexo quebra-cabeça familiar. Que é cheio de traumas e tabus, no qual ele começa a se ver como uma das peças principais.
O filme se inspira no livro Antônio, de Beatriz Bracher, mãe de Mariani, um desafio pois a estrutura narrativa parece própria apenas para a literatura. A solução, sugerida por Rosa de Moura, veio com a inclusão do documentário na trama. Assim, permitiu que a narrativa cinematográfica fosse também experimental, como a literária. Desse modo, ao ver um filme feito meio século antes, Cora (e os espectadores) acompanham uma caçada arqueológica por um passado misterioso, na qual formas antigas do cinema são apresentadas, como o Super-8.
*(Com informações O Estado de S. Paulo)
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