Um desabafo feito por um paciente tetraplégico mostra a situação precária do hospital São Vicente de Pitanga. De acordo com Carlos Krensiglova, depois de esperar um ano para fazer uma consulta, chegou no dia agendado e não conseguiu o atendimento. Conforme o paciente disse ao Portal RSN, ele ficou cinco horas deitado numa maca à espera do médico. No entanto, teve que retornar para casa sem o atendimento.
De acordo com o médico Eduardo Magrin Barros, diretor geral do São Vicente, o problema com Carlos foi pontual. “Em cirurgias há intercorrências e acabam atrasando os horários agendados. Isso ocorreu com esse paciente. Mas entendo que houve uma falha na recepção. Esse paciente seria prioritário por encontrar-se deitado numa maca. Mas ele já foi chamado hoje [15], consultou e fará cirurgia daqui cerca de 30 dias”.
A situação vivenciada por Carlos, no entanto, chama a atenção para um problema que não é isolado. A falta de recursos para os hospitais filantrópicos coloca pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) em situação ainda mais vulnerável. Conforme Eduardo Barros, dos 91 leitos disponíveis no hospital, o SUS ocupa cerca de 80%.
No entanto, a unidade atende um universo de 69 mil habitantes. São pacientes oriundos da microrregião que agrega, além de Pitanga, Boa Ventura de São Roque, Laranjal, Palmital e Santa Maria do Oeste. “Diariamente chegam carros desses municípios trazendo quatro ou cinco pacientes cada e de uma só vez. Isso aumenta a nossa demanda”.
Conforme o médico, desses municípios, apenas Santa Maria do Oeste e Laranjal contribuem financeiramente nessa parceria. “Os prefeitos de Palmital e Boa Ventura de São Roque se mantém reticentes, apesar das várias reuniões que fizemos”.
PROBLEMA ESTRUTURAL
Fundado em 1946, sendo gerido pela Irmandade São Vicente de Paulo, o hospital conta com 40 médicos, a maioria terceirizada. Apto a atender procedimentos de média complexidade, no entanto, há déficit mensal que flutua numa média de R$ 150 mil. De acordo com o diretor, o custo por mês gira em torno de R$ 950 mil.
“Se não fosse o repasse que é feito pela Prefeitura, já teríamos fechado”. De acordo com Eduardo Barros, o município banca cerca de 50% dos custos mensais. “Trata-se de um problema estrutural gerada pela tabela do SUS que está desatualizada há 20 anos”.
Ele cita como exemplo o valor de um parto por cesariana. “O SUS paga R$ 320 por procedimento. Mas precisamos de equipe com um obstetra, anestesista, pediatra, profissional de enfermagem. Além da medicação e outros insumos. Portanto, a conta não fecha”.
Por fim, para tentar minimizar essa situação, está sendo montada uma força-tarefa com hospitais da Região. “Vamos pressionar o Governo para que melhore o repasse feito aos hospitais”.
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