22/08/2023
Cotidiano

Preconceito e alcoolismo são problemas que afetam comunidades indígenas

Os índios brasileiros ainda são discriminados pela sociedade. A avaliação é feita pelo coordenador técnico responsável pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI) em Guarapuava, Maycon Moura. O escritório atende um universo de 3,7 mil indígenas em cinco reservas. Compõem essa jurisdição as comunidades de Marrecas (Turvo com cerca de 650 pessoas), Ortigueira, Manoel Ribas (a maior delas com cerca de 1,6 mil indígenas), Faxinal e Inácio Martins – a menor com 150 habitantes). A sede do escritório técnico continua sendo em Guarapuava, enquanto a coordenação regional após a reestruturação da FUNAI foi transferida para Chapecó (SC).
De acordo com Maycon Moura, o olhar discriminatório sobre o índio é diferenciado. “As pessoas não olham para um indígena como se ele fosse um ladrão, mas como uma pessoa preguiçosa, desocupada e que não são desejadas para uma convivência”, diz.
O fato de índios perambularem pelas ruas da cidade, como acontece diariamente em Guarapuava, ou de dormir debaixo de barracos de lona preta, à beira de um fogo, nos fundos da Rodoviária Municipal, é visto pelo chefe técnico da FUNAI como sendo uma questão cultural.
“É muito difícil conter um índio na reserva onde ele vive. Ele faz o artesanato e sai para vender. É o principal meio de sobrevivência dele”, afirma. Segundo Maycon Moura, Guarapuava é um município de passagem para índios de outras reservas da região. “lês chegam aqui, ficam uns dois dias e seguem viagem. Em Ponta Grossa temos umas 20 famílias que estão lá vendendo artesanato”, informa. “Eles são pessoas livres, não há como detê-las na reserva”.
Além do preconceito que ainda impera sobre essa parcela da população brasileira, outro problema que atinge as reservas indígenas é o alcoolismo. “É um problema de fora para dentro”, observa Maycon Moura referindo-se às reservas e ao exterior destas.
“No ano passado fizemos algumas inserções junto com o Ministério Público em alguns bares no entorno das reservas, mas é muito difícil. Existe uma lei que proíbe a venda de bebida alcoólica para indígenas não sociáveis, condição que na existe mais no Paraná”, diz. “Como um comerciante vai negar a venda de um copo de pinga? Se fizer isso, vão dizer que ele está discriminando”, observa.
Para coibir e prevenir o consumo de bebida alcoólica algumas palestras foram realizadas em escolas onde os indígenas estudam.

Cristina Esteche

Jornalista

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